Vários autarcas do Distrito de Bragança prometeram esta sexta-feira opor-se à decisão do ministro da Saúde de acabar com o helicóptero do INEM de Macedo de Cavaleiros por entenderem que vai deixar as populações desprotegidas.
\"Opomo-nos a tudo que seja retirar elementos da saúde desta região\", afirmou à Lusa o presidente da Câmara de Mogadouro, o social-democrata Moraes Machado, que reclama "humanidade e ética" nas decisões nesta área.
Para o autarca, "na saúde não se podem fazer cortes indiscriminados que vão contra as populações" e no caso deste meio aéreo lembrou que foi colocado em Macedo de Cavaleiros para servir toda a região de Trás-os-Montes "por necessidade das populações, dado as grandes distâncias a que estão dos hospitais".
O helicóptero de emergência médica "é fundamental" para o autarca de um concelho que fica a mais de 80 quilómetros do principal hospital da região, o de Bragança, o único em todo o Nordeste Transmontano com urgência médico-cirúrgica.
O meio aéreo colocado em Macedo de Cavaleiros resultou de um protocolo celebrado entre o antigo ministro da Saúde Correia de Campos, como contrapartida pelo encerramento do serviço de atendimento noturno nos centros de saúde e para tornar o socorro mais célere às populações devido às distâncias dos principais hospitais.
O protocolo foi assinado em 2008, mas só em Abril de 2010 é que o helicóptero começou a operar.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, avançou esta sexta-feira que Aguiar da Beira, Macedo de Cavaleiros e Loulé vão deixar de ter um helicóptero baseado, considerando esta questão "o menos importante", tendo em conta que, \"relativamente aos meios aéreos, o que importa assegurar é a acessibilidade em termos de tempo e a cobertura às populações.
A presidente da Câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes, promete que "os presidentes de câmara vão reunir e lutar" contra esta decisão, à semelhança do que já fizeram noutras ocasiões, nomeadamente com o anúncio do encerramento de tribunais.
Os autarcas do Distrito de Bragança juntaram-se também em diversas reuniões, no início do ano, para contestarem decisões relativamente à saúde, nomeadamente a perda de valências e um estudo do INEM que apontava para a suspensão das operações noturnas do helicóptero de Macedo de Cavaleiros alegando um reduzido número de ocorrências.
Se de facto algum helicóptero não se justifica não é certamente o de Macedo de Cavaleiros, afirmou a autarca socialista, reiterando que dos cinco existentes no país para a emergência médica é dos que tem mais saídas.
"Se querem racionalizar que o façam onde há mais recursos e não sempre no interior", afirmou.
Já o colega de Vinhais, Américo Pereira, acusa o Governo de não respeitar os compromissos, numa alusão ao protocolo celebrado com o Ministério da Saúde que garantia este meio de socorro e emergência.
A decisão de retirar o meio aéreo causa "indignação" ao autarca socialista porque "as populações vão ficar mal servidas e é uma perda para a saúde na região".
O presidente da Câmara Municipal de Aguiar da Beira, Fernando Andrade, disse à agência Lusa que foi "apanhado de surpresa" com o anúncio feito pelo ministro da Saúde.
"Fui apanhado de surpresa com a notícia, com a qual não estou de acordo, mas só me pronunciarei mais em concreto, depois de uma reunião, que será realizada nos próximos dias, com o senhor ministro da Saúde, ou com o senhor secretário de Estado da Saúde", disse o autarca social-democrata.
JN
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