sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Quase poema...ou do mesmo

Por: Fernando Calado
(Colaborador do Memórias...e outras coisas...)


 Dia de chuva e vento... regressam as memórias nesta fria tarde transmontana... talvez a neve... Montesinho...  as fragas de infindas solidões... os passadores, contrabandistas, carabineiros, o perfume espanhol, o pimento e as calças de pana... o padre que dormia com a criada... o regedor... o pobre que vem do fim do mundo... a menina Marquinhas... sempre virgem... faz penitência e só quer ir para o céu.

...desfilam as memórias no final da tarde... o  anjo das memórias sorri... 

... o Soto abre as portas... regressa o tio Alves... só quer uma caixa de lumes... e um copico  de aguardente... é só  para matar o bicho... vou-me lá... diz um palavrão contra o mau tempo e fica purificado como se tivesse ido à missa...

...cheira a polvo de meia cura, a sabão de barra e a ribeiro...

...ficam as memórias!

...e o anjo das memórias sorri!... e pousa...porque não tem mais nada que fazer, no beiral das memórias!

...chove... e chove...

...grande é a ventania...


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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