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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

… quase poema… ou de mim

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Às vezes assusta-me a felicidade. E a vida é uma coisa tão simples e generosa. Agora tudo está bem. E tenho tempo. E os outros tratam-me com afecto. Sei da paisagem da minha janela… uma janela única, desenhada para mim… verdes… castanhos… dourados e logo será o branco… imortal… imaculado… a pureza única do longo nevão.

… às vezes estou somente eu e a minha solidão e gosto de falar comigo… às vezes concordo… outras vezes acho estranho esta foram de vida… e de pensar… também tenho saudades tuas.
Quando me apetece vou a Bragança e tenho saudades de Bragança… do bulício da noite… das longas conversas da Praça da Sé… do velho Mercado… do cheiro a café de saco no Chave Douro!... e do Zé Luís... o catedrático dos polidores de calçado!.. e sorria! 
… a cidade morre paulatinamente! E em cada recanto emergem as memórias!
Ao fim de semana a cidade é o deserto… povoa-se a aldeia… acende-se o lume… e o pote coze no vagar noite… e os filhos regressam a casa… ao amanho da reforma… às couves que crescem na horta… à matança do porco… ao fumeiro que se ri para a gente!
… os dias passam… as minhas netas crescem… com a sua mãe e o seu pai e com sorrisos… tantos!... e eu estou sempre presente, mesmo na minha ausência.
… e sou livre… e estranhamente feliz… sabendo que tenho tempo… para ter tempo… e esperar!
… chove lá fora… a casa está quente… o serro agora e dourado e verde… misterioso... e os palheiros esperam o verão.
… tu não estás!... mas sei que estás sempre para chegar!
... entardece!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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