Portugal, Bragança, Vinhais
Arquitectura residencial, oitocentista. Palácio urbano, de transição do barroco para o neoclassicismo, seguindo uma linguagem híbrida do ponto de vista decorativo, com estrutura barroca, de planta rectangular simples e com capela e dependências adossadas ao lado esquerdo. Fachada principal simétrica, dividida em dois registos marcados por friso e por três panos divididos por pilastras, encimadas por fogaréus, rasgados por portais e janelas no piso inferior e por janelas de sacada no superior, encimadas por frontões triangulares, surgindo brasão sobre o vão central. Interior organizado a partir de um átrio que acede a um arco de volta perfeita que define o início da escadaria para o piso nobre, onde aparecem várias salas com coberturas de madeira e uma delas com apainelados pintados neoclássicos.
Número IPA Antigo: PT010412350008
Categoria
Monumento
Descrição
Planta rectangular irregular, composta por corpo principal, correspondente à zona residencial, pequena capela à esquerda e estreito rectângulo adossado a esta, correspondente às cavalariças; na zona posterior, conjunto irregular de anexos. De volumes articulados e justapostos, numa disposição horizontalista das massas e coberturas diferenciadas em telha de aba e canudo, a quatro águas no edifício principal e a duas nos demais. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, circunscritas por cunhais apilastrados, bem como modinaturas graníticas em todos os vãos. Fachada principal formada pelo corpo principal e dois adossados à esquerda, de dimensões consideravelmente mais reduzidas. O corpo residencial é simétrico, de dois registos separados por friso e três panos divididos por pilastras coroadas por fogaréus de granito.
O pano central encontra-se rasgado por oito janelas gradeadas e por porta central de verga recta, surgindo, no piso superior, janelas de sacada, com balcão protegido por ferro forjado, o central em semicírculo, sendo a janela encimada pela pedra de armas da família Costa Pessoa; as janelas laterais são encimadas por frontões triangulares.
Os panos laterais, mais estreitos, apresentam larga porta com moldura recortada e janela de sacada com balaustrada semicircular de ferro forjado, em moldura com cornija saliente e falso frontão triangular. Fachada lateral esquerda parcialmente adossada à capela, surgindo enorme janela alpendrada, de madeira entalhada e pintada de branco, sobre duas janelas rectilíneas, em guilhotina. Fachada lateral direita de três pisos, o inferior com porta e janela rectilíneas, surgindo superiormente quatro janelas em cada piso, as inferiores rectilíneas e as superiores em arco abatido. Fachada posterior possui, ao centro, três grandes janelões gradeados, sob os quais se destaca pequeno anexo e, lateralmente, série de janelas de guilhotina e porta de acesso ao interior.
No INTERIOR, apesar de muito arruinado, define-se o átrio com arco de volta perfeita que acede às escadas que ligam aos pisos superiores, onde surge o salão nobre, central, todos cobertos de madeira. Numa sala à direita, são visíveis vestígios de pinturas murais com motivos florais e marmoreados, bom como tecto em gamela, pintado com festões e paisagens emolduradas. À esquerda do solar mostra-se a CAPELA com fachada principal rasgada por portal em arco abatido, encimado por janela de arejamento e remate em empena com beiral duplo, truncada por sineira de volta perfeita, rematada por cornija. CAVALARIÇAS rasgadas por porta de verga recta e janela na fachada principal, sendo a posterior rasgada por três portas de verga recta e dando para o vasto espaço interno.
Acessos
Rua dos Frades. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,834058; long.: -7,004511
Protecção
IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 *1
Grau
2 - imóvel ou conjunto com valor tipológico, estilístico ou histórico ou que se singulariza na massa edificada, cujos elementos estruturais e características de qualidade arquitectónica ou significado histórico deverão ser preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Imóvel de Interesse Público.
Enquadramento
Urbano, a meia-encosta, isolado do aglomerado. Situa-se na artéria principal da vila, num plano elevado, com muro baixo de suporte ao longo da fachada principal.
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Residencial: solar
Utilização Actual
Político-administrativa: câmara municipal
Propriedade
Pública: municipal
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 19 / 20
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
1847 - concessão do título de Conde de Vinhais a Simão da Costa Pessoa; séc. 19, meados - provável construção do solar e da capela dedicada a São Caetano, talvez por iniciativa de Manuel da Costa Pessoa, 2.º Conde de Vinhais *2; 1873 - este morre no solar; 1974, cerca - o edifício foi utilizado como escola, ocupação que contribuíu para acelerar o processo de deterioração; 1978, 7 Julho - despacho de classificação como IIP; 1993, 30 Junho - aquisição do Solar pela Câmara Municipal de Vinhais; 1997, cerca - assinatura de protocolo entre a edilidade e o Instituto de Emprego e Formação Profissional, no sentido da recuperação e restauro do imóvel, de acordo com a sua estrutura e decoração originais; 1999 - projecto camarário, entretanto inviabilizado, de adaptação do edifício a biblioteca municipal; 2002 / 2003 - elabaoração de projecto camarário de adaptação do imóvel a sede da Câmara Municipal de Vinhais.
Características Particulares
Solar de construção oitocentista, mas mantendo, em termos de planimetria e organização interna, um esquema barroca. Contudo, alguns elementos apontam para o estilo que se viria a implantar no séc. 19, como a simetria, a regularidade dos vãos, com perfis rectilíneos e simples, constituindo a única nota de animação da fachada principal. Mantém fogaréus sobre os cunhais. Fachada lateral esquerda com varanda alpendrada de madeira. Mantém no interior, vestígios de pinturas murais neoclássicas, compostas por paisagens envoltas por motivos lineares decorativos.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Estrutura de xistos argamassados com barro e alvenaria de pedra; portas, caixilharia, pavimentos em madeira; fogaréus, pilastras, frisos, brasão e molduras dos vãos em cantaria de granito; vidro simples nas janelas; cobertura de telha.
Bibliografia
AZEVEDO, José Correia de, Inventário artístico ilustrado de Portugal. Trás-os-Montes e Alto Douro, Algés, 1991; COSTA, David, Notas históricas da vila e concelho de Vinhais, in Ronda Bragança. Vinhais, Bragança, 1939, pp. 11-24; Dicionário encilopédico das freguesias, 3.º vol., Matosinhos, 1997, p. 189 e 204; LOPES, Flávio [coord.], Património arquitectónico e arqueológico classificado. Distrito de Bragança, Lisboa, 1993; Vinhais, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XXXVI, Lisboa / Rio de Janeiro, s.d., pp. 214-215; ZUQUÉTE, Afonso Eduardo Martins [coord.], Nobreza de Portugal, vol. III, Lisboa, 1961; Câmara Muncipal de Vinhais, www.cm-vinhais.espigueiro.pt; www. vinhais.portaldasregiões.com, 2001.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID; CMV
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID; CMV
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID; CMV
Intervenção Realizada
CMV: 1997 - recuperação da cobertura, como medida preventiva; conservação da varanda de madeira na fachada lateral esquerda; 2003 - obras de conservação e restauro e adaptação a nova utilização; ratamento da envolvência.
Observações
*1 - DOF: Edifício dos antigos Condes de Vinhais, pertencente à família Costa e Pessoa, denominado "Casas Novas", situado na antiga Rua da Vila, em Vinhais. *2 - este viveu entre 1795 e 1873, herdando o título de conde em 1862; o primeiro conde de Vinhais era Simão da Costa Pessoa, que viveu entre 1789 e 1848, altura em que faleceu em Braga.
Autor e Data
Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001
in:monumentos.pt
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