As casas antigas de várias aldeias são o motivo de uma nova rota turística ibérica que se propõe mostrar e promover a arquitectura tradicional ao longo da fronteira entre Bragança, em Portugal, e Castela e Leão, em Espanha.
A nova rota resulta do projecto transfronteiriço BioUrb, que durante quase três anos envolveu técnicos e entidades dos dois países no estudo e levantamento da arquitectura tradicional e do exemplo que representa no aproveitamento de materiais e soluções ambientais a partir das realidades locais.
A rota turística é o aspecto mais lúdico deste projecto, como afirmou Felipe Romero, arquitecto do Instituto da Construção de Castela e Leão, que acredita que servirá para «levar gente a estas zonas e para que as populações olhem para as casas tradicionais de forma diferente».
A nova proposta turística alia a arquitectura a outros elementos como monumentos e a própria paisagem e propõe quatro itinerários que vão de Bragança a Mogadouro e de Zamora a Salamanca.
Os itinerários da Rota Transfronteiriça da Arquitectura Tradicional já se encontram sinalizados e os potenciais visitantes dispõem de informação na Internet sobre os sítios e os atractivos a visitar.
Aqueles que fizerem esta rota vão também conhecer um conjunto de cerca de 60 edificações antigas que foram inventariados como das «mais interessantes do ponto de vista do comportamento bioclimático, da adaptação às condições do território».
Uma das aprendizagens que a arquitectura contemporânea pode tirar da tradicional, segundo o arquitecto Felipe Romero, é precisamente que «era mais amiga do ambiente, as pessoas eram mais respeitadores do ambiente porque utilizavam materiais da zona e porque deram uma resposta ao clima da zona».
As sociedades modernas «acostumaram-se a resolver o problema com soluções de tecnologia, como o ar condicionado, mas a troco de uma factura energética onerosa e de uma repercussão ambiental grande», acrescentou.
«Os antigos resolviam o problema de outra maneira: com um elemento vegetal, como uma arvora de folha caduca que nos permite ter sombra no verão e no inverno não tira o sol porque perde a folha», especificou.
As largas paredes de pedra serviam também esse princípio e ofereciam uma solução mais duradoura de construção.
As técnicas dos antigos «não resolvem tudo, mas é importante aprender com eles», sublinhou, adaptando-as às exigências de conforto actuais.
O Projecto BioUrb serviu até agora, sobretudo, para sensibilizar e formar profissionais e outras entidades ligadas ao sector da construção e planeamento e resultou na publicação do Manuel para a Conservação e Reabilitação da Diversidade Bioconstrutiva.
Um documento «útil para quem faz planeamento urbanístico» como admitiu Hernâni Dias, da Câmara de Bragança, que adiantou que o projecto entrará agora numa fase de sensibilização mais alargada a toda a população.
Uma exposição com exemplares do que existe e pode ser aproveitado foi inaugurada hoje em Bragança e vai percorrer as diferentes localidades da área de abrangência do projecto.
in:cafeportugal.net
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