Local: Bemposta, MOGADOURO, BRAGANÇA
Informante: Maria das Neves Almeida (F), 70 anos
Oube uma trubuada m~utu grande e biñãu ali à ponte e disse k’ãdaba um ome dedepidu, sem camisa. Ele disse: é así a minha sorte e bai o ome e tirou uma manta e tapou-o m~utu bem tapado e trouse-o pra sua casa e depois lá le deu umas calças e uma camisa e lá se foi ibora.
O que arrecadou terminou a si casar-se e antigamente tinham k’ir pôr a bula a Roma pra si casar kas primaz duns.
Foi-se então a Roma e quando staba ga na pubasau, chamaram-no duma zinela: - ó fulanu.
Achou pur admiração numa terá strãgaira a camarãi-nu – atãu nu me kuñees?
- Eu não.
- Atão k’anda a fazer?
- Ando a pôr uma bula k’uma prima carnal aqui ao Padre Santo.
- Isso despachemu-lu nós.
E despachou.
Deu-se ao conhecimento. Disse: - Kria star amanhã na festa, nu kria?
- Isso gustaba, gustaba.
- Eu lu faço. Chamou um:
- Amanhã há-de lá stár junto com a sua família na festa dos Prazeres. I tantas horas me pões este ome i casa?
- E tantas.
- Nu serbes.
- E tu, por quanto me pões este ome i casa?
- Por tanto.
- Nu serbes.
- E tu?
- Ponho-o lá em tantas horas
- Pois es tu ki o lebas.
Ele não bia os omes, só os oubia.
- eu dou-l’ uma mula, mas nunca diga “deus”. Bosemesé bai pelo mar fora i chigandu á sua porta, sta uma muraira: agarre-se a um galho e dê um puta-pé e dese: ala pra profunda do infernu. Tubóu-si i cima da cama.
Pela manhã, tukabau o señor (pra lubar a kumiñau a alguma criatura):
Bou-ma lebantar e bou eu a ele tamai.
Foi então a Ele. Foi-s’a be-la: era uma mulér:
- Então stáz milór?
- Olá sporaz o que me fizerãu; toda a noite me bateste.
Ela era uma bruxa, era a mula ki ele tinha montado toda a noite de Roma até cá.
Fonte:AA. VV., - Inquérito Boléu (recolhas inéditas) Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, , p.“Histórias de animais”, Resumo dos costumes e linguagem de Bemposta (Mogadouro), pp. 68-70.
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(Henrique Martins)
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sábado, 17 de outubro de 2015
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