O distrito de Bragança, uma das regiões portuguesas com maior incidência de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), registou na última década uma redução do número de casos e de mortalidade, foi hoje divulgado numa sessão sobre a doença.
Médicos e outros profissionais ligados à doença reuniram-se hoje, em Bragança, numa sessão sob o mote "Parceria Anti AVC", iniciativa da Sociedade Portuguesa de AVC, na véspera do dia mundial do Acidente Vascular Cerebral, que se assinala a 29 de outubro.
O distrito de Bragança registou uma redução de cerca de 100 casos por ano, segundo dados revelados por Jorge Poço, responsável pela Unidade de AVC da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste.
De acordo com o responsável, "há uma década eram registados 500 casos na região e agora são registados 410 a 420 por ano".
"Parece que está a haver alguma redução em termos de taxa de incidência e de mortalidade no AVC", observou.
O médico afirmou que ainda é ´"um pouco difícil" avaliar os fatores que contribuem para este decréscimo, mas considerou que "pode ser motivado por uma atitude mais agressiva por parte dos cuidados de saúde primários em termos do controlo dos fatores de risco e também a Unidade de AVC já ter vários anos de atividade, o que leva a que seja feito um maior controlo destes doentes.
A redução da população nesta região, que perdeu 12 mil habitantes numa década, é também um indicador considerado, porém Jorge Poço ressalva que "se calhar a população que diminui não é muito a idosa, será mais a jovem que emigrou" e a incidência da doença é maior com a idade.
A distância, sobretudo da população do sul do distrito, do principal hospital da região, o de Bragança, que fica a 100 quilómetros de alguns concelhos, continua a ser apontada entre as dificuldades no acesso à saúde em geral e particularmente no AVC, em que é o tempo é determinante.
A Via Verde do AVC e a fibrinólise, o medicamento que pode reverter os danos causados, só estão disponíveis no hospital de Bragança.
A região dispõe de uma Unidade de AVC em Macedo de Cavaleiros com nove camas por onde passam menos de metade dos doentes.
"O ideal seria que todos passassem pela unidade, mas nem cá, nem a nível internacional é fácil que isso aconteça", afirmou o médico.
O presidente da Sociedade portuguesa de AVC, Castro Lopes, participou no encontro, em Bragança, onde confirmou a tendência regional e também nacional da redução da taxa de incidência do AVC.
Castro Lopes lembrou que, este ano, o Dia Mundial do AVC dá especial atenção à mulher, porque se trata de "uma doença ligada ao envelhecimento e ela vive mais tempo, e com mais mulheres idosas, o AVC tem tendência a ser mais frequente".
A Sociedade Portuguesa de AVC lançou também um prémio de jornalismo sobre a doença para estimular a divulgação das medidas preventivas e de alerta para o sintomas: perda de força, problemas na fala e paralisia da face.
Lusa
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