Habitantes querem travar projecto de exploração de quartzo do lado espanhol, a 150 metros da localidade.
A população de Quintanilha, no concelho de Bragança, manifestou-se, na passada quinta-feira, contra a exploração de quartzo do lado espanhol, a cerca de 150 metros da localidade portuguesa.
O projecto para a instalação de uma pedreira a céu aberto no monte do Pedroso, junto ao rio Maçãs e ao parque do Colado, já foi entregue às autoridades portuguesas, que intimaram as entidades regionais envolvidas, através da Agência Nacional do Ambiente, para se pronunciarem sobre a exploração de quartzo do lado de lá da fronteira.
A Associação Protectora Amigos do Maçãs (APAM) é uma das entidades que já emitiu o seu parecer negativo relativamente ao avanço da pedreira. “Tivemos acesso ao resumo técnico do projecto e verificamos que tem muitas falhas. Não contempla, por exemplo, a fauna e flora existente no local, nem a existência de uma localidade mesmo em frente à exploração”, constata o presidente da APAM, António Ramião.
A Junta de Freguesia de Quintanilha (JFQ) também já se pronunciou contra a exploração de quartzo junto à aldeia, por considerar que se trata de um “atentado ambiental”, que iria pôr em causa a saúde pública e a sobrevivência da freguesia.
“Todos sabemos que a exploração de quartzo implica a libertação de sílica, que provoca silicose, a doença que matou muitos mineiros. São poeiras que se propagam no ar e que as pessoas acabam por respirar”, realça o presidente da JFQ, José Carlos Fernandes.
Acresce que a pedreira seria instalada num monte onde existe um castro e é considerado de interesse cultural pelo governo espanhol e a área envolvente é Rede Natura 2000 e Parque Natural de Montesinho. “É um dos rios mais selvagens da Península Ibérica, que iria ficar totalmente poluído e as espécies de fauna e flora iriam desaparecer”, salienta António Ramião.
Investimento de cerca de 200 mil euros efectuado no Parque do Colado comprometido com a exploração de pedra
A contaminação das águas é uma preocupação para populações do concelho de Vimioso, que são abastecidas por captações no rio Maçãs, como é o caso de Argozelo, Carção, Santulhão, Matela, Avinhó e Junqueira.
Neste sentido, os presidentes das Juntas de Freguesia de Argozelo e Carção também já se manifestaram contra a concretização deste projecto. O mesmo acontece com a Comissão Política Concelhia de Vimioso do PS, que emitiu um comunicado a repudiar a exploração de quartzo no lado espanhol.
Já a Câmara Municipal de Bragança (CMB) solicitou informação adicional à Agência do Ambiente, por considerar que não foi disponibilizada documentação técnica suficiente para perceber os impactos ambientais desta exploração.
Além disso, o presidente da CMB, Jorge Nunes, lembra que o monte de Pedroso está classificado, desde 2009, como bem de interesse cultural de protecção máxima, o que, por si só, deveria inviabilizar o projecto. “Pensamos que o resultado final será o impedimento do avanço do projecto por incompatibilidade com o grau de protecção de que goza aquela zona”, conclui o edil.
Entretanto, a população de Quintanilha garante que não vai baixar os braços até conseguir travar o projecto para exploração de quartzo junto à aldeia. “Não podem destruir o parque do Colado, que recebe muitas pessoas no Verão”, afirma Agostinho Vaz, de 66 anos.
João Fernandes, de 69 anos, também está contra a pedreira. “Eles vão querer explorar com o mínimo investimento e vão matar-nos a todos”, reclama este habitante.
As pessoas de Quintanilha garantem, ainda, que vão usar todos os meios para impedir que os espanhóis avancem com os trabalhos. “Disseram-nos que aquilo será uma exploração para 40 anos. Temos que nos opôr e não deixar passar as máquinas”, assevera Maria Odete, de 82 anos.
Por: Teresa Batista
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