O Douro rompe por entre rochedos imponentes cobertos de vegetação. A beleza da paisagem natural deslumbra quem se desloca ao miradouro da Penha das Torres, na freguesia de Paradela, concelho de Miranda do Douro. Este local é o cartão de visita desta localidade fronteiriça, onde as histórias do contrabando ou das simples relações comerciais entre Portugal e Espanha fazem parte da memória das pessoas mais antigas.
"O miradouro é um local muito atractivo. Vêm pessoas da região e de diversos pontos do País. Chegam a vir autocarros cheios de gente do litoral e, aquando da concentração motard, até vêm pessoas do Algarve", salienta o presidente da Junta de Freguesia de Paradela, Emílio Sebastião.
Para tornar esta zona ainda mais aprazível, o autarca afirma que a Junta vai melhorar o acesso e colocar placas com informação alusiva à história da freguesia. Através destes painéis em lousa, os visitantes poderão ficar a saber que Paradela fica situada no extremo nordeste do território, no ponto mais oriental de Portugal. A sua localização dá-lhe o privilégio de ser a primeira localidade do País onde nasce o sol.
Segundo Emílio Sebastião, que confessa que não costuma ter muita atenção às horas, no Verão, os primeiros raios aparecem ainda antes das 6 da manhã. No Inverno, o sol deverá nascer pouco depois das 7 horas.
Trata-se de um dado curioso que se associa a outras efemérides que enriquecem a história desta freguesia. A caminho do miradouro é possível contemplar um castanheiro centenário que ganhou o primeiro prémio no concurso "Em busca da maior árvore do Parque Natural do Douro Internacional", realizado em 1999. As dimensões dão-lhe o estatuto do maior castanheiro das redondezas, com 16,90 metros de altura, 4,90 metros de perímetro e um diâmetro médio da copa de 23,90 metros.
Jovens de Paradela rumam a Espanha para trabalhar e regressam diariamente à sua terra natal
As origens do nome da freguesia também deverão ser incluídas nas placas informativas. Dizem os antigos que Paradela surgiu pelo facto de ser um local de passagem e de paragem das pessoas que se deslocavam entre Miranda e Zamora. "Vinham a cavalo e paravam junto à ribeira que separa os dois países a descansar, daí o nome Paradela", reforça Emílio Esteves.
A proximidade com Espanha (a 2 quilómetros do Castro de Alcanices, 25 de Alcanices e 45 de Zamora) contribui para a freguesia manter a população jovem. "Alguns trabalham em Miranda, mas há muitos que se deslocam diariamente para Espanha, onde laboram na construção civil", realça o presidente da Junta.
As trocas comerciais com Espanha foram-se esvanecendo, mas na história ficaram as aventuras dos contrabandistas, bem como as taxas que se pagavam no mercado transfronteiriço. "À saída para o Castro há um cruzeiro, que fica no meio duma eira, onde se realizava uma feira. Ali eram depositadas as contribuições sobre os produtos que eram comercializados entre os dois países", explica Emílio Sebastião.
As minas de estanho também representam um passado próspero. "Quando era garota a minha mãe mandava-me à procura de chinicas (pedrinhas) de estanho, para ir vender à feira de Miranda. Uma vez encontrei uma pedra que tinha para aí um quilo, na altura valia muito dinheiro", conta Maria Luísa Vicente, de 81 anos.
in:expresso.sapo.pt
30 junho 2009
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