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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Mirandelenses da Diáspora

Os mirandelenses da diáspora estão de volta
Todos os anos, quando se aproxima o mês de Agosto, as vias do nosso concelho ganham mais movimento e as pacatas e quase ermas aldeias ganham nova vida e a cidade enche-se de automóveis. Depois, aqui e além, houve-se falar uma língua que não é a lusíada e olha-se para as pessoas e são das nossas.

O primeiro juízo, ao longo de décadas, dizia aos meus botões que estava perante gente exibicionista que queria ou quer dar nas vistas e mostrar a sua superioridade, pelo menos a «parler». Meditei muito sobre o porquê dos nossos emigrantes, quando regressavam, falarem francês, ou «franciú», ou a língua dos «avec». Mas, como tinha emigrantes na família, fui notando, que o seu vocabulário era o mesmo que se empregava no mundo rural e tudo o mais desconheciam.

O meu cunhado muitas vezes perguntava-me e pergunta-me: - como se diz em português? E fui-me apercebendo que desconheciam muitas palavras em português e o francês de décadas era-lhe mais familiar. O meu trabalho sobre etnolinguística, de que vai sair mais um livro, dentro de curtos meses, encontrou terreno fértil nas conversas com a minha irmã. Ela fala o português quase como era uso no mundo rural há sessenta anos atrás. Isto para dizer aos leitores que passei a ter imensa admiração pelo falar dos nossos emigrantes, seja na língua de Victor Hugo ou de Fernando Pessoa. Contudo, o título refere os «mirandelenses da diáspora», isto é, todos os que abandonámos o torrão natal e nos fizemos à vida por esse Portugal abaixo ou pelo mundo fora. E quem, como eu, sente o berço de uma forma intensa sofre por não estar mais perto.

Quantas vezes pensei regressar a Mirandela ou a uma cidade de Trás-os-Montes? E se via viabilidade de emprego para um elemento do casal, para os dois era uma grande interrogação. Assim, ninguém de bom senso troca o certo pelo incerto. E o meu sofrimento vai-me acompanhar até aos sete palmos da última morada, por ter filhos e netos longe. O filho está do outro lado do mundo, fazendo-me chegar esta mensagem horas depois de partir, mais uma vez: 11.07.2016, seis da manhã (hora local, menos sete horas que por cá), o despertador toca, ainda sou campeão europeu. Percebo que os verdadeiros campeões já aterraram. Recebo notícias que Portugal está ao rubro.

Invade-me a saudade, a vontade de estar aí com a Família, Amigos e desconhecidos, a festejar o que já há muito merecíamos. Estou a 7.500 Kms, demasiado longe do epicentro Lusitano, mas com um orgulho imenso em ser de onde sou. Quanto a isso não haverá nunca distância que encubra a vaidade de assumir as minhas raízes e enfraqueça a vontade de um dia voltar. Demasiado longe mas cada vez mais perto… obrigado Portugal (Tiago). Em tempo de férias ou em breves deslocações vamos enganando as saudades que nos apertam o coração.

Boas férias e bom regresso amigos e conterrâneos! Prefiram os nossos produtos locais e comprem um livro de um autor trasmontano e se for mirandelense ainda melhor. Sabiam que andar muito a pé, ler muito e comerem alimentos saudáveis são três premissas que nos aumentam os anos e a qualidade de vida que temos para viver?

Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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