quinta-feira, 2 de junho de 2011

Os Cogumelos na Terra Fria Transmontana

Falar de coberto vegetal e de diversidade implica obrigatoriamente falar de macrofungos cujas possibilidades de desenvolvimento estão intimamente ligadas às áreas existentes e crescentes de arborização, porquanto os cogumelos vivem também associados às raízes de árvores, designando-se este tipo de relação por micorrizas. Estas apresentam grande importância, funcionando o micélio do fungo como reservatório de nutrientes e água para as árvores com as quais vivem intimamente. Por outro lado, algumas espécies de cogumelos silvestres que se desenvolvem no território da Terra Fria constituem um recurso de alto valor comercial dada a sua utilização na alimentação, na obtenção de medicamentos, para efeitos decorativos, em revestimentos e artesanato, entre outros.
As manchas florestais desta região são constituídas essencialmente por povoamentos de coníferas, representados na carta 12 sob a designação de pinheiros, em especial de pinheiro bravo, mas também de pinheiro larício, pseudotsuga, e cipreste do Buçaco e de folhosas, com especial relevo para o carvalho negral, castanheiro, azinheira e sobreiro. Aos povoamentos destas espécies está associada uma enorme diversidade de cogumelos, pelo que é sempre possível fazer percursos micológicos nestas áreas florestais, na Primavera e Outono. A diversidade de cogumelos está fortemente associada à temperatura e precipitação mensal, pois é sabido que nos anos em que, por exemplo, os meses de Setembro e Outubro se apresentam mais chuvosos e com temperaturas mais amenas, a abundância dos carpóforos é muito significativa.
Assim, consoante os ecossistemas podemos observar espécies de macrofungos diferentes. Destas, salientam-se as espécies comestíveis de alto valor comercial como as pinheiras (Lactarius deliciosus), os tortulhos (Tricholoma equestre) os boletos (Boletus pinophilus) nos povoamentos de resinosas (pinheiros) e, nos de folhosas (soutos, castinçais, carvalhais, sobreirais, sardoais e freixiais), as amanitas dos Césares (Amanita caesarea), as carneiras (Hydnum rufescens), as línguas de vaca (Fistulina hepatica), os boletos (Boletus reticulatus e Boletus edulis) e os cantarelos (Cantharellus cibarius). A espécie Boletus edulis é vulgarmente designada por míscaros. Ainda é possível encontrar os frades (Macrolepiota procera) em zonas de pastagem, onde o freixo está presente, bem como as famosas repolgas (Pleurotus ostreatus), vulgarmente associadas aos troncos de negrilhos ou ulmeiros, em extinção, nos troncos de freixos, sempre que a tenha humidade suficiente para permitir a sua frutificação.
A colheita de cogumelos comestíveis deve seguir regras elementares, de modo a não interferir com o ciclo de vida dos macrofungos e assegurar a sua perpetuidade, nomeadamente respeitar as espécies desconhecidas, não colher todas as espécies que aparecem, nunca misturar as espécies comestíveis com as venenosas; respeitar o seu habitat natural - lameiros, matos e floresta; não colher cogumelos que não se pense consumir, que sejam demasiado jovens e que ainda não tenham completado o desenvolvimento, a fim de permitir a dispersão dos esporos, ou demasiado velhos e, por isso, inadequados para consumo. Os cogumelos devem ser cortados e não arrancados, evitando provocar perturbação do solo adjacente para que o micélio permaneça intacto na terra; devem ser transportados de modo a evitar a sua compactação e contribuir para a dispersão dos esporos.


in:rotaterrafria.com

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