Agricultura - «Temos o objectivo de chegar a 2020 auto-suficientes em valor» - secretário de Estado da Agricultura

Uma Política Agrícola Comum, em vigor até 2020, focada nos agricultores que trabalham em conjunto, mais incentivos ao associativismo e aos jovens empresários, aproximação do programa LEADER à agricultura, são alguns dos temas abordados, em entrevista, pelo secretário de Estado da Agricultura. José Diogo Albuquerque sublinha também as parcerias com o sector do turismo e a aposta em fomentar a ligação entre os empresários agrícolas e os investigadores científicos.
Café Portugal - A nova Política Agrícola Comum (PAC) vigora até 2020. Pode enquadrar-nos, sublinhando os principais princípios e mecanismos em vigor e como podem estes reverter para os agricultores nacionais?
José Diogo Albuquerque - O novo quadro comunitário mantém os apoios comunitários à actividade agrícola. Conta com um foco maior em agricultores que trabalhem mais em conjunto. Isto traduz-se na tendência para trabalharem mais ao longo da cadeia, não produzindo só, mas transformando em conjunto. O novo quadro comunitário tem também um foco na internacionalização, que vai levar a maior exportação. Tem ainda um pacote de medidas agro-ambientais reforçado e potente. Embora contemos com o mesmo nível de apoio comunitário em relação ao quadro anterior, há coisas que no passado financiávamos com dinheiro da agricultura que passam a ser financiados com fundos estruturais, como por exemplo o regadio do Alqueva e os apoios às empresas de agro-indústrias. Isso fez com que poupássemos dinheiro para canalizar para medidas agro-ambientais que vão ter apoio em todo o território, o que também vai manter a actividade agrícola em todo o território. Vamos ter um sistema de seguros mais robusto com financiamento comunitário e um LEADER mais orientado para a agricultura. Tudo isto fará com que haja uma aposta clara na actividade agrícola core, e com olhar para o mercado.
C.P. - A agricultura nacional tem ganho destaque na economia e na sociedade. Fala-se agora da urgência em apostar no agronegócio. O presente quadro comunitário, 2014-2020, colocará em destaque a indústria ligada à matéria-prima agrícola? Em que medida?
J.D.A. - Todas as medidas que enumerei trazem por arrasto o agro-negócio, quer sementes, fertilizantes e todo o trabalho a jusante. Haverá ainda um crescimento do sector quando tivermos uma abordagem mais focada no crescimento em valor. Temos o objectivo de chegar a 2020 com a balança comercial neutra, ou seja, auto-suficientes em valor. Isto consegue-se produzindo com uma actividade agrícola forte em todo o território e mais concentração de oferta.
C.P. - No actual Programa de Desenvolvimento Rural (PdR) foi mantido o apoio ao investimento em espaço rural?
J.D.A. - Há um eixo, que já existia no PRODER e que mantivemos, que é um apoio ao investimento que se verifica quanto à exploração agrícola e à agro-indústria. Tanto num, como noutro, vamos dar majorações, na ordem dos 10 a 20%, no caso do agricultor pertencer a uma organização de produtores ou no caso de ser um investimento feito por uma organização de produtores. Queremos que haja mais agricultores organizados em estruturas de produtores e organizações de produtores mais robustas. Na agro-indústria, o apoio ao investimento até quatro milhões de euros vai ser financiado pelo PdR. Acima dos quatro milhões de euros de investimento, os projectos vão ser financiados pelos fundos estruturais.
C.P. - Uma das decisões nacionais tomadas no âmbito da PAC, no 1º pilar, foi o permitir a entrada, no sector, de novos agricultores através de uma abertura controlada do sistema. Pode explicitar?
J.D.A. - A opção que a Comissão Europeia deu, em termos de ajudas para os agricultores, foi de apoiar aqueles agricultores que, em 2013, já estavam no sistema, podendo voltar a candidatar-se em 2015. Depois, permite a opção dos países alargarem a entrada de outros agricultores que não estavam no sistema. E aqui há duas opções: uma é a Reserva Nacional que já tem uma prioridade para jovens que representa 2% do bolo e que pode ser atribuído a jovens agricultores que entram de novo. Mas esta reforma da PAC permite ao país alargar a outros agricultores que entrem no sistema com base numa prova de que já estavam de alguma forma a exercer a actividade agrícola. A fórmula que encontrámos de fazer uma abertura, que fosse administrativamente possível e controlada, a esses agricultores, que não estavam no sistema mas já faziam agricultura, foi a de alargar a possibilidade de entrada para o primeiro pilar para todos os agricultores que estavam a tomar medidas do desenvolvimento rural, como as agro-ambientais ou apoio às regiões desfavorecidas. Essa é a abertura controlada. Controlada mas grande, porque vão entrar 23 mil agricultores, o que corresponde a uma área com 73 mil hectares. Temos neste momento 150 mil agricultores que recebem apoios do primeiro pilar. Em breve vamos ter mais.
C.P. - Está também previsto aplicar o regime da pequena agricultura. Pode pormenorizar?
J.D.A. - Na reforma da PAC havia várias opções para este regime. Tomámos a opção mais extrema e benéfica para os produtores. Uma opção era não aplicar o regime e continuar a atribuir o que já recebiam, que muitas vezes é de 50, cem euros anuais. Outra opção era manter os níveis que os agricultores recebem agora mas simplificar os controlos. Ainda uma outra opção era criar uma ajuda forfetária igual para todos. Neste caso, todos os agricultores que recebem abaixo dessa ajuda forfetária, sobem para esses valores de referência. Há ainda opção de a ajuda dos controlos ser mais simplificada. Isto significa que todos os agricultores passam a receber 500 euros de ajudas. Isto tem, claro, um custo para os outros agricultores que recebem mais. Mas é um custo que penso ter sentido. É uma tentativa de mantermos a agricultura em todo o território dando um claro apoio à pequena agricultora através também da simplificação da parte administrativa, pois já não tem o controlo da condicionalidade. Por outro lado exigimos aos agricultores que aumentem a sua área mínima dos actuais 0,3 hectares para meio hectare. 
C.P. - A estrutura de financiamentos no âmbito da iniciativa LEADER também sofreu alterações. Pode pormenorizar?
J.D.A. - A Comissão Europeia nesta reforma da PAC entendeu que o LEADER, em vez de ser financiado só pela agricultura, passa a ter um financiamento plurifundos. Ou seja, fundos da agricultura, mas também estruturais. O que vamos fazer é que os fundos da agricultura sejam aplicados em actividades mais orientadas para a agricultura. As outras actividades menos ligadas à agricultura, ou não ligadas de todo, vão ser financiadas pelos fundos estruturais. Por exemplo, uma exploração de leite que faça uma geladaria vai ser financiada pelo LEADER pela vertente agrícola. Uma geladaria no centro da vila vai ser financiada pelo fundo não agrícola. O LEADER vai passar a gerir uma medida que antes era gerida fora do LEADER, e nacionalmente, que é o apoio aos pequenos investimentos. Um agricultor que compre, por exemplo, um motocultivador a partir de agora vai fazer isso no LEADER. Esta medida é claramente uma reorientação do LEADER para começar a trabalhar directamente com os agricultores.
C.P. - Estas medidas foram debatidas com as associações locais que gerem no terreno iniciativas LEADER?
J.D.A. - Sim. Levou a algumas resistências e receios pois é um caminho novo. Mas esta é uma forma de optimizar os fundos. É uma coisa que o LEADER queria. E eu acho que sem agricultura não há mundo rural. Podemos apoiar as actividades do mundo rural que não ligadas à agricultura e por isso o mérito desta abordagem plurifundos. Foi uma decisão altamente consultada com todos os intervenientes.
C.P. - O sector tem atraído um número significativo de jovens agricultores. Estamos perante projectos sólidos ou «fugas» a desemprego e trabalho precário?
J.D.A. - Os dados falam por eles próprios em resposta a essa pergunta. Os jovens agricultores a entrar no sector têm uma dimensão média de exploração quase o dobro da média de exploração normal em Portugal. Quer dizer que estão a entrar com dimensões grandes. Há logo aqui uma indicação de que não é assim tão utópico como possa parecer. À volta de 30% deste jovens agricultores tem educação a nível de secundário ou superior. Muitos deles estão em sectores como azeite e hortícolas, mas muitos deles estão ligados a novos sectores, muito voltados à exportação, como ervas aromáticas e pequenos frutos. Claro que há sempre gente que tenta a agricultura porque há crise noutros sectores. Alguns sabem o que estão a fazer, outros vão meter-se no negócio a achar que é fácil e depois vão perceber que a agricultura hoje é de ponta e não é assim tão fácil. Há também uma abordagem conservadora de achar que todos estes jovens não têm futuro, o que não é verdade. A maioria tem boa formação, alguma agrícola, instalam-se com dimensão acima da média e com vocação para o mercado.
C.P. - Apesar da implantação de jovens agricultores, com uma média mensal de 200 candidaturas aprovadas, em 2013 a idade média do agricultor nacional rondava os 60 anos. Como se pode tornar o sector mais atractivo?
J.D.A. – Verifica-se uma saída de pessoas mais velhas do sector e entrada de jovens, que não têm de ser necessariamente em mesmo número. Tem de haver uma consolidação do terreno e era bom que os jovens que estão a entrar para o sector o fizessem com médias de terrenos maiores, isso torna as empresas mais competitivas. Temos de trabalhar nestes apoios aos jovens. O ano passado entraram 280 jovens por mês no âmbito do PRODER. No primeiro pilar também está aumentar o número de jovens agricultores. Nesta nova PAC, vamos implementar o regime de jovem agricultor o que quer dizer que vai haver um aumento de 25% do apoio aos jovens agricultores que já recebam apoios no primeiro pilar. Temos de trabalhar no acesso à terra, através de medidas nacionais como a Bolsa de Terras, porque consegue-se com isso desmobilizar terras para jovens agricultores, e trabalhar naquilo que é essencial que é tornar a actividade agrícola num bom negócio. Se é um bom negócio vão jovens e não jovens. Esta reversão geracional é importante fazer, mas não é tirar quem lá está. Tem de se dar espaço aos jovens.
C.P. - Afirmou que «é necessário um maior associativismo agrícola para reforçar o dinamismo» do sector. Como se promove o associativismo num país onde o movimento associativo tem pouca expressão?
J.D.A. – A nossa mensagem nos últimos três anos tem sido clara: dizemos aos agricultores que é preciso produzir, trabalhar em conjunto, equilibrar a balança comercial. Para isso temos de ter medidas concretas. A nossa opção foi dar apoios maiores no programa de desenvolvimento rural a todos aqueles que trabalhem mais em conjunto através das Organizações de Produtores. O associativismo agrícola, neste caso, é no sentido de conseguirmos comercializar em conjunto. No PRODER já fizemos um aumento de 5% para novos investimentos para quem está inserido numa organização de produtores, agora subimos esse apoio até 10%. Na implementação de medidas agro-ambientais vão ter uma majoração de 3% no caso de pertencer a uma organização de produtores. Tudo somado, gradualmente, faz uma diferença significativa.
C.P. - Esta medida pode levantar questões como a criação de organizações de produtores apenas para obter os benefícios. Como se pode evitar esta situação?
J.D.A. - Nunca podemos evitar completamente que haja excepções à resposta de uma política pública. Vamos rever a legislação nacional que classifica o que é uma organização de produtores e nalguns casos colocar critérios mais exigentes. Nos casos em que já somos exigentes vamos rever. Por outro lado, existe no PdR uma medida de apoio a novas organizações de produtores, mas essa vamos aplicá-la apenas em sectores e regiões em que haja pouca organização ou seja inexistente. Vamos ter critérios de selecção para focar que esses apoios sejam só para onde não existem organizações de produtores e não para onde já as há. Em conjunto, acho que esta medida vai permitir incentivar a concentração de oferta. O nosso objectivo é mesmo que os agricultores que estão fora de organizações passem a estar dentro, e não tanto duplicar e criar mais organizações de produtores.
C.P. - A transferência de conhecimento científico para a realidade empresarial nem sempre é fácil. Como se pode aumentar a capacidade transferência de conhecimento científico para o sector agrícola e florestal?
J.D.A. - A forma mais correcta, e a reforma da PAC permitiu isso, é a criação dos chamados «grupos aproximantes», em que obriga que apoios públicos à investigação existam só nos casos em que haja uma plataforma que junte investigadores e o sector. Obrigar à existência de organizações de produtores e agricultores dentro da plataforma é a forma mais correcta de não ter uma investigação abstracta e ter uma investigação aplicada, com os resultados a passar aos agricultores. A criação da plataforma tem de partir do sector. Qualquer sector pode juntar-se com uma unidade de investigação e, para o efeito que queira, candidatar-se a estes apoios para um determinado projecto.
C.P. - A Confederação dos Agricultores de Portugal considera importante trabalhar em parceria com a entidade congénere no Turismo, a Confederação do Turismo Português. A nível de Governo, as respectivas secretarias trabalham em conjunto estes sectores?
J.D.A. – Já trabalhamos sim. Na estratégia do turismo foram feitas uma série de referências para o sector agrícola. Recentemente, estabelecemos um protocolo entre a ViniPortugal e o Instituto do Turismo Português, que foi firmado por mim e pelo secretário de Estado do Turismo. Começamos com o vinho e vamos continuar a trabalhar mais neste sentido. Vamos continuar a trabalhar para conotar a agricultura com o turismo.

Sara Pelicano
in:cafeportugal.net

Festa dos idosos em Vimioso

Convívio reuniu mais de mil pessoas das 22 localidades do concelho
Mais de mil pessoas marcaram presença, anteontem, na Festa da Alegria, em Vimioso.
Esta é a 10.ª edição da iniciativa, que é organizada pelo município, com o objectivo de “tentar incutir o convívio entre os idosos”.
“Proporcionamos-lhe um dia diferente, promovendo o convívio entre todos os idosos”, sublinha o vereador do município, Licínio Martins.
A festa decorreu no pavilhão multiusos da vila. Os participantes foram recebidos ao som da Mini- Banda de Vimioso, seguiu-se a missa e durante a tarde houve a actuação do Rancho local, da Mini-Banda e o tradicional bailarico.
“Uns divertem-se a participar e outros a assistir”, constata o vereador.
Licínio Martins constata que há cada vez mais idosos nas aldeias, mas também denota o regresso de muita gente do Porto e Lisboa que se reforma às origens.
Já no passado dia 10, o município reuniu cerca de 600 pessoas no Multiusos, no encerramento dos cursos sócio-educativos, com destaque para as aulas de ginástica de manutenção com turmas em todas as freguesias do concelho.

in:jornalnordeste.com

Cerca de 100 jovens da diocese de Bragança- Miranda aceitaram o desafio de "Caminhar Juntos"

Cerca de 100 jovens da diocese de Bragança- Miranda aceitaram o desafio de "Caminhar Juntos" no campo de ferias em Vila Flor, a convite do SDPJV e dos professores de EMRC: Paula Veloso, Alberto Pais, Delfim Gomes, Jorge Novo e Júlio Gomes.
"Caminhar Juntos" é o tema do Campo de Férias que decorre desde a passada quarta feira até ao próximo dia 28 de junho no parque de campismo em Vila Flor. Conhecer Vila Flor, cultivando o gosto pela nossa terra e pelas nossas raízes, valorizando a nossa historia e identidade é também um dos objectivos que alicerçam esta actividade.
Este campo de ferias pretende, além de mais, proporcionar aos jovens o desenvolvimento do espírito de equipa e fraternidade, o companheirismo, fomentar a amizade, a solidariedade, o respeito pelo ambiente, o dinamismo e o compromisso pelo bem comum, em clima de diversão, trabalho, diálogo, oração...
Para tal, para além das atividades permanentes, como a música\canção (viola, cavaquinho, flauta), um jornal de parede diário, jogos de mesa (cartas, damas, xadrez, monopólio…), há também o convite permanente aos jovens a abrir o coração à Esperança e à Confiança na oração.
Outros tantos momentos como o sarau cultural, os desportos radicais como paintball, slide, tiro com arco e com besta, bolas zorb; e no desporto podes contar com partidas de futebol, voleibol, basquetebol, atletismo e ténis e onde não falta também a sétima arte, fazem deste Campo de Férias um verdadeiro “Caminhar Juntos”, uma experiência de encontro com Deus, constituindo a oportunidade de saber viver num espírito de inter-ajuda, num crescimento como grupo, e de crescimento na Fé, sentindo o que o toque de Deus provoca em nós.
Esta é sem dúvida uma oportunidade para na Alegria responder a uma ProVocacão e descobrir que mais importante do que o que levamos para o caminho é aquilo que se traz.
"Seja Maria, a caminhar connosco neste Campo de Férias a nossa guia... Respondamos diariamente "Eis-me aqui envia-me"... Com esta confiança seremos capazes de caminhar juntos para nos encontrarmos, para construir agora o nosso presente e olharmos para o futuro com Esperança" desafia o diretor do SDPJV Pe Eduardo Novo.

in:noticiasdonordeste.pt

Destino para uma Língua Moribunda (manifesto em forma de hino), por Amadeu Ferreira ( Fracisco Niebro)

Nosso Senhor é como as pessoas de Miranda, não fala mirandês.
Quando uma língua não serve para rezar. Quando se dizem todos os pecados a Deus, sem medo, e se tem vergonha de rezar em mirandês. Quando é assim, não há língua que resista. Parece que Deus, quando andou pelo mundo a aprender as línguas, chegou aqui e passou ao lado. Eu creio que o desviaram. É tempo de Deus não ter vergonha de falar em mirandês.
Quando uma língua não se escreve, dizem que a história ainda não começou, porque não há como contar essa história. Apenas pode ser contada pela língua dos outros. Uma língua sem história não pode durar para sempre.
O pior é quando a língua deixa de servir para pensar. Ou, quando dormimos, não aparece a falar nos sonhos, porque a língua dos sonhos é aquela que está dentro de nós. Fala-se como se respira. Se o leite que mamamos não vem misturado com a língua, esta não pode ficar metida dentro de nós e ser tão importante para a vida como o estômago, o coração, a cabeça, o fígado. Só dessa maneira não se pode viver sem ela. Apenas assim aparece nos sonhos, ainda que não queiramos. Uma língua que não fala nos sonhos não vai longe.
Há palavras que, quando as dizemos, nos deixam com pele de galinha, mas apenas nós nos apercebemos; há sons que mos envolvem como uma onda de calor, mas apenas nós sentimos o gelo que por vezes trazemos dentro de nós a derreter; há trejeitos da língua dentro da boca, falando, que nos fazem cócegas que ninguém mais sente; há ditos que não têm outra maneira de se dizer e ninguém se apercebe quando não conseguimos traduzi-los; há coisas que, quando usamos outra língua para as dizer, soam como estranhas e, no fim, ficamos com a ideia de que não fomos capazes de as dizer. Há palavras, sons, ditos, coisas, que dormiram durante tanto tempo connosco, que tomaram cama para um lado e quando não nos deitamos para esse lado é como dormir sobre uma pedra.
Em Lisboa há um jardim zoológico com animais de outros países ou que já desapareceram dos campos. Quem fala mirandês, pode ser como esses animais raros: toda a gente gosta de os ouvir e acha piada à sua língua. Está a chegar um tempo em que quem fala mirandês pode estar como num jardim zoológico, animal raro a quem as pessoas acham piada e por quem têm curiosidade. Acontecem coisas que nos devem fazer pensar: há grupos, associações e até partidos para defender tudo o que está a desaparecer. Defendem-se os pássaros, os burros, certas aves. O governo até dá dinheiro para tudo isso. Por mim, até concordo. Por que razão com o mirandês, uma língua que está a desaparecer, nada disso acontece?
Os mirandeses apenas podem gabar-se de uma coisa: a sua língua. Correi o mundo inteiro e não encontrareis nada igual. Não é melhor do que as outras línguas, mas é a nossa, única no mundo. Porque as línguas são como as pessoas, cada pessoa: por muito semelhantes que sejam, são todas diferentes. Quando uma delas morre, é algo que se perde para sempre.
Há mil anos, dizem, já se falava mirandês. Talvez fosse um pouco diferente, mas era mirandês. Uma língua que teimou permanecer numa pequena ilha, cercada pelo mar que é o português e o castelhano, deve levar-nos a pensar. Se morrer, com ela morrerão de novo todas as pessoas que nestes mais de mil anos a falaram. Então, ficamos com um enorme problema: nem em toda a Terra de Miranda há espaço para enterrar tanta gente. Por isso, como almas penadas, ficaremos condenados a chocar constantemente com os esqueletos da língua que morreu: uma palavra aqui, uma letra além, um dito mais adiante. E quando, durante o inverno, o fumo das chaminés se for espalhando com o vento por fontes, por outeiros e por vales, os esqueletos da língua virão a aquecer-se na boca de algum velho sentado à lareira com os netos nos joelhos. Porém, de tão enregeladas, as letras, as palavras, não conseguirão juntar-se para formar contos ou cantigas.
Concordareis comigo que ninguém gosta de viver num cemitério ou caminhar por um campo de batalha onde apenas ficaram cadáveres, cheiro a pólvora e, passado algum tempo, a carne putrefacta. Um campo assim, apenas pode ser bom para os abutres que, voltejando no céu, virão descendo com os bicos preparados para se fartarem. E só quem está cego não vê os abutres que já andam por aí. Nada tenho contra os abutres, mas essa não pode ser a missão dos mirandeses.
Desde que os homens falam, já muitas línguas morreram: são línguas mortas. Essas línguas ou geraram outras, que são suas filhas, ou deixaram escritos que podemos ler e, pelo menos aí, voltam a viver. Porém, línguas houve que desapareceram, ninguém sabe delas. As pessoas que as falaram é como se nunca tivessem existido pois nada há que permita recordá-las.
Que destino queremos para o mirandês?
Há um tempo para tudo. Agora é o tempo para responder à pergunta. Para responder com a cabeça. Porém antes, deixemos o coração pensar, pois é por aí que a língua melhor se percebe.
No passado, há muitos anos, obrigaram-nos a falar português. Disseram-nos que o mirandês não era uma língua de gente ou, então, era uma língua de gente estúpida, atrasada. Os reis obrigavam as pessoas a fazer os documentos oficiais em português. Os enviados do rei vinham a Miranda e falavam português. O português era a língua dos ricos e do poder e, com o tempo, o mirandês foi-se identificando como fala dos pobres, como fala do campo. Depois, quando Miranda foi elevada a cidade, veio um bispo que obrigou todas as pessoas a rezar em português. Todos deviam aprender as orações que mandou afixar nas portas das igrejas. Desse modo, a língua foi expulsa da Igreja. Desde então para cá, foi ficando pelos caminhos, abrigou-se do frio em volta das chaminés, acompanhava os nossos sonhos. Envergonhada, foi-se escondendo de quem vinha de fora, foi encolhendo até ficar presa numa pontinha de Portugal. Aí, nunca conheceu fronteiras impostas por reis e manteve a sua pátria, para além das guerras, dentro da casa da sua família asturo-leonesa.
Passou a andar por aí a lavrar, a ceifar, a cavar, a vindimar, a regar, a apanhar rosmaninho para estrume, a apanhar lenha, a caminhos, a apascentar as mulas ou as vacas. Sempre de cabeça levantada, mesmo com frio e com fome, cansada, com sono. Foi língua de raiva, mas também de embalar; língua deste inferno de mete pé saca pé e língua de sonhar com vidas melhores; língua de ralhar e língua de torna-jeira ou torna o burro; língua de chorar e língua de festas e de dançar; língua de morrer e língua de nascer. Enquanto andava por aí, parava nas forjas a aquecer-se e saía de lá transformada em relhas, sachos, guinchas, machadas, foices de cabo comprido e varandas; subia ao campanário e tanto repicava a casamentos e baptizados como chamava à missa, voltejando solenemente, ou tocava a rebate quando os medos eram tão fortes que obrigavam a juntar toda a gente; era língua de bombeiros em filas de baldes sem fim; aos domingos à tarde andava pelo Sagrado, engalanada, ou corria as ruas a dar vivas à mocidade; quando tinha sede, baixava-se a beber de boca nos ribeiros ou agarrava-se à picota, para baixo e para cima, sem parar; quando tinha fome, ia pelas Arribas e pelo Planalto e, com a raiva feita sacho, alavanca ou enxadão, punha as rochas a dar uvas, azeitona ou centeio.
Por vezes ficava em casa à espera, pois não a deixavam ir para a Argentina, o Brasil, Sevilha, Lisboa, a França e outros mundos de Deus. Também nunca foi à guerra, mas tantas vezes morreu por lá.
Era uma língua de vida. Vida difícil, mas vida. Era uma língua de uma raça igual à da gente que a fala: gente orgulhosa, que nunca desiste nem se contenta com o que tem ou o que é; gente que chora com raiva e, na desgraça ou na necessidade, é capaz de se unir como se fosse um só; gente que à força de passar a vida a subir encostas, aprendeu a olhar para cima; gente que a cada sachada, a cada sulco, a cada balde de água, vai semeando e regando sonhos de futuro e é capaz de tudo – apenas ela e deus sabem quanto! –, para ter a vaidade de parir filhos que tenham uma vida melhor; gente que teimou em falá-la e sempre se deu bem com ela.
Os anos foram passando, umas gerações após outras. E a língua foi ficando sempre, como uma herança. As histórias que fazia, ninguém as escreveu. Hoje, quem as pode contar? Onde haveria memória tão grande que lá coubessem todas? Por isso, ficaram por aí: umas foram enterradas e já se desfizeram em terra, outras voaram com o fumo das chaminés nas noites de inverno, abrigando-se dentro das grutas, metendo-se pelos buracos das paredes, escondendo-se de dia quando o barulho não a deixa ouvir-se. À noitinha, se estiverdes pelas Arribas, sentai-vos numa pedra, deixai que o sol acabe de se pôr e os pássaros se recolham, àquela hora em que se ouve o silêncio passar por entre os zimbros e agarrar-se às fragas como um bafo. Esperai um pouco, até que se levante uma brisa e escutai as vozes que começam a sair, formando histórias que o lusco-fusco deixa adivinhar nos vultos dos socalcos e das oliveiras. Depois, lançai-vos pelo carreiro acima sentindo os passos dos contos que buscam quem os conte.
Cerca de quatrocentos ou quinhentos anos andou a língua nesta vida. Já se tinha habituado ao português e ia esquecendo o castelhano. Então, começou a pedir palavras emprestadas ao português, cada vez em maior número. Sempre que o português aparecia com uma palavra nova, até lhe achava graça e levava-a para casa como se fosse sua. Mas foi-se mantendo, sem nunca deixar de ser quem era. Com o tempo, passou a conviver com o português dentro de cada pessoa, apenas se atrevendo a sair quando esta a autorizava.
Entretanto, dizem-nos que as pessoas da cidade de Miranda deixaram de falar mirandês. Expulsaram a língua para as aldeias à volta. E o mirandês sentiu-se tão bem entre essa gente que nunca mais voltou à cidade. Em cada aldeia, a língua cresceu com as suas diferenças, a sua maneira de ser, embora sem deixar de ser quem era. Apagar essas diferenças ou fazer de conta que não existem, seria ficar mais pobre e, quem sabe, morrer de vez. Pertencer ao mirandês, como uma língua única, é algo de que nos devemos orgulhar. Mas não devemos orgulhar-nos menos das diferenças que se foram sedimentando sabe-se lá desde quando, e que já os nossos avós herdaram dos avós deles. Isso, não há qualquer lei que o possa alterar. Mas a língua é só uma, o mirandês. Todos, em conjunto, ainda nos poderemos fazer ouvir. Divididos, nada valemos e não faltará quem esteja à espera dessa divisão para fazer troça de nós. Juntos podemos defendê-la melhor, ensiná-la, escrevê-la e continuar a falá-la.
Que destino queremos para o mirandês?
É muito difícil responder: a língua está tão doente que ainda não descobriu remédio que a salve. Primeiro, fez uma fronteira com o português e manteve-se apenas numa parte da Terra de Miranda; depois, tornou-se amiga do português e foi-lhe pedindo palavras emprestadas como se fossem suas. Quando, entretanto, a expulsaram da Igreja, foi como receber uma facada que nunca deixou de sangrar e, com o tempo, evoluiu para cancro. Quem conhece a cura para o cancro? Apesar disso, não há que desistir nunca ou dar-se por vencido O pior é que os mirandeses nem se aperceberam. Está doente, velha e cansada, com poucas forças para resistir. E apenas existe uma maneira de os velhos viverem: através dos filhos. O mirandês deve deixar filhos que tenham orgulho na sua língua e não reneguem os pais.
Nos últimos trinta anos, a Terra de Miranda encheu-se de doutores, de jornais, de rádios, de televisões. Mas não há doutores em mirandês, jornais que o escrevam, rádios que o falem, televisões onde se veja. O mirandês é pobre e não terá dinheiro para televisões, possivelmente nem para rádios. Mas pode ter doutores. E pode ter um jornalzinho, por pequeno que seja, que vá pelo mundo fora onde haja um mirandês com a língua enovelada dentro de si desde há muitos anos e com vontade de a deitar para fora. Não será assim que a Terra de Miranda pode mostrar que é grande? Qual é o mirandês que não daria dez tostões para apoiar um jornalzinho que viva uma vez por mês, ou apenas de três em três meses?
Nos últimos trinta anos, muitas coisas que falavam mirandês foram desaparecendo, mortas ou escondidas onde ninguém as veja: arados, relhas, charruas, carros de mulas e carros de bois, albardas, molhelhas, jugos, caniças para a palha, forquilhas de madeira e de ferro, trilhos, foices, picotas, foices de cabo comprido, cestos vindimadeiros, cestos estrumeiros, cilhas, cargas e arrochos, cabeçadas, malhos, molhos de colmo, forjas, fornos, eiras e tantas, tantas coisas. Mas a vida não parou, mudando o mundo em cada dia. Vamos deixar que a língua morra agarrada a essas coisas que já morreram, em vez de a fazer viver agarrada às pessoas que a falam, mudando e ficando com elas, indo com elas para todo o lado?
Nos últimos trinta anos, a língua foi sendo expulsa das casas: os contos já não sobem pelas chaminés, já não come à mesa, já não dorme na cama. Na rua, quando por ela passa, já há quem a olhe de lado. A continuar assim, sem eira nem beira, há-de morrer de frio, numa noite de inverno, debaixo de algum telheiro onde, por caridade, lhe permitiram dormir. Não haverá na Terra de Miranda uma casa para a língua, que seja apenas sua e onde entre quem a queira falar, quem a queira aprender ou, pelo menos, dar-lhe uma ajuda? Uma casa que, sem ser escola, sirva para ensinar quem a queira aprender? E onde se guardem livros que falem dela e por ela? Não será assim que a Terra de Miranda mostra que é grande?
Vou a ficar por aqui. Mas ainda vos quero fazer um desafio, a vós mirandeses que, como eu, aprendestes a falar o mirandês enquanto mamáveis, e também a vós que não o chegastes a aprender bem, mas ainda estais a tempo, pois apenas através dela podereis lembrar os vossos avós, e a todos vós que, mirandeses ou não, apenas agora a descobris e também a quereis meter dentro. Olhai para dentro de vós, bem no fundo de vós, e respondei, um por um, olhos nos olhos: quereis ser os coveiros da língua que herdastes? Quereis deixar que morra a única coisa que é vossa e, como nenhuma outra, vos distingue? Se quereis, então é tempo de comprar a urna e preparar o funeral. Se não quereis, então mexei-vos porque o tempo é escasso para ainda fazer alguma coisa.
Quem esteve a ler, já vai cansado e com razão. Por mim, podia continuar. Com o coração na ponta dos dedos, toda a noite fui escrevendo, sem sono, como quem fica a vigiar para não morrer. Lisboa inteira, à minha volta, deixa-me a falar sozinho. A Terra de Miranda, a quinhentos quilómetros daqui, cheira-me a vindima e a sementeira.

Lisboa, numa longa noite de Setembro de 1999
Fracisco Niebro

Feira de São Pedro promete avivar a economia

Estão abertas as portas daquela que promete fintar a crise e que pretende estimular o tecido empresarial da região transmontana.
São 31 anos de Feira de São Pedro e as expectativas de negócio são elevadas e a organização espera cerca de 70 mil pessoas pelo recinto do Parque Municipal de Exposições, em Macedo de Cavaleiros.
Com um orçamento na ordem dos 350 mil euros, a qualidade quer ser uma exigência contínua.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços está convicto de que esta é uma das melhores feiras empresariais do país.
O presidente da câmara municipal, Duarte Moreno afirma que, 2014 é um ano de viragem para este certame e revela que uma mudança de paradigma está a ser estudada.
A cerimónia de inauguração foi presidida pelo eurodeputado, José Manuel Fernandes, que incita todos os empresários a apostar nos fundos comunitários disponíveis no quadro comunitário em vigor.
O eurodeputado diz que está em marcha uma política de coesão territorial e deixou a fórmula para uma maior competitividade das indústrias do interior.
A Feira de São Pedro abriu com casa cheia, em mais um concerto abrilhantado por Tony Carreira.
A festa continua ao longo da semana, com artistas da terra, e ainda Quim Barreiros e GNR.

Escrito por ONDA LIVRE

CONTOS NO TERREIRO AO LUAR DE AGOSTO, de Júlia Ribeiro. Apresentação de Hercília Agarez

Para quem a não conhece, diremos que nasceu em Torre de Moncorvo, se licenciou em Filologia Germânica em Coimbra, é mestre em Ciências da Educação  e exerceu importantes cargos no âmbito do ensino, tendo sido leitora na Universidade de Leipzig.
    Para o que aqui nos interessa, diga-se que foi autora de vários livros cujas datas de publicação desconhecemos. É para falar da última obra que estamos aqui, embora pouco tenhamos a acrescentar ao que constitui a sua matéria introdutória. Na verdade, após um prefácio escrito por mão segura e conhecedora dos meandros da cultura popular transmontana em que são realçados os aspectos mais relevantes do livro aos níveis do conteúdo e da forma, temos dois testemunhos sobre o mesmo e a introdução da responsabilidade da própria autora. Não temos, portanto, muito a acrescentar, com a desvantagem (ou vantagem?) de desconhecermos Júlia Ribeiro.
    Lemos o seu livro na totalidade, embora não profundamente por falta de disponibilidade. Assim, passaremos à sua apreciação, resultante da nossa sensibilidade enquanto leitores.
   Parece ser timbre dos transmontanos o seu apego às raízes. Nascidos em terras desfavorecidas e vítimas de uma interioridade madrasta, tiveram, aqueles a quem estavam reservados mais altos voos, de se deslocar para meios académicos. Outros, para quem o amor soou mais alto, seguiram o seu destino familiar a arrastá-los para longes terras. Seja como for, raramente renegaram o berço, tantas vezes humilde, onde abriram os olhos para um mundo de pureza e de silêncio. E ei-los, sempre que possível, em busca de sítios e gentes da sua infância, a segregarem baba, como o cão de Pavlov, à simples ideia de irem saborear aquele fumeiro inconfundível, a tenrura de uma boa posta, o sabor das couves num caldo bem regado com azeite da região e migado com a broa que conseguiu escapar à modernidade.
    De olhos cansados de ausências, agora enxutos, fazem percursos de reconhecimento, interiorizam partidas irreversíveis, dão-se conta de todas as transformações ditadas pelo progresso, lamentam o desaparecimento de quanto, gravado na memória, faz parte do seu património afectivo, material e imaterial.
    De ano para ano encontram as aldeias mais desertas, mais transfigurada a paisagem, mais urbanizados os habitantes. Vão-se apercebendo do encerramento dos Fornos do Povo, da raridade das Vezeiras, do arremedo grotesco das Chegas de Bois, do fim de tradições ancestrais de que se salvaram, por exemplo, os Caretos.
    Repetimos: os transmontanos são ciosos da sua identidade, da sua cultura, da sua ruralidade sã e espontânea. Mas, como acontece um pouco por toda a parte, parece haver um antagonismo entre o autêntico e o artificial, entre a agricultura e a indústria, entre as histórias contadas à lareira ou ao luar e as telenovelas.
    Se o nosso passado, antropológica, monumental e etnograficamente de extrema riqueza chegou à era do novo-riquismo globalizado, onde o materialismo impera como rei absoluto, tal fica a dever-se ao interesse por ele manifestado por estudiosos portugueses e estrangeiros que foram capazes de captar a sua essência identitária e sobre ela trabalhar como tem acontecido, por exemplo, com arqueólogos e epigrafistas, com etnomusicólogos do gabarito de Michel Giacometti, com teimosos defensores e incentivadores dos jogos populares, como foi António Cabral, com apaixonados pelos registos orais do povo, cheios de pitoresco e de riqueza de linguagem regional de que é justo referir o trabalho de campo empreendido, entre outros, por Alexandre Perafita. Sem esquecer o apaixonado e profícuo trabalho dedicado à divulgação de rituais profanos ligados à máscara levado a cabo por Pinela Tiza. E, claro está, graças aos inúmeros escritores que fazem gala em cultivar um tipo de literatura erradamente qualificada de regionalista.
    Feita esta introdução, entremos no livro. O título e a capa são esclarecedores e remetem-nos para um espaço rural e para um tempo longe onde se contavam histórias ao ar livre, aproveitando a luz poética do luar de Agosto, assistente mudo do que se passava lá em baixo. Quer isto dizer que a autora, cuja infância foi passada numa aldeia do Concelho de Moncorvo, foi armazenando na sua memória os enredos tantas vezes rocambolescos narrados por contadoras e contadores, quase todos gente do povo, iletrada, transmissores em segunda ou terceira geração daquilo a que Pires Cabral chama contas nesse livro muito apreciado que se chama O Diabo Veio ao Enterro.
    A autora dá a voz a esses agentes transmissores de histórias que oscilam entre o picaresco, o fantástico, o sobrenatural, o lendário e o trágico. Serve-se dos resquícios da memória e aviva-as, muitas vezes aproveitando-as como ponto de partida para a efabulação, donde a aliança do real com o imaginado. Nesta primeira parte do livro há que realçar três tipos de registos: simples narrativas, a que poderemos chamar, como Rogério Rodrigues, short storys, condensadas em pouco mais de uma página, episódios e contos propriamente ditos onde a acção assume um desenvolvimento onde cabem descrições e um emaranhado de peripécias criador de ambiente de expectativa.
    São inúmeros, como ficou dito, os contadores, quase todos, assim como algumas personagens, com nomes e alcunhas bem típicas das aldeias. Exemplificando: Alfredo Bota-e-Meia, Tia Olinda Falinhas, Tia Noventa, Teresa Gata, Manelzão, Tia Catalona, Tio António Calvo, Deolinda Rola. Para dar verosimilhança à ruralidade dos narradores, é natural que a autora, a exemplo de grandes contistas transmontano-durienses como Trindade Coelho, Bento da Cruz, Pires Cabral, Torga, João de Araújo Correia e outros, recorra a regionalismos como esboucenada, mandastros, casquinar, lessos, alanzoar, incoirachas, fraca-chichas e muitos mais, e a expressões com sabor a provérbio facilmente descodificados pelo contexto.
    Além dos aspectos apontados, importa realçar o valor documental destas narrativas pelo que elas encerram de elementos históricos, sociais, económicos, antropológicos, geográficos, políticos. São elas fixação perene de realidades devidamente enquadradas num espaço real –o bairro da Corredoura – e num tempo em que a maioria das casas aldeãs não tinham água canalizada, o que levava a entrarem em acção cântaros a caminho da fonte, em que o meio de transporte mais usado era a família dos equídeos, em que a roupa era lavada, também na fonte, com sabão e cloreto. Tempos sem televisão nem centros culturais, falhas que não invalidavam a distracção dos camponeses, fiéis assistentes de um espectáculo ao vivo a funcionar, sempre, como estreia.
    Nesta primeira parte do livro à autora cabem apenas (e nem sempre) palavras introdutórias quando se impõem informações importantes para a compreensão das histórias. Logo passa a palavra a quem as sabe contar com toda a ingenuidade e realismo, num colorido pitoresco, com pausas nos momentos próprios, como profissionais que sabem, tecnicamente, como manter o clima de suspense, como não deixar adormecer os adultos, já que a miunçalha, apesar da curiosidade, acabava por adormecer no fresco do terreiro, em cima de mantas.
    De registar a vivacidade conferida ao desenrolar da acção. Garantem-na os actores secundários, ou seja, aqueles que interrompem o contador para fazer comentários, pedidos, reclamações e aclamações. A autora preocupou-se com pormenores como o uso de expressões exclamativas bem ao gosto da religiosidade popular como por exemplo “Santo nome de Deus! Livrai-nos de todo o mal!”, “Vai para o quinto dos Infernos!”, “Deus nos livre dos maus pensamentos e das tentações do demónio”, “Que Nosso Senhor nos acuda!”, “Santíssima Trindade!”, “Credo! Abrenúncio”. E já que falamos neste traço da psicologia das gentes simples e que nunca largaram as berças, acrescentemos a sua credulidade, a sua fé em rezas, benzeduras e esconjuros, o medo do fim do mundo, o ódio aos judeus, a confiança no efeito de remédios caseiros, as bruxarias, as visões, o gosto pelo fantástico, a tendência para misturar o divino com o profano, o desempenho das carpideiras, a defesa da justiça popular, etc.
    De entre os contos, e por razões tão diversas como a técnica narrativa e a matéria narrada, saliento, no primeiro caso, “O Vagabundo dos Olhos Claros”. O estatuto da narradora, a pessoa então mais respeitada na aldeia a seguir ao padre, confere um ambiente mais formal à assistência e é garante de seriedade, de ausência de brejeirice em que os narradores machos eram peritos. A narração, bem diferente, em vários aspectos, das restantes, não tem interrupções e é evidente a sua densidade, traduzida na quase total ausência de parágrafos a fazer lembrar José Saramago. Os presentes mantinham a expectativa devido às capacidades histriónicas da D. Luzia, a professora primária. Pensamos que os leitores, desta vez graças à mestria da autora, também não abandonarão a leitura a meio.
    Se, por uma razão ou por outra, todos os textos encerram os seus atractivos de conteúdo e nos ajudam a melhor compreender a realidade rural transmontana de meados do século passado, a sua identidade, qual espécie em vias de extinção, escolhemos os que despertaram em nós maior interesse e que são: “Mesmo depois de Morto”, pelo insólito do desenlace, “As Gémeas”, pela crença em Nossa Senhora, “As Mãos Postas”, pelo domínio do fantástico, “A Dentada” pelo espírito de vingança em questões de honra feminina, “Ó Ri-Có-Có” pelo realismo descritivo, sem falsos pudores, e pela violência exercida por um homem num casamento comprado, “O Vestido Lilás”, pela mentalidade, pelo sofrimento infligido a uma miúda por uma crendice maquiavélica.
    Como nos comediógrafos Aristófanes e Gil Vicente, como nas fábulas de Esopo e de La Fontaine, também a função morigeradora está presente, implícita ou explicitamente, nestas narrativas em geral baseadas em factos reais e a que a autora dá forma escrita que enriquece com o aproveitamento ficcional. Significa isto que o povo, divertido ou comovido, está, sem disso se dar conta, a ser edificado.
    Sobre esta primeira parte do livro resta tecer um comentário: se a acção das histórias se localiza num espaço real do nordeste transmontano, as personagens nelas envolvidas viviam, pensavam e agiam como quaisquer outras na mesma época, mas noutros locais do país, tinham hábitos idênticos, regiam-se pelos mesmos princípios morais, seguiam a mesma religião, tinham vícios e virtudes semelhantes. Era o povo no seu melhor e no seu pior, a gente genuína que cultivava as leiras, que guardava o gado, que cozia o pão, que matava o porco. Eram os cesteiros, os ferreiros, os latoeiros, os ferradores, os marceneiros, os mordomos das festas, os homens que se excediam na pinga em dias de romaria, que mimavam as conversadas, que não deixavam a defesa da honra por mãos alheias.
 Passando à segunda parte da obra (lembre-se ser ela o resultado da junção de três obras anteriormente publicadas), preparemo-nos para leituras outras. A autora assume o papel de narradora o que altera, desde logo, o registo da escrita. Da ficção passamos para a realidade, para o relato de histórias verídicas, também elas antigas, remontando até ao último quartel do século XIX com a sua instabilidade política entre progressistas e regeneradores e indo até á década de cinquenta do século XX. Agora o recurso à imaginação e o esforço da memória dão lugar à atitude de responsabilidade de quem se propõe registar factos ocorridos na zona de Moncorvo e que carecem de consulta de fontes orais e escritas, trabalho aturado exigido pelo rigor histórico.
    Com a narradora fazemos uma viagem ao passado com os seus costumes – “A prisão do Sr. Abade” - , as representações teatrais de carácter religioso –,“ Vai em Paz” - , a educação das raparigas – ,“A Marquinhas dos Remédios” - , a confecção do fumeiro –, “A Esmola” - , a Segunda Grande guerra e o mercado negro –,“O Horácio Espalha” - , a emigração –, “O Teodorico Carteiro” - , a sabedoria popular – “Os três Grãos de Cevada” - , a crença em milagres –, “Fablina” - , o quotidiano de uma pensão urbana e outros relatos alheios à Corredoura – ,“A Benção”, “Trocadilhos”, etc.
    Pelo facto de neles estar ausente a ficção, estes episódios revestem-se de interesse para o leitor, não apenas como documentos de uma época, mas pela vivacidade que a autora lhes empresta.
   Sem grandes preocupações estilísticas, nem obsessão de burilar as frases, antes numa linguagem desenxovalhada e impressionista, num ritmo narrativo fluido, Júlia Ribeiro dá provas da sua apetência pela escrita, da sua habilidade em transitar bruscamente do discurso directo para o indirecto, de adaptar a cada personagem a maneira de falar que ajuda a torná-la verosímil, do seu entusiasmo ao reviver um passado que também lhe pertenceu e que teima em não deixar morrer para o bem de quantos se orgulham de uma cultura ancestral que a modernidade teima em tornar obsoleta.
    A nomes mais sonantes da literatura transmontano-duriense como Miguel Torga, Trindade Coelho, João de Araújo Correia, Pires Cabral, Bento da Cruz, têm vindo a juntar-se, no registo de uma transmontaneidade de antanho, escritores teimosamente residentes na região e outros a trabalhar fora do país, como Isabel Mateus. Júlia Ribeiro vive na cidade do Lis, mas a sua terra de origem mantém na sua memória a nitidez de outrora e a evocação dos tempos nela passados como criança e adolescente trar-lhe-á uma  saudável saudade misturada com a satisfação de um dever cumprido enquanto agente literário de preservação de usos, costumes e tradições que a voragem do tempo irreversivelmente engoliu. 


 M. Hercília Agarez
Vila Real, 13 de Junho de 2014
Bragança, 14 de Junho de 2014

in:altm-academiadeletrasdetrasosmontes.blogspot.pt

Distinções honoríficas congratulam quatro personalidades - Macedo de Cavaleiros

A inauguração da Feira de São Pedro ficou marcada pela cerimónia de entrega de distinções honoríficas.
O Município de Macedo de Cavaleiros atribuiu a Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro a Alfredo Castanheira Pinto, Provedor da Santa Casa da Misericórdia.
Os presentes levantaram-se para aplaudir Castanheira Pinto, que é natural de Vinhais mas que está de alianças vincadas há 54 anos com o concelho macedense.
Dar aos outros sem qualquer pretensão de receber é o lema do provedor.
“Antes de mais tenho que começar por lhe dizer que sou natural de Vinhais pelo nascimento, de Bragança, onde aprendi a ler e a escrever, e em Macedo de Cavaleiros há 54 anos, pelo matrimónio.
Durante estes 54 anos lutei pelo bem-estar das pessoas, lutei pelo desenvolvimento desta terra, desinteressadamente.
Não tinha interesse em receber nada, e não estava à espera de nada.
E continuarei a desenrolar o mesmo trabalho a favor dos pobres, dos desprotegidos e daqueles que mais necessitam neste país e desta terra.
Para mim tem muito significado, porque sendo eu uma pessoa que não estou à espera de recompensa nenhuma, esta homenagem que me foi prestada hoje caiu-me no fundo do coração.
O meu lema é dar sem esperar nada em troca. Absolutamente nada. Mas acabou por vir.
Passados 50 anos veio a recompensa pelo trabalho que desenvolvi a favor dessas pessoas.”
O Município atribuiu a Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro Alfredo Augusto Vaz, a título póstumo, Presidente da Junta de Freguesia de 1982 a 2008.
Uma distinção recebida pelo vereador socialista, Rui Vaz.
“Todos nós nos confrontámos com uma pessoa extraordinária, um homem a quem o povo reconhecia o seu trabalho, um homem que dedicava 24 horas do seu dia à sua junta de freguesia. Estive no seu comércio, estivesse na junta, na rua ou em casa.
Nunca negava um serviço da sua junta de freguesia.
Foi um homem que teve uma causa, à qual se dedicou extraordinariamente, que foi a D. Nuno Alvares Pereira, a quem conseguiu dar o nome a uma avenida nesta terra e colocar uma estátua.
Conseguiu reunir apoio durante uma série de anos. E por isso estamos perante uma figura ímpar do nosso concelho e da cidade em particular.
É uma homenagem merecida. E sinto-me muito honrado pelo filho, não podendo estar presente, me tenha pedido para o representar.”
A Medalha de Dedicação e Bons Serviços, Grau Ouro, foi atribuída a título póstumo, a António Gonçalves Pinto, Diretor de Departamento da Câmara Municipal de 1998 a 2012, recebida com orgulho pela esposa, Lurdes Pinto.
Um Voto de Louvor foi para Clícia Queirós.
A atleta da Associação de Desportos de Combate de Macedo de Cavaleiros que trouxe a medalha de bronze no Campeonato do Mundo de Low-Kick que decorreu no Brasil em setembro do último ano.
O Presidente da Câmara Municipal, Duarte Moreno foi quem condecorou condecorar as quatro ilustres personalidades.
Quatro distinções honoríficas a marcar o início da 31ª edição da Feira de São Pedro de Macedo de Cavaleiros.

Escrito por ONDA LIVRE


“Pescadinha” homenageado com fotobiografia

António Joaquim Ferreira, mais conhecido como “Pescadinha”, foi homenageado com uma fotobiografia intitulada “Do rapaz do acordeão ao dinossauro autárquico”.
O livro, que conta com mais de cem páginas, junta fotografias daquele que foi presidente de Macedo de Cavaleiros entre 1976 e 1994.
Maria Hermínia Ferreira, viúva de “Pescadinha”, relembra a vida agitada do homem com quem dividiu a vida e que tinha um grande amor por Macedo.
Para além de fotografias, cedidas pela família, a fotobiografia é pautada por testemunhos daqueles que privaram com o antigo presidente.
Duarte Moreno, atual autarca do município, salienta as obras que António Joaquim Ferreira fez no concelho, e diz ser uma inspiração.
António Joaquim Ferreira, conhecido por “Pescadinha”, foi presidente de Macedo de Cavaleiros durante 18 anos.
Um ano após a sua morte, a sua história salta para as páginas de uma fotobiografia, que compila as vivências daquele que seria um dos autarcas mais marcantes da cidade.
O autor do livro “Do rapaz do acordeão ao dinossauro autárquico”, Carlos Batista, não quis prestar declarações à Onda Livre.

Informação ONDA LIVRE

Projeto Florestal promove reflorestação na Serra de Santa Comba

O Perímetro Florestal de Santa Comba tem em execução um Projeto Florestal inserido no conjunto das compensações ambientais pelo abate de espécies arbóreas protegidas presentes na área de implementação do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor.
A intervenção na Serra de Santa Comba faz parte de um conjunto de 5 Perímetros Florestais abrangidos, tendo no concelho de Mirandela contemplado ações de reflorestação nas áreas das freguesias de Lamas de Orelhão, Passos e Suçães.
O projeto abrange uma área total de 311 hectares, sendo que o Perímetro Florestal de Santa Comba representa 26% da área total, com aproximadamente 81 hectares intervencionados. Neste perímetro foram delimitadas quatro parcelas de intervenção, selecionadas de acordo com a sua aptidão para ocupação com sobreiro (Quercus suber) ou com azinheira (Quercus rotundifolia), o que dará origem a uma nova área de sobreiral com 53,1 hectares e a uma nova área de azinhal com 27,7 hectares. Foi ainda contemplada a beneficiação de 12 km da rede viária que permite o acesso às quatro parcelas de intervenção. 
Estas ações resultam do estabelecimento de um acordo entre a EDP Produção e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), entidade responsável pela cogestão destas áreas, em conjunto com as comissões de compartes dos respetivos baldios e contam com a colaboração das autarquias, no caso de Mirandela é o Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal que tem acompanhado a implementação do projeto.

Duas dezenas de pessoas “meteram a mão na massa” para fazer cusco transmontano

Mais de duas dezenas de pessoas  “meteram a mão na massa” este fim-de-semana em Fresulfe, no concelho de Vinhais,  para fazer  cuscuz ou, como se diz em Trás-os-Montes, cusco. Uma actividade organizada pela associação TARABELO que pretende reavivar esta tradição transmontana.
Fazer cusco exige tempo, e paciência. Dependendo da quantidade de farinha utilizada, pode levar horas a fazer. Um facto que leva a que os participantes da oficina de cusco tenham dúvidas se vão fazer a receita em casa. “Não é fácil. É fácil quando se gosta mesmo de aprender e fazer com gosto. Aí torna-se fácil porque a paciência aumenta. Já estou a transpirar mas nada de desistir”, confessa Maria Cordeiro. “Eu tenho um bocado de dúvidas porque isto exige espaço para confeccionar e tempo. Pensar que vamos estar meia dúzia de horas de um mês ou dois é um bocado complicado. De qualquer modo a parte táctil do fabrico é muito interessante”, considera Franclim Pereira que veio de Braga de propósito para esta actividade. 
A demora na confecção do cusco faz com que antigamente esta fosse uma tarefa essencialmente de inverno, quando os agricultores passavam mais tempo em casa. Depois de seco, o cusco era guardado e consumido ao longo do ano. 
Agora Fernanda Afonso faz cusco mais vezes devido à colaboração com a TARABELO. Sara Riso, presidente desta associação explica como surgiu esta ideia. “A primeira edição da actividade surgiu um pouco do acaso, de termos tido a feliz coincidência de conhecer uma senhora como é a dona Fernanda, aqui de Fresulfe que já faz o cusco há muitos anos que teve a paciência de nos explicar todo o processo do cusco”, conta. 
A reportagem sobre o cusco transmontano para ouvir hoje, aqui na Brigantia às 17 horas e ler na edição desta semana do Jornal NORDESTE. 

Escrito por Brigantia

XVI Feira dos Produtos da Terra de Ervedosa proporciona dia de convívio a dezenas de participantes

Em Ervedosa, no concelho de Vinhais a Feira de Produtos da Terra serve, essencialmente, para proporcionar o convívio entre os habitantes da freguesia e de outras aldeias do nordeste transmontano que se fazem representar no certame.
A XVI Feira de Produtos da Terra decorreu ontem e contou com 38 expositores, número que a organização garante que só não foi ultrapassado por questões de logística, tendo sido rejeitadas algumas inscrições. 
Os vendedores vêm não tanto pelo volume de negócios mas pelo convívio. “Nem que não vendamos viemos igual, gostamos de vir pelo convívio”, confessa Isaura Santos. “Compensa vir pelo convívio e pela tradição mas não se vende quase nada”, acrescenta Fernanda Teixeira. A feira começou há 16 anos pelas mãos de Franclim Nascimento, na altura presidente da Junta de Freguesia. 
O actual secretário da Junta afirma que o certame continua a justificar-se para dar algum dinamismo à aldeia. “Estas iniciativas são sempre bem-vindas. Juntam-se as pessoas, conversam, revivem o passado… As pessoas vão vendendo, esgotam quase sempre os produtos”, salienta. 
A autarquia de Ervedosa quer continuar a promover nos próximos anos o certame que proporciona ainda um almoço convívio e actuação de vários grupos musicais ao longo da tarde. Recordo que a escola do 1º ciclo desta localidade esteve na lista de escolas a encerrar no próximo ano lectivo. 
Entretanto, os pedidos da junta de freguesia e da Câmara Municipal de Vinhais para que a escola não encerrasse foram ouvidos pelo Ministério da Educação, mantendo-se em funcionamento no próximo ano lectivo. 

Escrito por Brigantia

Comandante Joca homenageado pelos Bombeiros de Macedo de Cavaleiros

Os Bombeiros de Macedo de Cavaleiros aproveitaram o dia de S. Pedro para condecorar os soldados da paz que mais se têm distinguido. 
A sessão decorreu ontem e a figura mais aplaudida foi o comandante João Venceslau, mais conhecido por comandante Joca, designado no mês passado Comandante Operacional do Comando Distrital de Operações de Socorro de Bragança. 
João Venceslau esteve 25 anos ao serviço da corporação de bombeiros de Macedo e provocou uma onda de solidariedade da população quando um acidente em 2011, ao desatrelar o tractor de um veículo pesado de transporte de máquinas, lhe colocou a vida em risco. 
Agora bem de saúde e depois de ter abraçado um novo desafio profissional, o comandante não conteve as lágrimas pelas medalhas, aplausos e carinho recebidos pelos bombeiros e população de Macedo de Cavaleiros. 

Escrito por Brigantia

XXXI edição da Feira de S.Pedro em Macedo de Cavaleiros espera mais de 80 mil visitantes

31 anos após a primeira edição, a Feira de S. Pedro continua a atrair milhares de pessoas a Macedo de Cavaleiros. 
António Cunha, presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros considera que o sucesso do certame se deve não só os concertos de nomes como Tony Carreira ou os GNR, cabeças de cartaz desta edição, mas também porque a Feira de S. Pedro é um centro de negócios da região transmontana, onde os visitantes podem conhecer as novidades das principais empresas de Trás-os-Montes.
“Aqui é onde as pessoas têm o hábito de vir a fazer alguns negócios e ver alguns produtos que ainda não tinham visto. Penso que ainda há pessoas que preferem ver as novidades ao vivo do que na internet. A qualidade dos expositores, a qualidade do espectáculos e o nosso profissionalismo faz com que esta feira continue a ser uma das quatro melhores feiras do país”, considera. 
Na abertura da feira, no sábado, esteve o eurodeputado José Manuel Fernandes, eleito nas eleições europeias do mês passado, para os distritos de Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança pela lista da Aliança Portugal que coligou o PSD e o CDS-PP. O eurodeputado defendeu a importância deste tipo de certames para dinamizar as regiões do interior. “Este tipo de certames para além de serem uma mostra da vitalidade, da força do território, são também formas de divulgar e incentivar o uso de programas de fundos comunitários”, salienta. 
A 31ª edição da Feira de S. Pedro decorre até ao próximo sábado. Conta este ano com 250 expositores e um orçamento de 350 mil euros, menos cem mil do que no ano passado, e espera atrair cerca de 80 mil pessoas. Na sessão de abertura do certame houve tempo ainda para o município de Macedo de Cavaleiros condecorar quatro personalidades importantes para o concelho. 
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros foi um dos homenageados. Ainda no mês passado, Alfredo Castanheira Pinto tinha sido homenageado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Agora agradece este reconhecimento por parte dos macedenses. “Sou de Vinhais por nascimento, sou de Bragança onde aprendi a ler e a escrever e sou de Macedo de Cavaleiros pelo matrimónio, há 54 anos. Durante esses 54 anos não fiz mais nada do que dar o meu pobre contributo com a sociedade sem interesse qualquer que esse trabalho fosse reconhecido. Acabou por ser. Muito obrigada a todos”, disse no final da condecoração. 
Na mesma cerimónia foram ainda distinguidos Alfredo Augusto Vaz, presidente da Junta de Freguesia de Macedo de Cavaleiros durante 26 anos, António Gonçalves Pinto, director de departamento da Câmara Municipal durante 14 anos e Clícia Queirós, atleta de Desportos de Combate. 

Escrito por Brigantia

Eurodeputado quer ajudar os produtores de morangos de S.Pedro Velho a consolidar a marca

A criação de um agrupamento de produtores de morangos em S. Pedro Velho pode ser o primeiro-passo para a afirmação do produto no mercado e para evitar a flutuação do preço destes frutos.
Uma ideia que tem vindo a ser discutida pelos produtores e autarcas locais e que foi também defendida na última edição da Feira do Vinho e Morangos de S. Pedro Velho, no passado mês de maio, pelo director regional de Agricultura e Pescas do Norte. Em visita ao nordeste transmontano, o eurodeputado José Manuel Fernandes ouviu as principais preocupações dos produtores e autarcas em relação à comercialização do fruto que começa a ser cada vez mais procurado. 
José Manuel Fernandes recorda que visitou a Feira do Vinho e Morangos, numa altura em que estava em campanha para as eleições europeias, e que assumiu o compromisso de ajudar a consolidar a marca dos morangos de S. Pedro Velho. Uma promessa que quer cumprir. “Vim num compromisso que assumi com este território, um compromisso de proximidade com o distrito de Bragança. Quando estive aqui na feira dos morangos comprometi-me a vir a S.Pedro Velho e cá estou. Estive a aperceber-me das necessidades, dos objectivos dos produtores e das formas que temos de ajudar a melhor utilizar os recursos que temos à nossa disposição, nomeadamente os fundos comunitários”, salienta. 
O eurodeputado considera que ainda há muita coisa que pode ser feita à volta dos morangos de S. Pedro Velho. “Tem sido feito um trabalho notável mas apercebi-me que ainda há uma hipótese de expansão, de aumento de produção o que implica que se possa avançar para esse aumento desde que haja venda do produto”, sublinha. 
O presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro velho, Carlos Pires reafirma que os produtores têm de mudar a mentalidade e deixar de trabalhar individualmente para passar a trabalhar em grupo, pois sem isso não será possível avançar com novas ideias. “Trabalham bem mas talvez ainda de uma forma muito amadora. Mas é inevitável, vão ter que se agrupar senão, dificilmente conseguirão sobreviver”, realça. Uma ideia partilhada pelo presidente da Câmara Municipal de Mirandela, António Branco, que acredita que ainda este ano se possa avançar com o agrupamento de produtores de morangos. “Aquilo que nós queremos fazer este ano é tentar fazer contactos com agrupamentos de compra para ver se conseguimos estabilizar a produção e valorizá-la”, revela. 
Neste encontro do eurodeputado José Manuel Fernandes com produtores e autarcas, que decorreu na passada sexta-feira em S. Pedro Velho, estiveram ainda em cima da mesa questões como a transformação e conservação dos morangos. 
O recém-eleito eurodeputado pelos distritos de Braga , Viana castelo, Vila Real e Bragança promete continuar a acompanhar a situação e apoiar, não só os produtores de morangos de S. Pedro Velho mas também outros produtores da região. 

Escrito por Brigantia

“O Brilho da Fé” na cidade de Cascais

Pronto para ver “O Brilho da Fé”? A partir de amanhã, no Palácio da Cidadela de Cascais, uma exposição de arte sacra da Diocese de Bragança, com peças que vão dos séculos XVI ao XIX. 

Veja o que diz a revista “Sábado” sobre esta iniciativa do Museu da Presidência da República. Mais informações AQUI

Vinhais recupera Festas de São João

Retomando uma tradição ‘extinta’ há mais de vinte anos, a Junta de Freguesia de Vinhais reavivou as Festas de São João 2014 na vila de Vinhais.
No quadro do Plano anual e Plurianual de Atividades em Curso a Junta de Freguesia de Vinhais recuperou a tradição das ‘Festas de São João’, às quais, entre muita chuva, acorreram inúmeras pessoas que congratularam o evento.
Recuperando valores e rituais que as Gentes de Vinhais tão bem recordam, foi adquirida a figura de São João, a qual, após missa de bênção, foi centro da ‘Cascata de São João’, realizada no emblemática ‘Fonte do Cano’ da Vila de Vinhais.
Das festividades, fizeram ainda parte uma arraial popular, marcado pela tradicional sardinha assada e respetivos acompanhamentos.
O mote está lançado, na certeza de que para o ano haverá mais.

in:noticiasdonordeste.pt

II Passeio pedestre-rota do castanheiro em flor. De Fermentãos a Vila Franca Paisagens espetaculares mesmo com chuva... isto é o Nordeste Transmontano.




Miranda do Douro - Autarca propõe rede de cidades europeias geminadas

O presidente da Câmara de Miranda do Douro lançou hoje o desafio a representantes de municípios espanhóis e franceses para a criação de uma rede de cidades europeias geminadas.
O repto foi lançado no decurso das comemorações dos 30 anos da assinatura do tratado de geminação entre as cidades de Aranda do Duero e Miranda do Douro, que hoje decorreram na cidade espanhola.
"Um dos conceitos desta rede é económico, tendo determinado objetivos muito concretos para a geminação entre os povos e que vão para além do ato protocolar da assinatura de um tratado, objetivos concretos para o desenvolvimento das cidades aderentes à iniciativa", disse à Lusa Artur Nunes.
França já tem algumas cidades geminadas com Espanha e a Miranda do Douro têm chegado propostas de geminação vindas de cidades de Itália, Escócia ou Irlanda.
"Geminar só por geminar não faz sentido. O que faz sentido é criar uma rede de cooperação onde as empresas terão de ser parceiras, a educação terá de ter relevo e a área social ser outro dos pilares das iniciativas a tomar", enfatizou o autarca português.
Segundo Artur Nunes, está já marcada uma primeira reunião para apresentar a proposta, a qual deverá estar concluída até ao final do ano.
Entretanto, numa mensagem enviada aos autarcas das duas cidades geminadas, Aranda do Duero e Miranda do Douro, o secretário de Estado da Comunidades português, José Cesário, felicitou os dois municípios, destacando a importância das relações entre ambos.

Lusa