Um olhar do escritor transmontano sobre a mais recente obra “E já não havia rosas”, sobre a sua vida literária, as suas inspirações e escolhas.
Jornal Nordeste (JN) - Como surge a escrita na sua vida?
Fernando Calado (FC) - Surge através da leitura. Na minha infância não existia televisão e a rádio era muito escassa. A única motivação da descoberta do mundo, das emoções era a leitura.
JN - Fale-nos um pouco de “E já não havia Rosas”
FC - Este livro é essencialmente um livro de emoções, de alegrias, de tristezas, numa viagem por todo o Nordeste Transmontano. Procurei encontrar um fio condutor de uma história, uma mulher que chega, que estondia e que um dia vai embora, não houve tempo para fazer uma viagem por todo o Nordeste Transmontano, eu faço essa viagem por ela e por mim. Uma história de ficção que pretende, sobretudo, realçar valores como a amizade, os afectos, as coisas simples da vida como uma rosa. Não deve haver coisa mais simples que uma rosa, mas tão bonita. Tentei também retratar o que é o quotidiano de pessoas simples que vivem numa aldeia, com os seus medos, com os seus lutos, as suas tristezas e alegrias.
JN - A quem se destina este livro?
FC - Acho que é um livro universalista, os jovens reveem-se no livro, talvez peguem mais na história amorosa, embora eu livro nunca fale em perdas de amor, mas sim numa perda de amizade, porque o amor pode ser muito volátil, as amizades são mais permanentes e ficam. Os adultos vão-se rever mais na sua aldeia, em alguns temas abordados como a violência doméstica e as problemáticas da terceira idade.
JN - Onde é que poderemos encontrar este livro?
FC - Na minha loja virtual que se chama “Casa do Soto” ou então nas livrarias, essencialmente do nordeste transmontano. O mundo virtual tem a possibilidade de colocar o livro em todo o mundo, o que uma pequena editora não tem meios de fazer, por outro lado vai de encontro aos leitores mais jovens. Já dei o salto para esse mundo virtual, não sei se qualitativo, já tenho uma tablet em que tenho imensos livros, mas ainda continuo a preferir o livro, o papel, o cheiro, o tacto.
JN - Está a terminar a sua carreira de professor. O que vem a seguir?
FC - Vou dedicar-me ao jornalismo. Durante alguns anos tive cartão de Jornalista, suspendi a actividade porque desempenhei funções que não eram compatíveis, vou pedir o cartão de novo e ligar-me de alguma forma não profissional, de uma forma amadora com uma crónica, um apontamento, uma rubrica.
JN - Já pensou no próximo livro?
FC - Ainda estou a fazer o nojo deste último, que foi um livro intimista. Foi feito em Milhão, onde fiz quase um retiro de um ano, em longas noites. Costumo dizer, por brincadeira, que a minha avó Maria Oliveira, os homens e as mulheres de Milhão, também vinham para um serão imaginário e eu estava ali com eles a ouvi-los. “E já não havia Rosas” está agora a chegar ao público, mas acho que com ele ganhei estrutura para escrever um romance. Será o próximo.
Retrato
Ensino e Jornalismo
Fernando Calado, nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e professor de Filosofia na escola Secundária Abade Baçal em Bragança. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de delegado de bragança dos Assuntos Consulares, coordenador do Centro da Área Educativa e de director do Centro de Formação Profissional do IEFP, em Bragança. Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários jornais regionais. Foi um dos fundadores do jornal “A Voz do Nordeste” e director da revista “Amigos de Bragança”.
Bibliografia
Verdes de Sangue (1973)
O Dito e o Feito (1996)
Há Homens atrás os Montes (1998)
E já não havia Rosas (2013)
in:jornalnordeste.com
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