As autarquias abrangidas pelo ramal da Linha do Tua anunciaram hoje que estão a ser chamadas a pronunciar-se sobre o processo de desclassificação desta via, pedido pela REFER e que está incluído no Plano de Transportes apresentado em março.
O pedido de pronúncia feito pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), que é quem está a coordenar o processo, chegou aos municípios transmontanos na semana passada e as autarquias têm 15 dias para tomar uma posição. A Linha do Tua chegou a ligar Carrazeda de Ansiães até Bragança, passando por Vila Flor, Mirandela e Macedo de Cavaleiros.
A agência Lusa tentou obter esclarecimentos sobre este processo junto da REFER, gestora da infraestrutura rodoviária, mas até ao momento não obteve qualquer resposta por parte da empresa pública.
A linha encontra-se suspensa desde 2008, depois de quatro acidentes com vítimas mortais.
Autarcas preocupados com falta de transportes alternativos
O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, disse à agência Lusa que está a preparar “a contestação ao pedido de desclassificação” da Linha do Tua.
A “principal preocupação” deste município é o cumprimento do protocolo assinado com a REFER e o IMTT, há um ano, com vista ao funcionamento do transporte rodoviário alternativo até à conclusão das obras de construção da Barragem de Foz Tua.
Este empreendimento vai submergir parte da linha, com a condição de ser elaborado um plano de mobilidade para a zona, que só deverá estar concluído quando a barragem estiver pronta, em 2015.
A 01 de julho, os táxis alternativos ao comboio pararam sem aviso às populações. Dias depois, o serviço foi reposto, numa solução transitória avançada pela Câmara de Mirandela e que vigorará até setembro.
A Câmara de Bragança, município ao qual o comboio não chega há muitos anos, já se pronunciou, rejeitando a desclassificação da Linha do Tua, apresentada pela REFER.
O presidente da autarquia, Jorge Nunes, afirmou, em comunicado, que o processo “não tem fundamento capaz nem está sustentado numa política de coesão e de ordenamento para o território, em especial no que diz respeito à prestação de um serviço de transporte público às populações”.
Para o autarca, os fundamentados apresentados correspondem a um somatório de episódios “que levaram deliberadamente ao encerramento da Linha do Tua e que se conjugava com uma política centralista mais vasta de abandono do território”.
Jorge Nunes defendeu que a desclassificação desta via ferroviária “não deve ser equacionada enquanto não for estudado e implementado um sistema de transporte público rodoviário integrado e adequado a zonas de baixa densidade”.
Deve aguardar-se ainda, acrescentou, pela definição de uma estratégia territorial relativa ao futuro de ligação da Linha do Douro a Salamanca e ligação do Douro a Puebla de Sanabria, onde atualmente está em construção uma linha TGV – Madrid/Corunha
Lusa

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