sexta-feira, 24 de julho de 2015

Pescadores de Montesinho esperaram 2 anos por repovoamento de trutas

Dois anos depois do último repovoamento, cerca de 2 mil trutas foram ontem lançadas à albufeira da Serra Serrada,  em pleno Parque Natural de Montesinho.
O compasso de espera por um novo repovoamento provocou prejuízos aos pescadores e ao prejudicou o turismo das localidades próximas da barragem, como explica António Coelho, presidente da Associação Florestal de Trás-os-Montes, que presta apoio técnico à Associação de Caça e Pesca Amigos de Montesinho a quem está concessionada esta área de pesca. “Isto acarretou prejuízos para a Associação de Caça e Pesca Amigos de Montesinho que durante dois anos se viu impedida de obter as receitas das licenças. Também o Estado Português perdeu porque 25 por cento da receita vai para o Estado. Mas mais importante do que isso, foi perder todas as sinergias financeiras, económicas e sociais que se criam à volta da pesca, promovendo o turismo na aldeia”, sublinha. 
A questão do repovoamento tem gerado alguma polémica, uma vez que o Plano do Ordenamento do Território do Parque Natural de Montesinho considera “os repovoamentos são contraproducentes porque promovem a disseminação de pragas e doenças, causando perturbação no equilíbrio natural entre as populações selvagens e as patologias”, estando por isso proibidos. 
António Coelho explica que o atraso se deveu a uma objecção do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) sobre a pureza genética dos reprodutores da truta. Um argumento que Associação Florestal de Trás-os-Montes não aceita, lembrando que as mesmas trutas que foram postas em causa serviram para repovoar rios fora das áreas classificadas. As associações de caça e pesca têm vindo a reclamar mais igualdade para áreas protegidas. ”Sempre questionamos o Estado Português porque razão fazia um tratamento diferenciado entre repovoamentos dentro e fora de áreas classificadas. Nunca obtivemos resposta. Não há qualquer tipo de argumentação, dentro próprio Estado, quando ele próprio faz esse tipo de repovoamentos fora da área classificada. Ou tinha as características genéticas adequadas e fazia-se o repovoamento ou não tinha e não se fazia”, constata o também pescador. 
Manuel Garcia, da Associação de Caça e Pesca Amigos de Montesinho tem 65 anos e pesca nesta zona desde muito novo. Considera que a barragem e classificação desta área como Parque Natural só vieram prejudicar a biodiversidade nesta área. “Esta barragem teve muitas trutas quando era rio. As barragens impedem a reprodução, a desova dos animais…Antigamente havia muito mais pesca. Os peixes vivem muito das minhocas, dos insectos e da reprodução que se faz pela natureza devido aos animais. Hoje não há animais, não há agricultura, não há nada…Por isso é que hoje tem que se recorrer aos repovoamentos”, considera.
Após um braço de ferro com o ICNF, a Associação Florestal de Trás-os-Montes conseguiu autorização para repovoar a barragem da Serra Serrada com trutas. 
Uma decisão que deixa satisfeitos os cerca de cem pescadores da Associação de Caça e Pesca Amigos de Montesinho. 
peixe07O período da pesca da truta termina no segundo Domingo do mês de Agosto e reabre em Março do próximo ano. 

Escrito por Brigantia

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