terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Um Natal... que não me esquece.


 O Natal, era igualzinho ao que é descrito nos livros e visto nos cinemas. Calor humano, expetativa pelos presentes, filhós e rabanadas e a família reunida. A família e os vizinhos. A partilha era intensa e permanente e éramos todos família, com os amores e desamores de todas as famílias.

Num Natal, o “Pai Natal” foi generoso comigo.

Para não variar era um Natal muito branco e frio. Mas isso não me impediu de ir acordar o Nuno, logo de manhãzinha, para irmos brincar aos Cowboys e aos Índios.

O “Pai Natal” tinha-me metido no sapatinho duas pistolas plásticas (daquele plástico duro), com os respectivos coldres, uma estrela de xerife e ainda uma nota de vinte escudos. Loucura completa!

E lá andávamos, eu e o Nuno, aos tiros à volta da casa. A neve ajudava a escapar aos tiros, escondíamo-nos, fazíamos simulações qual Texas Jack ou David Crocket. Com o novo equipamento estava bom de ver que eu era o Cowboy e o Nuno o Índio.

Eis quando... fora do guião, o Nuno improvisou e montou-me uma armadilha. Com uma rasteira fez-me cair e partir uma das pistolas. Injustiçado, procurei fazer justiça através da arma que todos tínhamos e usávamos, uma pedrada. Só que foi mal direccionada... e ainda bem.

Parti o vidro da janela do meu quarto. Ao olhar melhor para o efeito da minha tentativa, frustrada, de "vingança", vi o rosto do meu Pai. Não vi só o rosto, vi também o dedo indicador da mão direita dele a sinalizar que o meu próximo passo era ir a casa…

E, eu fui que remédio.

A coisa não correu muito mal, podia ter sido bem pior:

- Passa para cá os vinte paus para pagar o vidro. Como era Natal livrei-me de uma, ou duas, lambadas.

Moral da história:

Um Natal tão profícuo em prendas desvaneceu-se em minutos.

Nem pistola nem os vinte paus.

Paciência, era a vida.

Lembras-te Nuno?

Boas Festas!

HM

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