sábado, 25 de janeiro de 2014

"Salvar o Tua" desafia produtores do Douro a integrarem plataforma

Vitivinicultores do Douro foram hoje desafiados a integrar a Plataforma "Salvar o Tua", no âmbito de uma reunião promovida no Porto, que visou dar-lhes a conhecer "as implicações da construção da barragem" Foz Tua na região.
Em declarações à Lusa, João Roquette, da Quinta dos Murças, que já integra a Plataforma, afirmou que representantes de "grandes marcas do Douro" presentes na reunião "ficaram em choque com as implicações da construção da barragem".
"O Douro é único. É incompatível com a continuação da barragem no vale do Tua", defendeu João Roquette, adiantando que "o sentimento [dos presentes na reunião] foi bastante consensual".
Segundo o responsável, "mais do que a possível perda de vinha, é o impacto paisagístico" que está em causa com a barragem Foz Tua.
João Joanaz de Melo, membro do GEOTA, que também integra esta plataforma, afirmou à Lusa que da reunião resultou "o compromisso de promover a discussão desta matéria junto dos produtores" de vinho, ou seja, "transportar esta questão para o setor".
"Os presentes ficaram muitíssimos interessados, diria até estupefactos, com alguma da informação que nós mostrámos sobre s situação do Tua e as implicações que isso tem sobre o Alto Douro Vinhateiro", disse, acrescentando estar também em causa o "interesse económico local, prejudicado pela barragem de Foz Tua".
João Roquette acredita que é possível travar a construção da barragem, argumentando ser necessário as pessoas "tomarem consciência" do que está em causa para que haja uma "mobilização para parar aquilo que parece inevitável, mas não é".
Uma das primeiras iniciativas da Plataforma "Salvar o Tua" foi a apresentação de uma providência cautelar e uma ação judicial visando a suspensão imediata dos trabalhos de construção da barragem.
A barragem de Foz Tua faz parte do Plano Nacional de Barragens e começou a ser construída há quase três anos, em Trás-os-Montes, na confluência dos concelhos de Carrazeda de Ansiães (Bragança) e Alijó (Vila Real).
O empreendimento hidroelétrico tem um custo de 370 milhões de euros e tem sido alvo da contestação de movimentos ambientalistas e ativistas da linha do Tua, que vai ficar parcialmente submersa e que se encontra desativada na maior parte do percurso à espera do plano de mobilidade imposto como contrapartida pela construção da barragem.
A obra levou já também à intervenção da UNESCO, na sequência de uma queixa do Partido Ecologista "Os Verdes", que alegava por em causa a classificação do Douro Património da Humanidade.
A UNESCO concluiu que a barragem e o Douro são compatíveis, mas impôs condições que levaram a um abrandamento dos trabalhos e um atraso de um ano no calendário inicial, com a conclusão agora prevista para 2016.

JAP/ACG (HF) // JGJ
Lusa/Fim

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