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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 30 de março de 2015

O Culto ao Porco em Trás-os-Montes

Pelourinho de Bragança, onde se encontra
 um exemplo das esculturas
pré-históricas representando figuras porcinas.
Os berrões ou varrascos são esculturas zoomórficas de javalis, javardos, porcos. O facto de ser o animal de mais ampla representação no período da pré-história na Península Ibérica demonstra a evidência da veneração que suscitava em tão recuada época. O investigador Santos Júnior trouxe ao nosso conhecimento a existência de cinquenta e três berrões, dos quais quarenta e nove achados em Trás-os-Montes e na Beira Alta. Posteriores trabalhos arqueológicos desenterraram mais nove até ao ano de 1981.
Como sabemos, e os magníficos exemplos existentes no Nordeste o provam, a porca e o porco eram elementos totémicos dos povos que há milhares de anos habitaram a região, rendendo-lhe culto porque acreditavam nas suas virtudes de protecção contra o desconhecido, o misterioso, daí conceberem esculturas a honrá-los e solicitar-lhe permanente auxílio.
Na opinião de especialistas de várias áreas do saber o fascínio tem as suas raízes no facto de a porca simbolizar a fecundidade, a abundância e o princípio feminino da reprodução. A divinização da porca e do porco vem dessa arreigada ideia, daí derivando signos imanentes da fertilidade: as porcas, os porquinhos e berrões.
Os berrões ou varrascos são esculturas zoomórficas de javalis, javardos, porcos. O facto de ser o animal de mais ampla representação no período da pré-história na Península Ibérica demonstra a evidência da veneração que suscitava em tão recuada época.
Escultura de varrasco exposta
na Plaza de Alcizar em Avila
O investigador Santos Júnior trouxe ao nosso conhecimento a existência de cinquenta e três berrões, dos quais quarenta e nove achados em Trás-os-Montes e na Beira Alta. Posteriores trabalhos arqueológicos desenterraram mais nove até ao ano de 1981.
Nas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, acerca dos berrões refere: “Há na província de Trás-os-Montes umas esculturas zoomorfas em pedra, granítica geralmente, representando quadrúpedes, conhecidos pelo nome de Porcos ou Porcas, segundo indica a marcação sexual, nitidamente definida em muito exemplares, se bem que noutros é incognoscível.”
“Parece ser no distrito de Bragança onde abundam mais: são já conhecidas dezasseis…”
“Em algumas partes aparecem estas esculturas ligadas a pelourinhos, como a Porca da Vila de Bragança, que serve de suporte ao desta cidade, e a da Torre D. Chama, mas nenhuma relação tem uma coisa com outra: os pelourinhos são medievais e posteriores e os quadrúpedes em questão remontam à pré-história, contando, portanto, milénios de antiguidade. Têm grande importância como documentação, primária talvez, da arte ibérica, além do significado étnico.”
Relativamente ao culto ao porco em Trás-os-Montes aduz:
“Nada admira que um povo primitivo, residente na área transmontana, prestasse culto ao porco, sem dúvida ainda hoje o animal mais prestadio da culinária transmontana; a sua melhor caixa económica, que se alimenta com todos os rebotalhos, assimilando tudo e tudo restituindo centuplicado com presunto, toucinho, unto, manteiga, lombo, salpicões e tabafeias divinais.
Não admira que este povo adorasse o porco, se ele á a base da sua alimentação, se este povo diz ainda hoje que se Deus viesse à terra, o melhor manjar a dar-lhe seria lombo de porco; se este professa o rifão; das carnes o carneiro, das aves a perdiz e, sobretudo, a codorniz, mas se o porco voara não havia carne que lhe chegara?! Não creio que haja ateus, pois os que como tais se apresentam professam superstições que são a escória da crença na divindade pura; mas se algum infeliz destes há, que venha a Trás-os-Montes e veremos se é capaz de resistir ao argumento divinal do lombo, salpicões e tabafeias dos Santos ao Natal, preparados segundo os preceitos da culinária local.
Entendo pois que a Porca da Vila de Bragança e similares ídolos, são restos de um culto totémico vigente outrora…”

in:testes.virtuasom.net

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