O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, classificou hoje a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana como "uma machadada" para a região e acusou o Governo de quebrar a relação de confiança que existia sobre esta matéria.
O autarca social-democrata entende que o recente anúncio feito pelo Governo no sentido de que está a estudar a introdução de portagens na autoestrada concluída há poucos meses "é penalizadora" e "ao mesmo tempo vem quebrar aqui aquilo que era uma relação de confiança que tinha sido criada e estabelecida aquando da construção".
Hernâni Dias lembrou que "aquilo que tinha ficado assumido é que não haveria portagens e se as portagens vierem a ser introduzidas serão muito más e obviamente que vão contribuir cada vez mais para o despovoamento do Interior, para o afastamento do Interior do Litoral e vão onerar tudo aquilo que tem a ver com o transporte de mercadorias e de passageiros".
A Autoestrada Transmontana, que liga Vila Real a Bragança faz parte de uma das duas empreitadas- a outra é a do Marão- para prolongamento da A4 (a denominação que consta na sinalização), do Porto até à fronteira de Quintanilha, em Bragança.
A obra foi executada em regime de Parceria Pública Privada e classificada pelo então primeiro-Ministro socialista José Sócrates como "a autoestrada da justiça" por a região ser a última do país a ter uma estrada com este perfil e ter esperado décadas pela melhoria das acessibilidades rodoviárias.
No contrato de concessão está estabelecido que os únicos troços portajados dos cerca de 130 quilómetros serão as variantes de Bragança e Vila Real por terem como alternativa o antigo IP4.
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, anunciou numa visita recente à região que o Governo está a estudar soluções para a introdução de portagens na rodovia, não avançando no entanto datas nem o sistema de pagamento que será utilizado.
"Discordo em absoluto da introdução de portagens", frisou o presidente da Câmara de Bragança, à margem de uma sessão de assinatura de protocolos de financiamento a associações locais.
O autarca defendeu que "além de ser penalizadora para Bragança, para a região e para todo o Norte de Portugal, é sem dúvida nenhuma mais uma machadada no Interior do país, naquilo que são as zonas de baixa densidade populacional".
A autoestrada Transmontana foi construída na maior parte da sua extensão sobre o antigo IP4, que demorou quase 30 anos a substituir a Estrada Nacional 15, que ligava o Porto a Bragança, e que poderá ser de novo o caminho alternativo para os condutores.
HFI // MSP
Lusa/fim
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