O provedor da Misericórdia de Bragança, Eleutério Alves, acusou hoje o Estado de "concorrência desleal" por permitir a abertura de novos equipamentos sociais por "vaidades e pressões políticas e de grupos económicos "onde não fazem falta.
Para o responsável pela instituição de solidariedade social que gere desde creches a lar de idosos, em Bragança, "muitos dos problemas", nomeadamente de sustentabilidade financeira, que agora existem devem-se a este tipo de situações.
"Muitas instituições abriram equipamentos sem fazerem falta, (por) vaidades pessoais, pressões políticas, lóbis, grupos económicos que levaram a que se criassem alguns equipamentos em algumas instituições onde não havia necessidade", afirmou.
O provedor falava à margem de um encontro de instituições sociais do Distrito de Bragança promovido pela rede anti-pobreza para discutirem a necessidade de uma maior articulação face aos desafios que se colocam com o aumento dos problemas sociais resultado da crise.
Eleutério Alves afirmou que existe "alguma concorrência desleal da parte do Estado, que abre equipamentos onde não fazem falta, apenas em concorrência com os que já estão instalados, onde a procura está a diminuir".
O provedor da Misericórdia de Bragança considerou que "as redes sociais são cada vez mais redes municipais" e afirmou que "há situações de facto em que muitas vezes são feitos planeamentos e programações de equipamento apenas por interesse político, mas que têm pouco a ver com os interesses sociais".
Segundo disse, "aconteceu em Bragança" onde "a oferta que existia era suficiente" e a rede social "foi prejudicada" quando a autarquia abriu novos centros escolares e mais salas de ensino pré-escolar.
Eleutério Alves referiu-se ainda a "instituições que criaram quadros de pessoas desajustados, grandes, muitas vezes também sem necessidade".
"Tudo isto agora traz problemas: primeiro os equipamentos são difíceis de conservar e custam dinheiro, segundo não têm utentes para os equipamentos, terceiro têm pessoas a mais e tudo isto colide com as necessidades da instituição", concluiu.
A situação atual exige, segundo defendeu, "que haja uma maior planificação, uma estratégia que permita que se construam equipamentos onde fazem falta efetivamente e que se ofereçam soluções onde elas fazem falta e não só porque é importante ou traz algum proveito político abrir mais um equipamento aqui ou ali".
"Estamos a falar de equipamentos que são abertos com dinheiro público, que muitas vezes faz falta para outras coisas, para outras necessidades", vincou.
in:dn.pt
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