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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Exportações da agricultura e floresta triplicaram nos últimos dez anos

Nos últimos 10 anos, o valor da produção agrícola estagnou, mas as exportações explodiram – em 2015 o sector primário cresceu 5%. O que explica a aparente contradição? Hoje, os agricultores são menos e trabalham uma área muito menor, mas são muito mais produtivos e com nova capacidade empresarial.

Há apenas meia dúzia de anos poucos ousariam acreditar que o sector agrícola, visto como um arcaísmo devorado pela Política Agrícola Comum (PAC) europeia, pudesse algum dia tornar-se numa das estrelas da economia portuguesa. Mas foi o que aconteceu. Um estudo do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) do Ministério da Agricultura fez o balanço da internacionalização do sector na última década e meia e chegou à conclusão que as exportações do sector agrícola aumentaram 409% entre 2000 e 2015, passando de 207 para 1046 milhões de euros (a preços correntes, ou seja, sem a correcção da inflação). Este desempenho pode ser explicado com o facto de o ponto de partida ser muito baixo, mas exprime uma tendência que se registou em todas as dimensões do sector primário. Se considerarmos as exportações do “complexo agro-alimentar”, que inclui os produtos agrícolas, a pesca e a agro-indústria, notamos que o crescimento em valor atingiu os 196%, passado de 1969 para 6133 milhões de euros. E se a este valor juntarmos as vendas ao exterior da fileira florestal, chega-se a uma subida de 106%, tendo as exportações passado de 4,7 para 10 mil milhões de euros.

Uma vez mais, as exportações do complexo agro-alimentar e da floresta cresceram no ano passado acima da exportação média da economia portuguesa. Os produtos agrícolas aumentaram as suas vendas para o exterior em 5%, mas se a estes bens se acrescentar a produção da fileira florestal esse valor sobe para 5,5%. Ora o total das exportações portuguesas ficou-se pelos 3,6%. Os dez mil milhões de euros de bens exportados (num total de 49,8 mil milhões de euros das vendas de Portugal ao estrangeiro) ainda não bastam para cobrir por completo o valor das importações, que no ano passado atingiram os 11,4 mil milhões de euros. Porque há produtos para os quais a agricultura portuguesa não consegue responder, como os produtos de pesca e, principalmente os cereais. Mas a taxa de cobertura das exportações pelas importações voltou a melhorar em 2015. Situa-se agora na ordem dos 89,4%.

Uma leitura rápida destes indicadores pode sugerir que a agricultura portuguesa emergiu da crise e das últimas reformas da PAC como um sector poderoso e em rápida recuperação. Mas não é exactamente assim. Um estudo assinado pelos académicos Francisco Avillez e Mário de Carvalho, publicado nos cadernos de análise prospectiva do GPP, dão conta que o valor acrescentado bruto da agricultura portuguesa (indicador que representa o valor da produção descontado de consumos intermédios, como fertilizantes ou energia) regrediu 7% entre 1994 e 2013. Ou seja, a preços constantes, actualizados com a inflação, a produção agrícola nacional vale menos agora do que quando Cavaco Silva era primeiro-ministro. O que coloca aos estudiosos da economia agrária pelo menos uma questão: como pode um sector que tem um valor de produção menor registar crescimentos tão intensos na exportação?

Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, considera que “o que aconteceu foi uma alteração do perfil produtivo”. Ou seja, os agricultores portugueses deixaram de produzir bens alimentares que só faziam sentido no tempo do mercado protegido e dedicaram-se a cultivar produtos “nos quais são mais competitivos à escala europeia”, continua Capoulas Santos. Dá um exemplo: hoje produz-se muito menos cereais, mas investe-se muito mais na produção de frutos e de legumes. Francisco Avillez sustenta que os indicadores que estudou servem de alguma forma para provar que o contributo da agricultura para o crescimento da economia não foi tão grande como nos últimos anos foi hábito afirmar, mas o caso muda de figura quando entra em questão a agro-indústria. As exportações das indústrias agro-alimentares, segundo o GPP, passaram de 1700 milhões no ano 2000 para pouco mais de cinco mil milhões em 2014. Ou seja, a indústria reforçou o valor da produção base.

Na “evolução selectiva” de que fala Capoulas Santos vale a pena notar o desempenho de sectores como o vinho e, ainda mais, dos hortofrutícolas. No espaço de uma década (2004/2014), segundo dados do INE, a exportação de produtos hortícolas passou de 108 para 212 milhões de euros e, progresso ainda mais impressionante, o sector das frutas subiu as suas vendas ao exterior de 137 para 438 milhões de euros. “Em 2010 estávamos como estão hoje os suinicultores, com problemas de preços e de escoamento e decidimos criar a associação PortugalFresh para explorarmos os mercados externos”, diz Manuel Évora, que dirige a associação. Este ano, o conjunto de sectores que representa (hortícolas, frutas e flores) espera exportar 1200 milhões de euros e, nos próximos quatro anos, a expectativa é que esse valor suba para 2000 milhões. “Estamos a conseguir promover a imagem de um país com condições únicas para a produção hortofrutícola”, acrescenta, porque “entre a floração e a frutificação temos um tempo óptimo, o que permite a produção de fruta e legumes excelentes na cor, nos aromas e na textura”.

Jornal Público

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