As crianças que frequentam a escola do 1º ciclo da Santa Casa da Misericórdia de Bragança participaram ontem na confecção de folar com idosos, utentes da instituição. Uma partilha de saberes e experiências que tem já alguma tradição nas actividades ligadas à Semana Santa, da Santa Casa da Misericórdia.
O local escolhido para esta espécie de workshop de folar transmontano foi o Forno Comunitário da Associação dos Amigos do Forno, junto ao Bairro Além do Rio em Bragança.
As crianças mostraram-se entusiasmadas por serem padeiras por um dia e dizem gostar de folar. “Eu já tinha visto a minha avó e a minha mãe fazerem folar. Na Páscoa costuma oferecer-me chocolate e comemos folar em minha casa”, contou Joana Barros, de 8 anos.
Já Tiago Santos , de 10 anos, confessou que “nunca tinha provado nem visto fazer folar” mas garante que gostou das duas coisas, apesar de lhe parecer “um pouco difícil”.
E para ajudar as crianças esteve Ester Rodrigues que pôs a touca de padeira e meteu as mãos na massa.
A idosa de 76 anos aprendeu a fazer folar com a mãe, em Samil, no concelho de Bragança e este ano, pela primeira vez enquanto utente da Santa Casa da Misericórdia, partilhou a receita com as crianças. “Leva ovos, manteiga, um bocadinho de azeite, boa farinha e o essencial é que levede bem. Depois leva as carnes”, recordou a idosa. Há também tradições, relacionadas com a religião católica, que se reflectem na hora de fazer o folar, para que tudo corra pelo melhor. “Ao começar a amassar, costuma-se benzer e ao meter no forno também faz-se o sinal da cruz, com a pá do forno.
São tradições muito especiais, que haviam de ficar pela vida fora”, acrescentou Ester Rodrigues.
O forno comunitário, que foi recuperado pelo Município de Bragança em 2011 e cedido à Associação Amigos do forno recebe anualmente dezenas de crianças e idosos de várias instituições do concelho, que aproveitam a época pascal para confeccionar folar transmontano e cozê-lo no tradicional forno a lenha.
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