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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Foz Tua - Manifesto exige suspensão imediata das obras da barragem

«Manifesto pelo Tua» é o documento subscrito por 44 figuras públicas e vários grupos ambientalistas, atendendo aos «danos irreparáveis sobre um património de elevado valor social, ecológico e económico». Alexandra Cunha, presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), e João Joanaz de Melo, presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), dizem que o projecto «é inútil» e «contribuirá unicamente para 0,1% da energia do País».
Alexandra Cunha começa por explicar que as maiores preocupações da LPN, subscritas neste Manifesto, prendem-se com os danos para a região, e teme que «a EDP, que neste momento labora 24 sobre 24 horas, em Foz Tua provoque um dano tão severo que descaracterize totalmente a região e os seus valores naturais. Isto pode custar inclusivamente a classificação do Douro Vinhateiro como Património Mundial da UNESCO», alerta.

Para a responsável da LPN, está a ser realizada uma «alteração geológica de fundo» no Tua, e quanto mais avançada estiver a obra, maior será o dano. «Nós contestámos a construção desta barragem desde o início, apresentámos queixa contra o Estado na Comissão Europeia (CE) e nos tribunais portugueses. A CE encomendou um relatório que nos foi totalmente favorável concluindo que o Plano Nacional de Barragens era um desastre, mas no fim, a Comissão acabou por dizer que era ao Estado que competia a decisão final. No entanto, a CE recusou-nos acesso à sua documentação interna sobre este caso», esclarece, acrescentando que actualmente a LPN interpôs uma intimação junto do Tribunal de Justiça Europeu no sentido de a CE facultar a documentação.
A principal alternativa defendida pelas associações ambientalistas à construção desta barragem, vinca a presidente da LPN, passa por «um plano nacional de conservação de energia, de aumento da eficiência energética e de poupança nos consumos de electricidade».
«A linha de alta tensão Tua-Armamar foi agora chumbada pelo Ministério do Ambiente e a razão para isso é totalmente válida para a inviabilização da construção da barragem: impactos negativos muitíssimo significativos e não passíveis de minimização nas vertentes socioeconómicas, uso do solo, paisagem e património cultural (Douro Património Mundial). Ambientalmente esta barragem destruirá uma massa de água que já se encontra degradada, isolando os contínuos ecológicos e afectando não só a vegetação como a fauna do rio e das margens», argumenta.
Alexandra Cunha vinca que em termos patrimoniais, com a submersão da centenária linha do Tua, «esta região, que já é tão distante, ficará isolada do resto do país» e lembra que «se destruirá uma linha de comboio magnífica e historicamente muito relevante».
E pesando os custos, em termos energéticos, a barragem do Tua «é inútil» e «contribuirá unicamente para 0,1% da energia do País», diz Alexandra Cunha.
Entretanto, os subscritores deste Manifesto já solicitaram uma audiência ao Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, para discutir o assunto. «Pretendemos apresentar novamente os nossos argumentos a todos os decisores políticos, assim como ao público em geral: esta barragem não tem utilidade energética, é um desastre ambiental, uma ruína financeira (o Plano Nacional de Barragens custará 16 mil milhões de euros, e o Estado português ainda estará a pagar uma renda à EDP daqui a 75 anos, que é o contrato de concessão desta construção) e uma ameaça ao património cultural do país», alerta.
Alexandra Cunha sublinha ainda que a legislação que apoia a construção destes grandes projectos «é a garantia de potência que basicamente subsidia a capacidade de produzir energia e não a própria produção».
«Desta maneira as empresas energéticas ganham só por ser proprietárias das barragens, quer haja água ou não, quer produzam energia ou não. E assim se vão construindo mais e mais barragens em Portugal, que aumentam as dívidas públicas e privadas, não servem para nada e custam fortunas: ambientais, financeiras, sociais e culturais. Os líderes políticos têm falado constantemente de poupança, eficiência e competitividade. Urge então que parem estes “elefantes brancos” que não servem o país», conclui.
«Danos graves sobre as comunidades»:
Também João Joanaz de Melo, Presidente do GEOTA, realça que no imediato, é preocupante «a destruição irreversível de valores patrimoniais como a Linha do Tua, a de valores naturais como a fauna e flora do vale do Tua, e a séria ameaça de retirada pela UNESCO da classificação do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade».

E, a prazo, está «a destruição de um dos mais belos vales e rios de Portugal pela albufeira, a destruição de um valor turístico único e insubstituível, fundamental para um desenvolvimento local sustentável, e também o elevado que esta barragem terá para todos os portugueses, consumidores e contribuintes».
Joanaz de Melo realça que se estima que «cada kWh produzido em Foz Tua custe o dobro de um kWh gerado no actual sistema electroprodutor, e dez vezes mais que um kWh poupado através de medidas de eficiência energética».
Por isso denuncia «os danos graves e certos sobre as comunidades locais, os ecossistemas e valores patrimoniais de importância nacional e internacional».
«A albufeira de Foz Tua destruirá irreversivelmente solos agrícolas e habitats ribeirinhos raros, porá em risco espécies ameaçadas e protegidas, criará riscos adicionais de erosão no litoral devido à retenção de areias, e provocará inevitavelmente a degradação da qualidade da água», adianta.
Joanaz de Melo não tem dúvidas de que esta barragem «será o fim das comunidades já empobrecidas do Tua, e mais um golpe nas perspectivas de desenvolvimento de Trás-os-Montes, pela perda da mobilidade ferroviária e de produtos turísticos valiosos como os desportos de águas brancas e a ferrovia de montanha. Criar um emprego permanente no turismo é 11 vezes mais barato que um emprego na barragem. As migalhas espalhadas pela EDP nunca compensarão a destruição dos valores e identidade desta maravilhosa região», critica Joanaz de Melo.
Entre as 44 personalidades que subscrevem o «Manifesto Pelo Vale do Tua» estão professores universitários, profissionais da cultura, dirigentes associativos, políticos, jornalistas, empresários e dirigentes políticos.
Um dos objectivos deste documento é que o mesmo seja ainda assinado por milhares de cidadãos, sendo depois enviado ao Governo, como referido anteriormente. Até ao momento, cerca de 300 pessoas já subscreveram o Manifesto.
O documento enumera sete razões para parar a construção da barragem de Foz Tua: «não cumpre os objectivos, é inútil, caro, há alternativas melhores e um atentado cultural, ambiental e social».

Ana Clara
in:cafeportugal.net

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