As reservas de água para abastecimento à população de Bragança encontram-se a níveis do Verão, uma «situação inédita» que nem o município consegue perspectivar como irá evoluir se o tempo seco perdurar, segundo disse hoje o vereador do Ambiente.
«É uma situação que nunca vivemos», afirmou Rui Caseiro, explicando que o município já está a recorrer, com quatro meses de antecedência, aos sistemas alternativos, que normalmente só são accionados próximo do verão.
A barragem da Serra Serrada, a única reserva de água a que a câmara recorrer apenas também durante o Verão, ainda não está a ser utilizada, mas encontra-se apenas a «86 por cento da sua capacidade» por falta de chuva, segundo o vereador.
Rui Caseiro não consegue antever como é que a situação poderá evoluir porque nunca foi necessário gastar água dos sistemas alternativos nesta altura do ano, em pleno Inverno.
Num ano normal, a conduta provisória que transporta água directamente do rio Sabor seria suficiente para abastecer a cidade e só mais tarde, em Junho, é que o município recorreria aos sistemas de Cova de Lua e do Baceiro.
«Estamos a activar já os sistemas complementares que noutros anos só activámos em Junho», vincou.
O vereador ainda espera que se confirme, pelo menos, o ditado «em Abril águas mil», caso contrário à autarquia só restará activar o plano de contingência que contempla, em primeiro lugar, «ir buscar água onde existir (outras nascentes)», depois o transporte em camiões cisterna, como já aconteceu em Novembro, e por último o condicionamento no abastecimento à população.
Este último recurso seria «inédito» já que, segundo o vereador, «nunca aconteceu ter de racionar a água».
A autarquia deixou, entretanto de regar os jardins municipais, apesar de os sistemas de rega serem autónomos do abastecimento público, «para dar o exemplo e porque os munícipes não entenderiam que se estivesse a regar os jardins, num momento em que escasseia a água», segundo o vereador.
Em último recurso, segundo ainda Rui Caseiro, os sistemas para rega de jardins poderiam ser também utilizados para garantir água à população, se a situação de seca fosse extrema.
Em relação às aldeias, o vereador afirmou que «a situação não é grave» e que a autarquia está a «abastecer uma ou outra aldeia a título pontual, não com regularidade», recorrendo a camiões cisterna.
Segundo o autarca, estes casos devem-se «a outra razões que não a seca», nomeadamente o de Moredo, onde «a nascente fraquejou provavelmente por questões ligadas com as obras da auto-estrada» Transmontana.
A Câmara de Bragança espera que «até ao final do mês» haja uma decisão da comissão de avaliação de impacte ambiental sobre a polémica barragem de Veiguinhas, prevista há trinta anos para completar o sistema do Alto Sabor.
O empreendimento vai já com o quarto estudo de impacte ambiental e tem sido travado por sucessivos chumbos por se localizar no Parque Natural de Montesinho, uma área protegida.
Lusa
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