sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Professor brigantino afirma que desadaptação entre material circulante e a via foi a causa do acidente fatal na linha do Tua

O professor brigantino Mário Vaz, que integrou a equipa responsável pela peritagem ao acidente da Linha do Tua de 2008, que fez uma vítima mortal e levou ao seu encerramento, refere que o que esteve na origem do descarrilamento foi a desadaptação entre o material circulante e a via e acusa a CP de falta de manutenção.
O docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e investigador do INEGI – o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, recorda a avaliação que foi à época por solicitação do ministério da administração interna e perante as condições de falta de manutenção ficou surpreendido por não ter acontecido um acidente fatal antes.

“A determinada altura decidiu-se reestruturar o material circulante, mantendo a estrutura de base das automotoras anteriores e colocando em cima estruturas em fibra, mas isso criou uma desadaptação entre as suspensões do material circulante e a via de caminho-de-ferro e criou situações para descarrilamentos. O facto de ser operada a baixas velocidades foi uma espécie de anjo-da-guarda durante muito tempo, esse não foi o único descarrilamento mas foi fatal”, afirma.

Para o especialista em engenharia mecânica, havia à altura capacidade para se avaliar a qualidade do serviço, no entanto, esse conhecimento nunca foi utilizada pela CP.

“Percebemos que tinha havido um grande desleixo durante muitos anos. Podíamos ver o know-how da CP, com a manutenção, os chefes de lanço que andavam com um calibre a pé para conferir as distâncias entre os carris, e de repente toda essa gente foi despedida tudo acabou e manteve-se uma via nessas circunstâncias, praticamente sem manutenção, o que terminou num acidente fatal que levou ao encerramento da via”, explicou o investigador.

O docente que começou em 1997 a colaborar com o Instituto Politécnico de Bragança, destaca o papel e a evolução desta instituição de ensino superior. E considera que para evitar a perda de alunos, o politécnico deve apostar em áreas distintivas da região.

“Acho que o IPB devia apostar naquilo que tem, que o distingue de outras instituições congéneres. O facto de estar numa região fortemente agrícola, que tem vindo a crescer em ternos de prestígio dos seus produtos, desde os enchidos ou a castanha, que poderão justificar um investimento mais dirigido da investigação no IPB, dando-lhe a especificidade que talvez precise para se distinguir e Bragança tem tudo para crescer”, sustenta Mário Vaz.

Estes são alguns dos temas de uma entrevista ao professor e investigador Mário Vaz, natural de Bragança, que pode ouvir na íntegra mais logo depois do noticiário das 5 da tarde, na Brigantia, e ler na edição desta semana do Jornal Nordeste. 

Escrito por Brigantia
Olga Telo Cordeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário