Lenda da moura do Reboledo
Perto da aldeia de Santa Comba de Rossas, concelho de Bragança, existe um altinho denominado Reboledo, coroado por um amontoado de rochas. Conta a lenda que havia lá um encanto que costumava aparecer a um rapaz que era pastor. E que esse encanto tinha a forma de uma velha muito feia que lhe comia a merenda.
Um dia o rapaz, farto de ficar com forme, pensou: "Hoje não me comes a merenda, pois vou pró Picoto!" E assim fez. Só que também ali a velha lhe apareceu.
Desta vez, porém, ela trazia às costas um grande cesto repleto de boa comida e ofereceu-lho. O moço não quis saber de mais nada. Atirou-se ao farnel com quantas barrigas tinha. Então a velha contou-lhe:
– Sou uma donzela e estou encantada no Reboledo. Vem até lá, ao sítio onde está uma cruz, faz um sino saimão e mete-te lá. Hão de aparecer-te muitos bichos. A cobra sou eu. Se lhe deres um beijo quebras-me o encanto e ficarás rico.
O rapaz disse-lhe logo que sim. Mas ao chegar a hora e ao ver tantos bichos...ah pernas! E nunca mais lá voltou com o gado.
Fonte: Inf.: Maria Antónia Machado Ferro, 77 anos; rec.: Santa Comba de Rossas, Bragança, 2001.
Lenda do Castelo de Pinela
A meio caminho entre Rossas e Pinela, no concelho de Bragança, há um montão de rochas que a tradição baptizou com o nome de Castelo de Pinela. Diz o povo que nesse castelo viveram os mouros e que, ao sentirem-se vencidos pelas hostes da cristandade, enterraram valiosos tesouros nos subterrâneos do castelo, ali ficando à guarda de belas mouras encantadas. Estas mouras, reza a tradição, costumam fazer-se ouvir, ao meia dia e à meia noite de S. João, soltando tristes ais e repicando sinos.
Conta-se que numa ocasião uns rapazes de Rossas resolveram ir, na noite de S. João, em busca desses tesouros. Acontece que, ao chegarem lá, foram assaltados por uma horda de bichos muito feios e apareceram-lhes umas damas a fumar charuto.
Então elas ofereceram charutos aos rapazes e, consoante eles pegavam neles, eram atirados pelo ar para muito longe com pernas e braços partidos. Nunca mais tiveram
vontade de lá ir. Nem eles nem ninguém.
Fonte: Inf.: Maria Ângela Almeida, 72 anos; rec.: Santa Comba de Rossas, Bragança, 2001.
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