Um conjunto de iniciativas, até domingo, em Malhadas, Miranda do Douro, tem como objetivos informar e desmistificar a "animosidade" criada em torno dos lobos.
O conjunto de acções, que juntará investigadores, ambientalistas e pastores, parte da associação ALDEIA e do Grupo o Lobo, aos quais se junta a Associação de Desenvolvimento da Terra Fria Transmontana - Corane.
O lobo é uma espécie classificada como em "perigo de extinção em Portugal" desde 1990 e é protegida por lei desde 1988, sendo a única espécie nacional com uma lei própria.
"É nesta lei que o Estado se compromete a indemnizar os criadores de gado pelos prejuízos causados pelo lobo e que passa a ser proibida a caça deste predador", destacou a técnica da associação ALDEIA, Ana Guerra.
Segundo a responsável, no início do século 20, o lobo ibérico ocupava a quase totalidade de Península Ibérica, onde a sua área de distribuição tem vindo a diminuir.
"Atualmente, em Portugal, o lobo ocupa apenas 20 por cento da sua distribuição inicial e está disperso pelas zonas montanhosas do Norte e Centro do país", frisou.
Segundo os dados do último censo nacional de lobo, existem em Portugal quatro núcleos populacionais: Peneda/Gerês, Alvão/Padrela, Bragança e sul do Rio Douro, perfazendo entre 220 a 430 animais, conforme a época do ano.
"O núcleo de lobos de Bragança, o maior do país, engloba 25 alcateias das 51 a nível nacional e, por isso, conta com um efetivo populacional estimado entre os 87 e os 212 animais, dependendo da época do ano", disse a técnica.
Apesar de "maior", este núcleo populacional é o que causa um "menor impacto negativo" sobre o efetivo pecuário, dado o sistema de pastoreio tradicional e a utilização de cães de gado eficazes.
"Esta variação de efetivos, que ocorre apenas por causas naturais, levou a que muitos acreditem que se deve à libertação de lobos por entidades ligadas à conservação na Natureza. Este é um mito falso, mas muito enraizado nas populações do interior", concluiu a técnica.
in:rba.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário