O presidente do Município de Carrazeda de Ansiães não participou na tradicional procissão dos oragos das paróquias do concelho, que se realizou no passado Domingo, pretendendo, assim, demonstrar o seu descontentamento pela forma como diz ter sido tratado pela igreja. Em causa está o cargo de direcção que o autarca ocupava no Centro Social e Paroquial de Vilarinho da Castanheira, localidade de onde é natural e onde desempenhou o cargo de presidente da junta de freguesia, durante mais de 20 anos.
José Luís Correia diz ter estranhado a forma como terá sido afastado do cargo, em Outubro do ano passado. ”Isto tem origem num diferendo que houve em Outubro do ano passado, altura em que recebi uma chamada telefónica do pároco de Vilarinho da Castanheira, que me referiu que, devido ao facto de ter alterado os estatutos do Centro Social e Paroquial de Vilarinho da Castanheira, eu não podia fazer parte da direcção porque sou político”, contou à Brigantia.
O autarca mostra-se indignado por considerar, que esta decisão é injusta e não foi tomada da melhor forma. “Convém referir que fui eu que promovi a constituição e construção daquela obra, que criou 12 postos de trabalho e, ao longo de muitos anos, dediquei-me a ela. Conclui, infelizmente, que se veio a verificar aquilo que eu sempre temi, desde a sua criação, tendo o cuidado de deixar a instituição ligada à igreja para que não houvesse pretextos de politiquices. Mal eu podia imaginar que seria eu a vítima porque fui saneado através de um telefonema”, acrescentou.
José Luís Correia vai mais longe e diz mesmo que, apesar de ser católico, a partir de agora, não vai estar presente em qualquer acto religioso, o que inclui a presença em missas. “Conclui que, se enquanto presidente da Câmara, não posso fazer parte de uma instituição que está ao serviço, essencialmente dos mais desfavorecidos, então, enquanto político (assim o entende a igreja porque aquilo que eu sou é autarca) não devo estar ao lado dos padres em qualquer acto ou cerimónia religiosa, apesar de ser católico assumido. Vou continuar a assistir à missa todos os Domingos mas através da televisão ou da rádio”, afirmou.
O autarca garante que comunicou o assunto em tempo oportuno ao bispo diocesano, tendo-lhe referido que, se o pároco da aldeia não fizesse um pedido de desculpas publicamente ao autarca, o mesmo não acompanharia D. José Cordeiro na recente visita pastoral que fez ao concelho, o que se viria a concretizar.
A Brigantia contactou a diocese de Bragança-Miranda, que não quis prestar declarações sobre este assunto, por considerar que “se trata de um assunto de foro pessoal e não institucional”, lembrando, no entanto, que os estatutos dos centros sociais e paroquiais não permitem o desempenho deste tipo de cargos por pessoas que desempenhem cargos políticos.
Apesar das várias tentativas de contacto, não foi possível chegar à fala com o pároco em questão, Óscar Paiva.
Escrito por Brigantia
Sara Geraldes
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