Estava eu no largo da Salina, ainda vejo os vizinhos: Senhor Lázaro Cordeiro, tiu António Alcino, tia Parra, viúva, depois foi viver para Úrros com o seu filho, tiu Barandas e a sua mulher, tia Irene Sales, casa com tiu Joio. Lembro-me muito bem da tia Irene. Quando a bola ou a bilharda se chegava à sua porta não nos escorraçaba, metia uma conversinha e tinha sempre palavras carinhosas. O tiu Zé Gordo, o tiu António Barbeiro, o Senhor Napoleão Moura e a sua esposa, professora primária, Dª Gina, muita braba. Chegou a dar tantas baradas na cabeça das alunas que as fez desmaiar. Um pouco mais abaixo a tia Gracinda, casada com o tiu Morais. Um curral onde moraba tiu Zé Achim com a mulher e suas filhas, Clotilde e Adriana. Depois o tiu Fidalgo e mulher e os seus filhos. Outros esqueço mas a memória deles chega-me com a imagem das corridas com os seus filhos, rapazes e raparigas do meu tempo. O largo da Salina fecha a sul com a entrada na rua do castelo. Mandado construir pelo Rei D. Diniz que em visitas a terras de fronteira, o manda edificar para melhor defesa dos ataques Castelhanos. Foi este rei que mudou o nome para Bemposta, antes se chamava Pereinha.
Dentro do Castelo morava o tiu Celestino Bento e sua esposa, D.ª Aninhas, tantas vezes vi minha mãe cozer o pão no forno. Nesse tempo Bemposta borbulhava de pessoas. Na minha infância a barragem está na força de construção e companheiros de jolda não faltam.
Na rua do castelo morava a tia Lurdes mãe do meu amigo de jolda o Manuel Sales. Também a seu lado morava o tiu Roelo com sua mulher e seus oito ou nove filhos.
António Cangueiro |
Assim se passou mais um dia de jolda. O Manuel com a cabeça rachada, eu com uma dentada.
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