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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 28 de maio de 2013

COELHO, em Comeres Bragançanos e Transmontanos

“A desenterrar maçãs ainda por cima!?
– exclamou o coelho todo zangado – “
[in Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol]

O coelho de Alice, os coelhos ternurentos dos contos e lendas granjearam um enorme capital de simpatia que leva miúdos e graúdos a não suportarem a ideia de os coelhos verdadeiros serem considerados praga em determinados territórios dada a sua proliferação, e também, quer bravos ou domésticos proporcionarem a elaboração de substanciosos pratos.
Símbolo da fecundidade, os latinos chamavam-lhe cunículus, de onde precede o termo connil que os designava até ao século XV, acabando por se impor a palavra coelho ou láparo (lapparo) de origem ibero-românica.
Apício no De Re Coquinaria não o esquece, de resto foram os romanos os primeiros a apreciarem e exaltarem o valor culinário dos coelhos, tendo-os disseminado pelas ilhas mediterrânicas. Os tratados medievais também não o ignoram, na Alemanha está associado aos pratos da Páscoa, podendo-se afirmar sem receio de desmentido que a sua criação em Portugal principiou há séculos, topónimos o confirmam, por exemplo: Coelhadas, Coelhal, Coelheira, Coelheiras, Coelheiro, Coelheiros, Coelho, Coelhos, Coelhosa, e Coelhoso (esta última localidade no concelho de Bragança). Na sociedade medieval e moderna os coelhos domésticos originaram uma respeitável diversidade de pratos, as peles dada a intensa procura proporcionavam receitas bem úteis às economias caseiras.
Todas raças do coelho doméstico derivam do coelho bravo bem mais saboroso, chegaram à Península Ibérica por volta de 1100 a.C., vindos de África, assim o testemunham vestígios encontrados em escavações arqueológicas.
A carne do coelho bravo rija e menos gordurenta resulta eficazmente enquanto assada, grelhada ou salteada, a do coelho manso é mais apta para canjas, guisados, estufados, assados no forno, cozida ao vapor, frita e componente de pratos de arroz, massas, empadas, pastelões, pastéis, patés e terrinas. As cozinheiras na ânsia de concederem ao coelho doméstico um certo sabor a monte, introduzem pequenas quantidades de carqueja na preparação da branda carne, não desdenhando de a incluírem na confecção dos pratos. A idade do coelho é factor a ter em conta quando se cozinha, os jovens devem ser objecto de cozeduras rápidas, já os velhos reservam-se para guisados em cozeduras lentas, devendo previamente serem objecto de marinadas onde os líquidos a empregar – vinho e vinagre – sejam de qualidade. A carne do coelho aceita agradavelmente o alecrim, o alho, o orégão, a pimenta, o tomilho e a salsa, o mesmo em relação à mostarda, toucinho, e as alcaparras em molho. Nas terrinas (preparados quase à base de carnes misturadas) liga bem com sangue de porco.
O coelho de tamanho médio deve ser cortado em seis pedaços: as duas patas da frente, as duas coxas, o corpo cortado em dois. O fígado assado ligeiramente é excelente sozinho, ou na companhia de saladas, picado entra na composição de molhos variados. 
A composição do quadro alimentar das comunidades bragançanas tinha no coelho sólido aliado, dada a abundância de caça e a criação doméstica. Actualmente escasseia o coelho bravo, mas não faltam coelhos resultantes da produção industrial à altura de abastecerem os mercados de maior densidade populacional.

Comeres Bragançanos e Transmontanos
Publicação da C.M.B.

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