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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Bacalhau - Introdução de polifosfatos é «um atentado ao interesse económico e gastronómico nacional»

António Cabral, secretário-geral da Associação de Armadores das Pescas Industriais (ADAPI), diz não entender a viabilização por parte do Governo português da proposta nórdica que introduz aditivos no bacalhau de salga húmida. Para este dirigente a qualidade «só se alcança seguindo métodos selectivos e preservando uma tradição secular».
De acordo com António Cabral, a recente aprovação por Bruxelas da proposta que introduz aditivos alimentares no bacalhau «era esperada» porque «é do agrado da indústria química da Alemanha e da Dinamarca. E havia fortes pressões para estender ao bacalhau, de forma generalizada, uma prática que é comum a outros peixes, com outras origens e destinos, dentro da União Europeia».
O secretário-geral da ADAPI não tem dúvidas de que «os lobbies dos países mais influentes na UE costumam prevalecer, e jogam com a dificuldade de formar minorias de bloqueio no Conselho de Ministros. Somos todos iguais, mas há sempre uns mais iguais que outros».
No que respeita à rotulagem e fiscalização do produto, António Cabral sublinha que «estamos a falar, seguramente, do jogo do “gato e do rato”, no âmbito do qual o exportador que beneficia desta alteração legislativa irá sempre procurar “furar” o sistema de controlo».
«Com o passar do tempo, mesmo que no início haja alguma obstinação fiscalizadora, os procedimentos de controlo tenderão a aliviar, permitindo beneficiar o infractor. Neste caso de verdadeiro atentado ao interesse económico e gastronómico nacional, apelava aos consumidores para, pela sua livre e consciente escolha, optarem por bacalhau transformado de marca portuguesa, em detrimento de marcas externas que, por processos sinuosos, querem aumentar quota de mercado», salienta António Cabral.
Alguns agentes do sector têm alertado para eventuais aumentos de preços consequência da introdução de aditivos no bacalhau, com o argumento que a secagem do peixe demorará mais do que é normal. Na opinião de António Cabral «qualquer aumento de custos nos processos de produção ou é repercutido no preço de aquisição pelos consumidores, nas contas de exploração das empresas ou, de forma repartida, nas duas frentes».
Custos de produção:
«Consciente do momento de contracção económica e de redução do poder de compra dos cidadãos, que caracteriza a conjuntura dos últimos dois ou três anos, estou convencido que a indústria transformadora tudo fará para defender o seu mercado. Isto implicará uma ponderação equilibrada da repartição do aumento de custos de produção que esta alteração regulamentar acarretará para as empresas do sector», considera.
O dirigente da ADAPI afirma que «é grave que esta medida legislativa tenha de ser aplicada quando este negócio está a trabalhar com margens completamente esmagadas, de que é indiscutível prova o preço altamente competitivo a que é hoje vendido o bacalhau salgado seco no comércio retalhista. Trata-se de um produto de eleição, no plano nutricional, vendido a preços que são acessíveis a qualquer bolsa».
António Cabral acrescenta que «é sabido que a Noruega, enquanto país que controla a matéria-prima, por gerir o maior stock de bacalhau do Mundo, tem práticas altamente agressivas que visam conquistar quota de mercado, contornando a indústria transformadora nacional».
Porém, acredita que os consumidores «não se deixam ludibriar e terão sempre a última palavra». E vai mais longe, dizendo que «as donas de casa portuguesas e, em geral, quem aprecia o bacalhau de cura tradicional portuguesa não tem dúvidas que o expoente de qualidade no produto final só se alcança com bacalhau transformado nas nossas fábricas, seguindo métodos selectivos e preservando uma tradição secular, que a técnica fria de fabrico, fora dos cânones tradicionais, o acesso livre à matéria-prima e muito dinheiro gasto em publicidade, não conseguem imitar».
Sobre a «surpreendente» decisão do Governo português, que sempre contestou a proposta junto da Comissão Europeia (e acabou por votar a favor), António Cabral diz que «parece inconcebível que depois de uma batalha árdua, lado a lado com o sector, tenha no último fôlego e com a meta à vista, desistido da defesa das razões que sempre invocou como boas para rejeitar a proposta da CE. Ouvimos falar de uma derrogação para Portugal, que, a existir, pergunto como será fiscalizada e verificada na sua execução, de forma extensiva e intemporal», interroga-se.
Recorde-se que na sequência da aprovação a 1 de Julho da proposta nórdica que introduz polifosfatos no bacalhau de cura tradicional, o secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar, Nuno Vieira Brito, explicou, em comunicado, que o documento votado pelo Comité Permanente para a Cadeia Alimentar e de Saúde Animal da União Europeia, que contou com o voto favorável de Portugal, «inclui medidas específicas para Portugal».
«Nessas medidas está contemplado o fornecimento à indústria portuguesa de bacalhau sem fosfatos, a possibilidade de confirmação da presença da mesma, o compromisso da Comissão Europeia de durante três anos acompanhar esta questão e, por último, a informação ao consumidor através da rotulagem», disse o governante.

Ana Clara
in:cafeportugal.net

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