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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Mogadouro - (Concelho de Bragança)

D. Afonso ll, concedeu-lhe o primeiro foral em 1272, que renovou no ano seguinte. Em 1512, D. Manuel l outorgou-lhe foral novo.
O topónimo, de origem árabe – Macaduron -, é uma reminiscência do domínio sarraceno no Nordeste Transmontano. Mogadouro nasce para a nacionalidade portuguesa em 1272. Em 1297, D. Dinis concedera a vila aos Templários, que por todo o concelho semearam relíquias, ainda hoje dignas de admiração, até que a Ordem de Cristo se sobrepôs àqueles, sendo esta, por sua vez, destituída pelo poderio dos Távoras, que ali implantaram novo quartel até à perseguição pombalina que os arrastou, a atrás de si a própria vila, cujo anterior grandeza jamais voltará a conhecer.
Desses tempos restam ainda a torre do antigo castelo mandado construir por D. Dinis, pêro da qual se poderá ver o pelourinho, de fuste hexagonal e cabeça de quatro pontes.
Segundo, Rocha Martins, do Arquivo Nacional (1936): “É Mogadouro povoação muito antiga, ignorando-se, porém, quem foram os seus fundadores. Há quem atribua a origem dela aos romanos, os quais a teriam designado por Macaduron, que com o tempo se corrompeu em Mogadouro, nome actualmente possui e que designa esta florescente vila de Trás-os-Montes, do distrito de Bragança.
Macaduron significa – coisa fatal, inevitável”.
Mogadouro
O concelho de Mogadouro caracteriza-se por um povoamento concentrado em pequenas aldeias rurais. 
Neste concelho herdeiro de uma história antiga, ainda podemos admirar muitos vestígios da presença dos povos que, pelo menos desde há 6 mil anos, o têm povoado.
Desde a fundação da nacionalidade que a importância estratégica de Mogadouro o tem presenteado, não só com estruturas defensivas, mas também com solares e palácios que ainda hoje aqui nos lembram a vida dos portugueses de séculos passados. Concessão dos Templários e posteriormente dos Cavaleiros de Cristo, muitas foram as relíquias deixadas por todo o concelho e que, ainda hoje, merecem a nossa admiração.             
            No concelho de Mogadouro, quase todos os edifícios religiosos de maior dimensão se integram no estilo românico, embora tardio.
   Na idade Moderna, a história de Mogadouro está associada a uma das famílias mais poderosas da nobreza do Antigo Regime: os Távoras.
   Domínio dos Távoras, desde o séc. XV, foi grande a riqueza deste concelho que, não fora a destruição levada a cabo pelo marquês de Pombal, muito teria hoje para nos mostrar daquele passado de opulência.
            Muitos e valiosos documentos que poderiam lançar luz na história do concelho desapareceram no funesto incêndio que, em 25 de Março de 1885, destruiu parcialmente o antigo convento de S. Francisco.
            No entanto, apesar de tudo, o concelho de Mogadouro é ainda detentor de um património digno de se admirar.
            No séc. XVIII, o desenvolvimento da olivicultura com a consequente acumulação de riqueza, terá tido manifesto impacto nas povoações mais próximas do Douro, e na edificação de solares. Entre estes destacam-se o de Castelo Branco (Pimentéis), o de S. Martinho do Peso (Sarmentos), e outros em Mogadouro (Carvalhos Machados) e em Tó.    
            Fauna:
            A natureza foi pródiga nesta região que integra na sua raia o Parque Natural do Douro Internacional, verdadeiro santuário europeu da águia-real e da águia-de-bonelli, do abutre-do-egipto, do grifo e da cegonha-preta. Neste cenário de excelência as espécies cinegéticas encontraram também óptimas condições para o seu desenvolvimento, sendo possível, nas épocas próprias, caçar coelhos, lebres, perdizes e javalis.  
Clima:
Os invernos são, aqui, relativamente rigorosos, sobretudo na zona central do concelho, mais sujeita aos ventos do que as zonas protegidas do vale do Douro e da bacia do Sabor. O verão, relativamente curto, surge quente e seco. A primavera e o outono, frescos e bem demarcados, emprestam à paisagem a beleza das cores matizadas dos matos floridos de branco, amarelo e violáceo ou das folhosas outonais em tons de cobre e ferrugem. 
           População:
           A população é eminentemente rural, cujas principais actividades são a agricultura e a pecuária. Aqui cultiva-se o olival e produz-se um dos melhores azeites do país. Cultivam-se também as amendoeiras, os sobreiros, as vinhas que levam ao mundo o tão conhecido vinho rosé, o trigo e algum centeio, as hortas junto às linhas de água e a castanha mais para o Sul. Na pecuária, o destaque vai para o gado bovino, actualmente sobretudo na produção de leite. Quanto à carne, salientamos a qualidade do gado Mirandês que deu origem, na gastronomia, à já célebre Posta Mirandesa. Para além do gado bovino, os caprinos e os ovinos assumem, também, neste concelho, uma relativa importância nas economias familiares, produzindo carne, lã e leite. Entretanto, provavelmente trazidos pelos mouros ou vulgarizados durante a ocupação mourisca, os burros foram, e continuam a ser, um auxiliar precioso de pequena economia rural, tanto no transporte como na lavra de terrenos de difícil acesso ou pequenos demais para justificar o tractor.   
Adaptação de textos de: Domingos Marcos, Rui Cunha e Maria João Cunha

LENDA DO CASTELO DE MOGADOURO
Era uma vez, uma menina que guardava cabras e costumava ir com elas para as arribas. Enquanto tomava conta das cabras, fiava a lã, que levava na roca, e cantava.
Um dia, estando a menina sentada numa fraga, muito triste, pois o dia estava escuro e sombrio, ao levantar-se para ver onde estavam as suas cabrinhas, reparou, com grande espanto seu,
que, no outro extremo, se encontrava sentado um rapaz, já com 16 ou 18 anos. Assustou-se e ia fugir mas o rapaz, por gestos, fez com que a menina se acalmasse e continuasse junto das suas cabras.
A este dia sucederam-se outros. A menina continuou a ir com a cabrada para as arribas e o rapaz a ir para junto dela. Cada dia que passava ia-a acompanhando até mais perto da vila.
Um dia, já junto de uma das entradas da vila, o rapaz aleijou-se num prego e começoua gritar e a falar em espanhol. A menina assustou-se e desatou a fugir e o rapaz foi atrás dela. Ela entrou no largo do castelo e desapareceu por um buraco de umas escadas que lá existiam.
Os dias foram passando e as semanas também. A menina nunca mais apareceu com as suas cabras, nas arribas. O rapaz, preocupado, resolveu ir procurá-la. Chegou junto às escadas e desceu-as, uma a uma. Só parou quando viu água. Não vendo lá nada a não ser um poço, sentou-se triste, a pensar. Começou a cantar as mesmas canções que a menina cantava com as suas cabras. Eis que, de repente, a menina aparece e o rapaz, assustado, deixou-se cair para trás, dentro do poço. A menina chorou mas o rapaz nunca mais apareceu.
Diz-se que os suspiros da menina são ouvidos nas noites de luar, no outro extremo da vila, num lugar onde há outro poço.
Daí dizer-se que os poços comunicam entre si.

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