Mogadouro: Câmara considera imoral que a Refer peça aos municípios que invistam no canal ferroviário

O presidente da Câmara de Mogadouro considera ser "pouco ético" que a Refer peça aos municípios que invistam na recuperação do antigo canal ferroviário da linha do Sabor, quando foi a empresa que deixou património ao abandono.
"Trata-se de uma situação imoral, quando a Refer é a única entidade responsável pelo estado de abandono e degradação das estações, apeadeiros e canal ferroviário da desativada linha do Sabor", disse Moraes Machado.
As declarações do autarca surgem numa altura em que a Refer Património tem em cima de mesa um projeto de concessão da totalidade do canal ferroviário da antiga linha do Sabor, tendo em vista a sua transformação num corredor destinado a uma via verde que englobe ecopistas e ciclovias.
O valor que a Refer Património propõe é de 250 euros por quilómetros/ano, durante um período de 25 anos, renovável, para as autarquias que queiram avançar com um projeto de uma ecopista ou ciclovia no seu território.
Também o presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta (PS) disse que a construção de uma via verde no antigo canal da linha do Sabor em nada beneficia o concelho, já que está afastado da sede cerca de 14 quilómetros.
"Não concordo com os valores apresentados pela Refer, porque são exorbitantes e o projeto apresentado em nada beneficia o concelho", frisou José Santos.
O gestor do Plano Nacional de Ecopistas da Refer, Luís Silvestre, já disse que respeita as posições de todos os autarcas a nível nacional, em particular os da região transmontana.
"Tudo faremos para consensualizar todos os interesses e vontades das comunidades locais representadas pelos seus eleitos. Porém, na realidade, pretendemos que com este projeto o património não continue abandonado", acrescentou o responsável.
A antiga linha do caminho-de-ferro do Sabor atravessa os concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo e ligava as estações de Duas Igrejas e o Pocinho.
A Refer já fez saber que a construção de uma ecopista ou ciclovia não inviabiliza a possibilidade de que, no futuro, o canal ferroviário possa ser utilizado por outro tipo de transporte.
in:rba.pt