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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Fundos Europeus: obrigação de acolher para contribuir

O burburinho começa lentamente a instalar-se num ambiente descontraído, falsamente descontraído, quem sabe, fluido como se deseja neste tempo que antecede a  reunião para que todos foram convidados: pequenos empresários, simples negociantes, expositores, artistas, artesãos, curiosos, representantes regionais de partidos políticos. As escadas de acesso à antecâmara deram suporte aos primeiros cumprimentos ou só acenos, uns espontâneos, outros diplomáticos.

A sala encontra-se completamente cheia! A uma certa distância e num patamar superior, à mesa de trabalhos, assim se depreende pelos adereços, os notáveis, em fila, foram chegando e tomando lugar. Por fim, com ar de desembaraço, sentam-se os orientadores, só podem ser pelo ar de convicção que expressam. Desfazem-se dúvidas e passa-se imediatamente às apresentações: o senhor Governador, o sr. Presidente, o sr. Delegado, o sr. Diretor e a sra. Diretora, o sr. Engenheiro, Adjunto já não me lembro de quê, o sr. Representante dos comerciantes do nordeste da zona norte que simultaneamente vereia no seu município, a senhora Professora que acumula funções no Departamento Económico para o Desenvolvimento Regional, a sua Assessora, o sr. Doutor, Professor jubilado que “nos” honra com a sua presença e o distinto Empresário, reconhecido no meio e por todos como exemplo máximo nas suas virtudes de verdadeiro empreendedor e conhecedor da dinâmica do bom aproveitamento de fundos. Apresentaram-se ainda os mentores do projeto – apenas seis aqui presentes, pela impossibilidade de os outros seis se encontrarem já no terreno na implementação de medidas necessárias para o estabelecimento de escalões de representação nos setores de apoio.

Sem mais demoras, deu-se início à apresentação do plano que, segundo as palavras naturalmente sábias do dissertador, funcionará, em resumo, como sustentáculo e ao mesmo tempo reprodutor de pequenos nichos empresariais que incrementarão um conjunto de sinergias para o crescimento imprescindível da nossa região o do “nosso” futuro.

- Posso falar, sr.… Engenheiro?

- Evidentemente que sim, faça o favor. O nosso primeiro objetivo é precisamente o esclarecimento de todas as dúvidas. Seria impensável após larga explanação levada a cabo pelo meu colega a quem aproveito para agradecer, seria impensável, dizia eu, que os estimados convidados não sentissem necessidade de colocar questões, dúvidas e expor pontos de vista segundo os seus próprios interesses. Aliás, não poderia ser de outra forma; primeiro porque serão muitos dos presentes, talvez mesmo o senhor - não sei se reside próximo ou talvez venha de longe mostrando o seu interesse, iniciativa e, pelo que constato, capacidades -, a levarem por diante, “desculpe-me a expressão”, a rédea deste megaprojeto, sendo certo que privilegiaremos os reais interessados em trabalhar dentro de um bom espírito de equipa com qualidades humanas tão necessárias nos dias de hoje; segundo porque na génese deste nosso cometimento reside um amor profundo pela nossa região e às nossas gentes, sedentas de lideranças capazes de implementarem progresso e riqueza, evitando males como a desertificação, prestando um contributo essencial ao país, mesmo até no aspeto demográfico, problemática a que somos, desde o início, sensíveis e que se encontra plasmada, como repararão, em vários pontos da minuta que distribuiremos, cativando jovens, aproveitando a sua força natural, o seu conhecimento e cultura para, todos em conjunto, de modo ordenado e exigente, aglutinarmos saberes e aptidões através de especificidades de grupos de trabalho, contextualizados num tronco de sistematização e de orientação, capaz de projetar as nossas terras, pequenas cidades e vilas e as aldeias onde nascemos para patamares de eficiência sócio-económica ao nível do que de melhor existe nos países mais prósperos da Europa. Mais alguma dúvida?

- Desculpe sr. Engenheiro… queria só dizer uma coisinha… é que… ouvi com atenção o que disseram, umas coisas percebi, outras não percebi muito bem, mas parece-me no essencial que um projeto como este já existe, eu mesmo já faço parte dele.

- O teor da sua intervenção, que muito agradecemos, tem razão de ser e, para lhe ser sincero, estava, ou por outra, estávamos já à espera duma questão como a que apresentou. Partamos, para que consigamos bem escrutinar e compreender, de um ponto comum, penso eu, a todos quantos demonstraram pelo menos um pouco de interesse nas informações desta reunião. Como verificam, estão aqui presentes as figuras mais importantes e as autoridades proeminentes da região. Ao contrário de todos vós, não foram convidadas para os primeiros trabalhos oficiais do que julgamos ser o início do empreendimento regional da década com repercussões para o futuro que, certamente esperamos de sucesso e bons resultados individuais. Os autarcas e especialistas desta mesa prontificaram-se desde a primeira hora, exatamente a partir do momento em que tomaram conhecimento do essencial desta iniciativa de pessoas com provas dadas no que respeita às suas formações académicas e de trabalho com resultados exemplares em diferentes áreas. Deste modo, e respondendo concretamente à sua questão, não é nossa intenção, de um modo direto nem mesmo sub-repticiamente veicular análises mais ou menos negativas em relação a outros projetos, limitando-nos à concentração no que estritamente nos diz respeito. No entanto, estou em condições de peremptoriamente afirmar, com o testemunho de todos os que fazem parte desta mesa,  que a iniciativa hoje aqui apresentada possui todos os requisitos estabelecidos. Além disso, a sua abrangência vai além do esperado pelas entidades da Comunidade Europeia que reconheceram a importância e a originalidade do empreendimento desenvolvedor, suportado em bases de planeamento sustentável devidamente reconhecidas. Dele participam, melhor dito, participarão, não só as zonas mais favorecidas, mas também, na devida proporção, sub-regiões até agora botadas praticamente ao abandono, dos fundos comunitários que, diga-se de passagem, temos todos, todos nós, a obrigação de acolher na promessa de prestarmos a nossa contribuição por mais humilde que seja. O projeto tem “pernas para andar” e, como vos disse, é promissor, possuindo já uma marca reconhecida, cuja imagem e sua divulgação em sítio da internet estão já em andamento com empresa especialista da nossa absoluta confiança, destacada para o efeito.

- Mas… já possuo uma marca comum assim, sr. Engenheiro, com logotipo e tudo. Eu e um grupo alargado!

- Bem, muitas outras questões ocorrerão. Sem querermos abusar do vosso precioso tempo, aproveitaremos as próximas reuniões a realizar conforme o calendário que entregámos junto com a minuta. Aqui estaremos, brevemente, mais uma vez, em moldes de estratégia de trabalho um pouco diferentes, efetuando, como disse, reuniões de pequenos grupos, onde questões mais específicas serão certamente debatidas. Agradecemos o interesse e a vossa simpática disponibilidade.

por: A. Fernando Vilela
in:atelier.arteazul.net

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