Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

BRAGANÇA


HISTÓRIA:
Com uma existência milenária envolta na bruma dos tempos, Bragança era já no tempo dos romanos uma povoação importante. Aqui se situaria Juliobriga e por aqui passava a estrada romana, referida no Itinerário de Antonino, conhecida como a VIA XVII, que ligava Braga (BRACARA), Chaves (AQUAE FLAVIAE), passava pelo Castro de Avelãs, nesta zona situar-se-ia a Mansio Compleutica e seguia para Astorga (ASTURICA). Passaria nas pontes das Carvas e de Gimonde. Em Babe existiria uma provável statione no lugar do Sagrado. De referir a existência de diversos marcos miliários, ao longo deste trajecto. Destaque também para as necrópoles dos Quatro Caminhos e do Couto, ambas em Vale de S. Francisco.
O topónimo deriva da palavra brigantia, que se transformou mais tarde, em Bregança ou Bergancia, acabando por tomar a forma actual.
Por aqui andaram os Suevos, os Godos e os Árabes. Em meados do século X durante as guerras entre cristãos e árabes foi saqueada e completamente destruída. Por esta altura os domínios de Bragança pertenciam ao conde Paio Gonçalves, irmão de Ermenegildo Gonçalves que era marido de Mumadona Dias e povoador de Guimarães.
Fernão Mendes, “O Bravo”, poderoso rico-homem da corte de D. Afonso Henriques, de quem era cunhado, reconstruiu a povoação, não no local onde tinha existido, mas um pouco mais ao lado, no outeiro de Benquerença, nas margens do rio  Fervença e dotou-a de uma fortificação defensiva.
D. Sancho I, reconhecendo a sua importância estratégica mandou reforçar as suas defesas com a construção de poderosas muralhas e com vista ao seu povoamento concedeu-lhe foral em 1187, mudando o seu nome definitivamente para Bragança.
No século XIII, durante o reinado de D. Dinis, dada a prosperidade do povoado foi construído o segundo perímetro de muralhas e foi sede de diocese, importante cargo que assumiu durante dez anos. Depois passou a integrar o bispado de Miranda do Douro, até que em 1770, o Papa Clemente XIV autorizou a formação definitiva da Diocese de Bragança, que teve como primeiro Bispo, D. Miguel Barreto de Meneses.
No reinado D. João I, em 1409, quando este rei pretendeu reafirmar a independência de Portugal perante o reino de Leão e Castela, mandou reforçar o poder defensivo do povoado construindo o poderoso Castelo de Bragança e a sua imponente torre de menagem, 34 metros de altura, obra concluída em 1439, já no reinado de D. Duarte.
No reinado de D Afonso V recebeu nova carta de lei, que a elevou à categoria de cidade.
Apesar de pertencer à poderosa Casa de Bragança e de ter sido elevada a cidade em 1464, o seu afastamento geográfico e a preferência dos Duques por Vila Viçosa, onde edificaram majestoso paço, fizeram com que Bragança pouco beneficiasse com a prosperidade dos séculos XV e XVI.
Foi palco de muitas lutas: em 1580 durante a crise dinástica, demonstrou o seu patriotismo defendendo o pretendente português D. António Prior do Crato, em 1762, foi invadida pelos castelhanos, obrigados a recuar pelas forças portuguesas comandadas pelo Conde de Lippe e mais tarde assolada durante as invasões francesas.
Actualmente é sede do distrito homónimo, de forte componente agrícola mas grande potencial turístico.
LOCALIZAÇÃO E ACESSOS:
O concelho de Bragança, localizado na província de Trás os Montes, faz fronteira com a Espanha e ocupa uma área de 1.173,9 Km2, distribuída por quarenta e nove freguesias.
As serras de Nogueira e de Montesinho marcam a orografia do concelho, todo ele montanhoso e entrecortado pelos férteis vales dos rios Sabor, Tuela, Baceiro, Rabaçal e Maçãs.
A principal via de acesso a este concelho é o IP 4, que liga Porto - Vila Real - Bragança e Quintanilha, na fronteira espanhola. 
O concelho é ainda servido pelos seguintes itinerários rodoviários:
EN 206 - Vila Pouca de Aguiar (IC 5) - Valpaços - Bouça - Bragança
EN 103 - Chaves (IP 3) - Vinhais - Bragança
EN 316 - Vinhais - Macedo de Cavaleiros (IP 4)
EN 317 - Podence (IP 4) - Vinhais - Izeda - Santulhão - Carção (entroncamento da EN 218)
EN 218 - Quintanilha (IP 4) - Outeiro - Argozelo - Carção
ASPETOS PAISAGÍSTICOS:
O concelho de Bragança, inserido numa zona montanhosa e essencialmente agrícola, brinda-nos com espectaculares paisagens de agro-pastorícia. Lameiros e terras de cultivo cerceados por frondosas matas de carvalhos, sobreiros e castanheiros, escondem bucólicos recantos nas margens dos rios que correm pelo concelho. O Baceiro, o Mente, o Maçãs, o Rabaçal, o Sabor e o Tuela tornam férteis com as suas límpidas águas os terrenos xistosos por onde passam.
A sua orografia é marcada pela presença da Serra da Nogueira e da Serra de Montezinho. Nesta última está inserido o Parque Natural de Montezinho, um dos maiores e mais ricos parques naturais do país, fundado em 1979, onde se situam duas das povoações mais típicas do concelho, Rio de Onor e Guadramil.
Do parque falamos mais na rubrica Parques Naturais.     
Os miradouros de S. Bartolomeu, de Milhão e Alto de Meixedo, bem como as típicas aldeias de Rabal, França, Rio de Onor, Montezinho e Guadramil, com as suas casas de xisto, telhados normalmente formados por placas de lousa, ou colmo, e varandas de madeira, constituem alguns dos belos locais que abundam no concelho.
Aqui ainda se manejam os velhos teares e se destilam fortes licores. E os fumeiros
As igrejas, quase todas elas de origem medieval e de traçados românicos, com os seus portais envolvidos por arquivoltas decoradas com bolas salientes, à sombra de características torres sineiras, são marcas do forte sentido religioso dos habitantes locais.
Cruzeiros e pelourinhos, um pouco por todo o concelho são símbolos da autonomia sempre sentida por estas gentes.
Os pombais, um pouco disseminados por toda a região, são construções típicas de arquitectura rural e elementos importantes da economia doméstica.
A cidade de Bragança é por si só um importante atractivo turístico, quer devido à monumentalidade quer devido à qualidade dos serviços que lhe estão adstritos.
IGREJAS E MONUMENTOS:
São importantes e dignos de registo, as ruínas do povoado castrejo de Castro de Avelãs, do castro de Gimonde, do castro de Ciragata, na aldeia de Parada, ou do castro de Sacóias, na freguesia de Baçal, testemunhos da primitiva ocupação humana destes territórios.
A Mamoa de Donai, a ponte medieval da Frieira, a atalaia da Candaira, em Baçal, os castelos de Rebordãos e o de Outeiro, são monumentos que requerem um pouco da nossa atenção.
As muralhas do Castelo de Bragança, construídas por Fernão Mendes, no século XII, acrescentadas por D. Dinis e concluídas no reinado de D. João I, que lhe dão o carácter de imponente fortaleza gótica. O castelo é um quadrilátero com torres cilíndricas. A torre de menagem, imponente nos seus 34 metros de altura a contemplar a paisagem circundante, é uma construção defensiva de estilo gótico, do século XV. Apresenta elegantes janelas ogivais, seteiras e ameias. Nos cantos, quatro guaritas cilíndricas. Cisterna. Abóbada. Dois andares intermédios e o terraço com magníficos horizontes. Nas paredes da torre, o escudo de Avis e variadas siglas dos pedreiros, que participaram na sua construção.
A cidadela, vasto conjunto amuralhado, com quinze poderosos cubelos e a vestuta Torre da Princesa, de origem desconhecida e protagonista de numerosas lendas entre as quais a dos amores de uma moura e de um cristão.
A Domus Municipalis, edifício pentagonal irregular de estilo românico e origem controversa, a quem alguns autores atribuem origem grega, outros romana, embora a datação mais precisa a situe nos séculos XII-XIII, é uma curiosa construção que servia como cisterna e sala de reuniões, primeiro dos homens-bons e mais tarde do concelho municipal. É o "ex-libris" da cidade, edifício de características únicas na Península e o monumento mais visitado e conhecido de toda a região. Apresenta cornija assente em modilhões historiados e uma fiada de janelas de arco abatido em todo o perímetro. Uma bancada acompanha as paredes, certamente para assento dos munícipes. Pavimento lajeado. Cisterna no piso térreo, com abóbada de canhão.
O edifício e jardins do antigo Paço Episcopal, onde hoje funciona o Museu Abade de Baçal.
A Igreja dos Padres Jesuítas, hoje Sé de Bragança, fundada no século XVI por D. Teodósio, duque de Bragança. Foi entregue aos Jesuítas nesse mesmo século. Apresenta um portal renascentista, frontão, nicho com imagem da Virgem e do Menino. Galilé, janelas renascentistas e abóbada. Claustro quadrangular renascentista. A capela-mor com abóbada gótica, talha dourada e alfaias de prata de origem barroca. A sacristia com tecto apainelado, pinturas, talha e imagens de São Francisco de Assis e Santo Inácio de Loiola.
A Igreja de Santa Clara, integrada em convento edificado no século XVI, apresenta um pórtico renascentista, um interessante tecto com pinturas do século XVIII, capela-mor com abóbada de berço, arco cruzeiro e variada talha dourada.
A Igreja de S. Bento, também integrada em convento edificado no século XVI, com tecto de madeira pintada, capela-mor com tecto mudéjar e talha dourada, do século XVIII. Interessantes altares laterais com talha dourada. De referir que por trás da sua fachada renascentista se escondem frescos da Sagrada Família realçados pela profunda perspectiva que proporcionam as suas janelas e colunas simuladas, que também são na verdade pinturas.
O Convento e Igreja de S. Francisco, um dos edifícios religiosos mais imponentes da região, de origem românica e cuja fundação a tradição atribui àquele santo aquando da sua visita a Portugal e onde estacionou a Rainha Santa Isabel quando da sua vinda de Aragão, para o casamento com D. Dinis.
A Igreja de S. Vicente, reconstruída no século XVII, sobre vestígios românicos do século XIII. Encontra-se decorada por profusa talha dourada e pelos famosos painéis de azulejos onde se representa o General Sepúlveda exortando o povo a lutar contra as invasões napoleónicas. Segundo a tradição aqui teriam casado clandestinamente D. Pedro I e D. Inês de Castro.
A Igreja de Santa Maria, monumento românico do século XII, a que a remodelação efectuada já no século XVIII conferiu estilo barroco. Apresenta imponente fachada renascentista, flanqueada por duas colunas salomónicas decoradas.
Da mesma época a cidade de Bragança guarda ainda a capela da Misericórdia, o cruzeiro frente à Sé e as casas nobres dos Calaínhos, dos Arcos, dos Sepúlvedas, dos Vargas e dos Teixeiras.
O Palacete dos Calaínhos, casa nobre do século XVIII, na Praça da Sé, em frente à Catedral de Bragança. Pertenceu ao General João Sarmento Pimentel e é um edifício de planta rectangular com nove portadas. Destaque para a pedra de armas situada na portada central e os nove balcões de ferro situados no seu primeiro andar.
O Mosteiro de Castro de Avelãs, notável construção de estilo românico datada do século XII. Poderá ter sido um antigo mosteiro Beneditino, com origem no século X. Teve grande importância no povoamento da região e dependeu até 1218, do abade espanhol daquela Ordem. Aqui se hospedou o duque de Lencastre, em 1387, antes do seu encontro com D. João I. Da igreja apenas restam a abside e absidíolas. Apresenta uma estrutura em semicírculos de tijolo, com janelas cegas de arcos abatidos e abóbadas. É um raro exemplar da arte medieva.
As Igrejas do Santo Cristo e a de Nossa Senhora da Assunção, ambas na freguesia do Outeiro e a de São Vicente em Quintanilha entre muitas outras, juntamente com as muitas capelas existentes, em especial a Capela da Hera, na freguesia de Espinhosela e a Capela / Santuário de Nossa Senhora da Ribeira em Quintanilha, reportam-nos para um roteiro religioso de cariz único e inesquecível.
Os pelourinhos, tão disseminados um pouco por todo o concelho, a atestar a sua importância medieva. De referir os de Outeiro, Rebordaínhos, Frieira e Sanceriz, na freguesia de Macedo do Mato, Gostei, Failde e Carocedo, na freguesia de Failde, Rebordãos, Vila Franca de Lampaças e entre estes, o pelourinho da Cidade de Bragança, assente numa figura zoomórfica, provavelmente da Idade do Ferro, o “berrão”, estátua totérmica e ídolo do antigo culto do porco, muito divulgado em Trás os Montes.
Os cruzeiros, marcas da religiosidade local, surgem-nos aqui e ali na singularidade e beleza da sua construção granítica, bem representados pelo Cruzeiro da Cidade e pelo da freguesia de Outeiro.
MUSEUS:
Bragança dispõe de alguns espaços museológicos onde encontramos valioso património cultural e artístico não só da região mas de toda a província transmontana.
Museu do Abade de Baçal, instalado no edifício do antigo Paço Episcopal, possui valiosíssimo espólio integrando peças de arqueologia, epigrafia, lápides romanas, mobiliária, arte sacra, pintura, escultura, etnografia, artesanato e numismática, de grande valor documental, artístico e histórico. Destaque ainda para a sua notável colecção de máscaras.
Museu Militar de Bragança, localizado na Torre de Menagem, tem colecções de material bélico, de variados períodos, desde a Idade Média, até aos nossos dias. Foi criado em 1932, pelo Coronel António José Teixeira, então comandante do Regimento de Infantaria 10 a partir da recolha de diversas peças oriundas das campanhas de África e França, (1ª Guerra Mundial). Funcionou no terceiro piso da Torre de Menagem até 1958, ano em que com a extinção da unidade militar, todo o seu espólio foi transferido para o Museu Militar de Lisboa. Regressou à sua origem em 1983, tendo sido inaugurado a 22 de Agosto desse ano e passa a ocupar toda a Torre de Menagem e o recinto amuralhado que a rodeia. Aqui é possível saber mais sobre a luta contra Gungunhana, a Primeira Grande Guerra e a Guerra do Ultramar.
Museu Ibérico da Máscara e Traje, inaugurado em Fevereiro de 2007, está instalado num antigo edifício recuperado para o efeito, em pleno coração da cidadela. Resultou de um projecto de cooperação transfronteiriça entre as vizinhas regiões de Bragança e Zamora, com o objectivo de perpetuar a tradição dos rituais populares. Do seu espólio fazem parte máscaras e trajes habitualmente usadas pelos rapazes da região nas suas manifestações e festas tradicionais.
Existe ainda uma Secção do Museu da C.P., instalada no edifício da antiga estação de comboios, com carruagens e locomotivas do século XIX.
FESTAS, FEIRAS E ROMARIAS:
O Feriado Municipal no concelho de Bragança celebra-se a 22 de Agosto e coincide com os festejos em honra de Nossa Senhora das Graças. Estes festejos que se realizam a 21 e 22 de Agosto, começam com uma feira franca, têm arraiais populares, fogo-de-artifício e terminam com uma solene procissão festiva.
Entre as diversas feiras que acontecem um pouco por toda a região merece destaque a Feira das Cantarinhas que se realiza em Bragança, de 1 a 3 de Maio. Esta feira tem origem medieval e era a mais concorrida da região pelas suas tradicionais características. Era aqui que se compravam, as cântaras de barro que no campo acompanhavam os trabalhadores com a água fresca, as cantarinhas que se ofereciam aos namorados e se comiam as primeiras cerejas do ano. Também muito concorridas são as feiras de Bragança a 3, 12 e 21 de cada mês. Das muitas romarias que por todo o concelho se vão realizando ao longo do ano destaque para as festas em honra de Nossa Senhora da Ribeira, em Quintanilha.
ARTESANATO:
Cestaria, artigos de vime e verga, esteiraria, mobiliário, imagens de madeira, tecelagem, tecidos de lã e de linho, capas de lona, mantas, alforges, tapetes, artigos de cobre, olaria, pirotecnia e o fabrico de navalhas constituem a variada e riquíssima produção artesanal do concelho.
O artesanato tradicional da região, produzido ainda em muitas aldeias do concelho, continua a manter o cariz utilitário que sempre teve, continuando a ser produzidos objectos úteis e funcionais, tanto relacionados com actos festivos, como à própria decoração e utilização diária.
GASTRONOMIA:
São evidentes os pratos regionais profundamente ligados à principal actividade económica local, a agricultura. Assim o fumeiro, com as suas alheiras (também conhecidas por tabafeias), o presunto, o salpicão e o butelo, são dignos representantes de uma cultura de subsistência, farta e rica e de inigualável sabor. Mas também a carne de porco assada ou estufada com castanhas, o leitão “torradeiro”, o cozido e a feijoada à transmontana, os bifes de presunto de cebolada, o salpicão assado com grelos cozidos e o butelo com vagens secas de feijão, também conhecidas por cascas ou casulas, entram dignamente em qualquer mesa ou convívio báquico.
Dos seus férteis campos vêm as batatas, as tronchas de couve penca, o repolho, as nabiças,  as casulas e as rabas, que “ajeitam” qualquer iguaria, mas também a  vitela e o cabrito. O cabrito de Montesinho assado no forno e a carne de vitela assada na brasa, são iguarias dignas de mesa real.
Juntemos-lhe os saborosos pratos de caça: perdiz, coelho, lebre e javali, em caldos ou estufados ou ainda as trutas que povoam as águas selváticas das muitas ribeiras e preparadas das mais diversas maneiras.
A doçaria é variada e composta por filhós, orelhas-de-abade, súplicas e os doces de ovos com amêndoas.
Não podemos esquecer duas das jóias da gastronomia do concelho; os folares (pão de ovos recheado de enchidos) e o pudim de castanhas.
LENDAS E TRADIÇÕES:
O Concelho de Bragança é fértil em lendas. Referimos algumas das mais tradicionais:
Lenda da Torre da Princesa
“Quando a cidade de Bragança ainda era a aldeia árabe de Benquerença, existia uma princesa bela e órfã que vivia com o seu tio, o senhor do Castelo. A princesa apaixonou-se por um jovem guerreiro, nobre, mas cristão e pobre, que também a amava, e que tinha partido para procurar fortuna, prometendo só voltar quando se achasse digno de a pedir em casamento. Durante muitos anos a princesa recusou todas as propostas de casamento até que o tio resolveu forçá-la a casar-se com um nobre cavaleiro árabe, seu amigo. Quando a jovem foi apresentada ao cavaleiro, decidiu contar-lhe que o seu coração era do homem por quem esperava já há dez anos, o que encheu de cólera o tio que resolveu vingar-se. Nessa noite, o senhor do Castelo disfarçou-se de fantasma e entrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa, disse-lhe que esta seria condenada para sempre se não acedesse a casar com o cavaleiro árabe. Quando estava a ponto de a obrigar a aceitar o casamento, a outra porta abriu-se e, apesar de ser de noite, entrou um raio de sol que desmascarou o falso fantasma. A partir de então a princesa nunca mais foi obrigada a quebrar a sua promessa e passou a viver recolhida numa torre que ficou para sempre lembrada como a Torre da Princesa. As duas portas ficaram a ser conhecidas pela Porta da Traição e a Porta do Sol”.
Lenda de Montesinho
Diz a lenda que em tempos antigos um conde poderoso se assenhoreara da serra de Montesinho, Concelho de Bragança, na parte tocante ao termo de Soutelo da Gamoeda, incomodando muito a gente deste povo e vedando-lhe o pastoreamento dos gados, o que levou os seus habitantes a pedir auxilio a sete aldeias vizinhas, que efectivamente o prestaram, expulsando o intruso.
Em paga, os de Soutelo concederam aos povos auxiliares o direito de pastoreamento na serra. Parece que a expulsão do conde não foi somente pelo direito da força, porque, segundo a mesma lenda, ele não podia ser obrigado a levantar mão da presa se tivesse a casa completamente mobilada; notou-se, porém, que lhe faltavam as barilhas e teve de sair. Entre os povos auxiliares ia também este nosso de Baçal, e ainda hoje se mostra na serra um montão de pedregulhos, que dizem ser as ruínas da curriga ou cortelho, onde pernoitavam seus gados.
Os moradores da Carragosa não quiseram ajudar os de Soutelo, ao que parece por estarem ou quererem relacionar-se com o conde, e por isso desde então, segundo a mesma lenda, ficaram conhecidos pelo apodo de Fidalgos da Carragosa, pela petulância metediça de, sendo plebeus, se arrogarem intimidades com um grande e fidalgo.  
O Encontro de Duas Santas
Corria o ano de 1282. No dia 12 de Fevereiro realizava-se em Barcelona, por procuração o casamento de D. Isabel de Aragão com D. Dinis, rei de Portugal.
Formou-se então uma comitiva para trazer a futura rainha para Portugal.
Atravessada a linha divisória de Espanha e Portugal, aqui formada pelo rio Maçãs, resolveram fazer uma pausa para descansar, e foi aí que a rainha recebeu pela primeira vez saudações de gente portuguesa.
Esta pausa foi feita junto a ermida de Nossa Senhora dos Prazeres, entre Outeiro e Quintanilha.
Conta a lenda que uma luz cintilante veio iluminar uma inocente pastorinha muda de nascença.
Nossa Senhora tinha descido do céu à terra para lhe oferecer a fala e a graça do seu olhar.
O milagre realizou-se a meio do século XIII
O aparecimento da imagem da Senhora à pastorinha, foi num dos dias do reinado de D. Afonso III, três decénios antes de ali descansar e repousar a rainha esmoler, que um dia havia de transformar o pão em rosas. A notícia do milagre correu célere pelos termos circunvizinhos, e chamou ao local um grande número de devotos.  E foi aí, junto daquela ribeira, no lugar em que a Virgem baixou do céu para falar à pastorinha, que o povo ergueu uma tosca ermidinha.
Nesse pequenino santuário deu-se o encontro de duas santas. A Rainha Santa ajoelhou-se aos pés da Nossa Senhora da Ribeira.
“Era uma Santa escutando o que a outra Santa dizia”
Eram horas da partida para Bragança. Porém, antes de abandonar o pequenino templo, com os olhos postos no altar, prometeu solicitar de seu marido e rei a mercê de ser transformada em amplo templo e modesta capelinha de Nossa Senhora dos Prazeres.
Foi assim que erguido em curto prazo o actual templo onde se venera a miraculosa Senhora, a Rainha Santa Isabel deixou o seu primeiro beijo à terra portuguesa.
Terra de arreigadas tradições, bem presentes no dia a dia das comunidades locais, continua a sua vivencia comunitária, quer no aproveitamento dos baldios, quer em acções mais particulares como a utilização do forno ou da forja do povo. No seio familiar o rigor das noites frias de Inverno continua a ser passado à lareira, em longos serões que reúnem família e amigos, onde se conversa, se contam histórias de outros tempos e cozem ou assam castanhas.
As suas manifestações culturais são típicas e curiosas e disso são exemplo as Festas dos Rapazes e a Festa dos "Caretos" ou Máscaras.
Na sua característica etnografia realça a importância dos grupos de gaitas de foles, especialmente os das aldeias de Aveleda, Babe, Baçal, Caravela, Deilão, Palácios, S. Julião de Palácios, Sacoias, Varge e Vila Meã. Mas importante é também a genuína relevância dos cantares espontâneos, que aconteciam em grupo, quer nas lides do campo quer ao serão. De referir a existência de dois grupos organizados um em Babe e outro em Baçal, dignos interpretes dessa genuína manifestação cultural e tão tradicional. De referir ainda a existência de muitos tocadores a solo e dos mais variados instrumentos: realejo, guitarra, concertina entre vários outros, que durante anos a fio foram animadores de tantas festas populares da região.

in:destinoportugal.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário