D. Afonso ll, concedeu-lhe o primeiro foral em 1272, que renovou no ano seguinte. Em 1512, D. Manuel l outorgou-lhe foral novo.
O topónimo, de origem árabe – Macaduron -, é uma reminiscência do domínio sarraceno no Nordeste Transmontano. Mogadouro nasce para a nacionalidade portuguesa em 1272. Em 1297, D. Dinis concedera a vila aos Templários, que por todo o concelho semearam relíquias, ainda hoje dignas de admiração, até que a Ordem de Cristo se sobrepôs àqueles, sendo esta, por sua vez, destituída pelo poderio dos Távoras, que ali implantaram novo quartel até à perseguição pombalina que os arrastou, a atrás de si a própria vila, cujo anterior grandeza jamais voltará a conhecer.Desses tempos restam ainda a torre do antigo castelo mandado construir por D. Dinis, pêro da qual se poderá ver o pelourinho, de fuste hexagonal e cabeça de quatro pontes.
Segundo, Rocha Martins, do Arquivo Nacional (1936): “É Mogadouro povoação muito antiga, ignorando-se, porém, quem foram os seus fundadores. Há quem atribua a origem dela aos romanos, os quais a teriam designado por Macaduron, que com o tempo se corrompeu em Mogadouro, nome actualmente possui e que designa esta florescente vila de Trás-os-Montes, do distrito de Bragança.
Macaduron significa – coisa fatal, inevitável”.
Mogadouro
O concelho de Mogadouro caracteriza-se por um povoamento concentrado em pequenas aldeias rurais.
Neste concelho herdeiro de uma história antiga, ainda podemos admirar muitos vestígios da presença dos povos que, pelo menos desde há 6 mil anos, o têm povoado.
Desde a fundação da nacionalidade que a importância estratégica de Mogadouro o tem presenteado, não só com estruturas defensivas, mas também com solares e palácios que ainda hoje aqui nos lembram a vida dos portugueses de séculos passados. Concessão dos Templários e posteriormente dos Cavaleiros de Cristo, muitas foram as relíquias deixadas por todo o concelho e que, ainda hoje, merecem a nossa admiração.
No concelho de Mogadouro, quase todos os edifícios religiosos de maior dimensão se integram no estilo românico, embora tardio.
Na idade Moderna, a história de Mogadouro está associada a uma das famílias mais poderosas da nobreza do Antigo Regime: os Távoras.
Domínio dos Távoras, desde o séc. XV, foi grande a riqueza deste concelho que, não fora a destruição levada a cabo pelo marquês de Pombal, muito teria hoje para nos mostrar daquele passado de opulência.
Muitos e valiosos documentos que poderiam lançar luz na história do concelho desapareceram no funesto incêndio que, em 25 de Março de 1885, destruiu parcialmente o antigo convento de S. Francisco.
No entanto, apesar de tudo, o concelho de Mogadouro é ainda detentor de um património digno de se admirar.
No séc. XVIII, o desenvolvimento da olivicultura com a consequente acumulação de riqueza, terá tido manifesto impacto nas povoações mais próximas do Douro, e na edificação de solares. Entre estes destacam-se o de Castelo Branco (Pimentéis), o de S. Martinho do Peso (Sarmentos), e outros em Mogadouro (Carvalhos Machados) e em Tó.
Fauna:
A natureza foi pródiga nesta região que integra na sua raia o Parque Natural do Douro Internacional, verdadeiro santuário europeu da águia-real e da águia-de-bonelli, do abutre-do-egipto, do grifo e da cegonha-preta. Neste cenário de excelência as espécies cinegéticas encontraram também óptimas condições para o seu desenvolvimento, sendo possível, nas épocas próprias, caçar coelhos, lebres, perdizes e javalis.
Clima:
Os invernos são, aqui, relativamente rigorosos, sobretudo na zona central do concelho, mais sujeita aos ventos do que as zonas protegidas do vale do Douro e da bacia do Sabor. O verão, relativamente curto, surge quente e seco. A primavera e o outono, frescos e bem demarcados, emprestam à paisagem a beleza das cores matizadas dos matos floridos de branco, amarelo e violáceo ou das folhosas outonais em tons de cobre e ferrugem.
População:
A população é eminentemente rural, cujas principais actividades são a agricultura e a pecuária. Aqui cultiva-se o olival e produz-se um dos melhores azeites do país. Cultivam-se também as amendoeiras, os sobreiros, as vinhas que levam ao mundo o tão conhecido vinho rosé, o trigo e algum centeio, as hortas junto às linhas de água e a castanha mais para o Sul. Na pecuária, o destaque vai para o gado bovino, actualmente sobretudo na produção de leite. Quanto à carne, salientamos a qualidade do gado Mirandês que deu origem, na gastronomia, à já célebre Posta Mirandesa. Para além do gado bovino, os caprinos e os ovinos assumem, também, neste concelho, uma relativa importância nas economias familiares, produzindo carne, lã e leite. Entretanto, provavelmente trazidos pelos mouros ou vulgarizados durante a ocupação mourisca, os burros foram, e continuam a ser, um auxiliar precioso de pequena economia rural, tanto no transporte como na lavra de terrenos de difícil acesso ou pequenos demais para justificar o tractor.
Adaptação de textos de: Domingos Marcos, Rui Cunha e Maria João Cunha
LENDA DO CASTELO DE MOGADOURO
Era uma vez, uma menina que guardava cabras e costumava ir com elas para as arribas. Enquanto tomava conta das cabras, fiava a lã, que levava na roca, e cantava.
Um dia, estando a menina sentada numa fraga, muito triste, pois o dia estava escuro e sombrio, ao levantar-se para ver onde estavam as suas cabrinhas, reparou, com grande espanto seu,
que, no outro extremo, se encontrava sentado um rapaz, já com 16 ou 18 anos. Assustou-se e ia fugir mas o rapaz, por gestos, fez com que a menina se acalmasse e continuasse junto das suas cabras.
A este dia sucederam-se outros. A menina continuou a ir com a cabrada para as arribas e o rapaz a ir para junto dela. Cada dia que passava ia-a acompanhando até mais perto da vila.
Um dia, já junto de uma das entradas da vila, o rapaz aleijou-se num prego e começoua gritar e a falar em espanhol. A menina assustou-se e desatou a fugir e o rapaz foi atrás dela. Ela entrou no largo do castelo e desapareceu por um buraco de umas escadas que lá existiam.
Os dias foram passando e as semanas também. A menina nunca mais apareceu com as suas cabras, nas arribas. O rapaz, preocupado, resolveu ir procurá-la. Chegou junto às escadas e desceu-as, uma a uma. Só parou quando viu água. Não vendo lá nada a não ser um poço, sentou-se triste, a pensar. Começou a cantar as mesmas canções que a menina cantava com as suas cabras. Eis que, de repente, a menina aparece e o rapaz, assustado, deixou-se cair para trás, dentro do poço. A menina chorou mas o rapaz nunca mais apareceu.
Diz-se que os suspiros da menina são ouvidos nas noites de luar, no outro extremo da vila, num lugar onde há outro poço.
Daí dizer-se que os poços comunicam entre si.
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