O nosso conterrâneo, Henrique Pedro, escreveu nos últimos anos três bons romances: «Códice da Pátria Luanca», «Cruzes de Guerra» e «O Resgate dos Justos da Terra». Do primeiro, que nunca li, chegaram-me as melhores referências. O «Cruzes de Guerra» tive o prazer de ser eu a apresentá-lo em Mirandela e dei a conhecer aos leitores a minha agradável surpresa de um romance bem concebido e com um enredo apelativo.
O autor teve a gentileza de me fazer chegar este seu mais recente livro e que novamente me surpreendeu. São mais de 311 páginas que se lêem com entusiasmo, editado pelo autor na sua «Prosa y Poesia» e com sugestivas fotos da capa reproduzindo uma das pinturas do tecto da Capela Sistina, em Roma, de Miguel Ângelo, sobre o Juízo Final.
O escritor preocupa-se com a vida no Além, como já o tinha feito no romance anterior. Mas, «O Resgate dos Justos da Terra» puxa o correr da sua trama para bem perto da terra onde vive e tem as suas raízes. A acção e o enredo decorrem maioritariamente no coração da Terra Quente, no eixo Mirandela-Bragança, abrangendo outros concelhos da região, ultrapassando fronteiras até Valladolid e à Casa Branca, em Washington.
É o completar de uma «trilogia», como diz o ilustre crítico literário mirandelense, Jorge Golias, apresentando-se, assim, como um romancista de fôlego. Henrique Pedro é, ainda, um poeta de qualidade que se prepara para lançar mais dois livros de poesia.
Avisa que só deve ler o livro quem o fizer desapaixonado e sem preconceitos.
Claro que aqui entram americanos para haver uma intervenção justa, moralizadora ou de descoberta. E já agora a força da Nato que é quase a mesma coisa.
Um romance discreto na Casa Branca em que o centro da acção se situa próximo da Ponte de Valtelhas, com o coração cósmico no IEIE (Instituto de Energias e Interfaces Espirituais) numa «gruta inexpugnável», «onde estão depositadas as derradeiras esperanças de paz na Terra e Salvação da Humanidade».
O móbil do romance poderá ter alguma motivação no facto de o escritor ter feito parte dum elenco autárquico mirandelense, meio que bem conhece e que critica com tanto azedume. Algumas das personagens deste romance, já vêm do livro anterior, podendo colocar-se o autor como o personagem Daniel Vaz e Manuel Maldonado (influências de estudante em Chaves e de Terras de Monforte de Rio Livre) faz de Presidente do Município de Mirandela, com quem ainda não enterrou o quixotesco machado de guerra.
Outras personagens foram inspiradas em gente que esteve ou está dentro do município e cabe ao amigo leitor esse exercício de descoberta, com intrigas traições conjugais e alguma espionagem.
O desenrolar da acção, muito bem arquitectada, tem como pretexto a visita mística ou exotérica do Presidente Americano ao IEIE, entrando em acção as forças do mal ou «irmandade planetária (muçulmana) do terror» e o FBI e a CIA ao mais alto nível.
Agora que o mundo parece estar à beira do Apocalipse bíblico este romance, que se desenrola em tempos cronológicos diferentes, ganha uma actualidade surpreendente e cabe ao leitor saboreá-lo. Nele encontrará as preocupações com uma mortífera guerra nuclear, com as alterações climáticas e a falência dos recursos naturais, com o colapso dos países emergentes (China e Índia) e com o desmoronar das principais igrejas cristãs.
O autor pinta com mestria a situação lusitana apelidando-a de «falsa democracia», com «corrupção visceral» e «vive-se para saldar dívidas». A velha e falida Europa, seja de valores, seja na economia, é uma «morta-viva União Europeia».
Devido à degradação de outras zonas prevê (em 2030) o regresso à agricultura em Trás-os-Montes, assumindo uma visão messiânica do mundo.
É um romance moralista em que as forças do Bem conduzem a Deus e as do Mal afastam-nos, como defendem alguns teólogos e estudiosos, entre eles os franciscanos.
A espionagem árabe e da Mossad rondam um laboratório nas profundezas duma pedreira (IEIE), entre Vale de Salgueiro e a Ponte de Valtelhas.
Pelo que conheço dos dois últimos romances de Henrique Pedro, tudo começou, no livro anterior, «Cruzes de Guerra», com o rapto por extraterrestres, nos Andes, das esposas do americano, Peter Pi, e do mirandelense, Daniel Vaz.
Termina com a morte do personagem Dinis da Silveira, que, também, o fora do romance anterior pela Irmandade do Terror e com a comunicação com os familiares no Além, no planeta Romã e os justos serão resgatados da Terra a 5 de Maio de 2040, tudo mais será devorado pelo fogo.
Curioso é verificar que já na minha infância gente que vivia em cidades do litoral alvitrava que o Mundo acabaria por ser devorado pelo fogo.
Caro leitor, as férias estão próximas e ler um bom livro é um acto de cultura, pelo que aconselho bom romance de Henrique Pedro e que pode ser pedido para: hacpedro@hotmail.com.
Jorge Lage
in:jornal.netbila.com
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