Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
…fazer na renda é o teu descanso merecido!
Mas hoje pousa a renda… é Domingo e senta-te aqui ao pé de mim… vamos de novo acender o lume… cozer castanhas e esperar que o pai chegue da longa caminhada… disseste que foi ao negócio para Sendim… que longe mãe!… mas vai chegar quando a ceia estiver pronta…
Senta-te aqui no escano e vamos conversar… ficou tanta coisa por dizer…
… quero que estudes meu filho!
Acho que o pai gostava que tivéssemos comprado uma camioneta SCANIA para irmos ao negócio… da madeira… da castanha… do vinho… e termos uma carteira cheia de notas… e pagarmos a pronto… talvez enriquecermos!
… acho que o pai ficou muito triste mãe!... nunca falamos disso!
… quero que estudes meu filho! Dizias tu e apertavas-me tanto ao peito que até te ouvia o coração.
… e eu estudei Eugénia Minga… e os teus olhos brilhavam como estrelas quando vinha da faculdade!
… sabes coisas tão bonitas meu filho!... nunca tinha ouvido falar do Galileu… a terra anda e o sol está parado!
… acho que o teu pai não acredita… mas eu acredito… fecho os olhos e acredito com o coração!
…mãe o pai ainda estará muito triste por causa da camioneta?!
… não chores meu filho! Então… eu estou aqui! As mães nunca morrem… não sentes o vento que vem dos lados da nossa horta de Valeguimbra?! Então?!
… eu sei... tu estás aqui.. aperta-me ao colo… e canta!
… és tão bonita Eugénia Minga!
… és tão bonita minha mãe!
… vamos fazer a ceia!
Mas hoje pousa a renda… é Domingo e senta-te aqui ao pé de mim… vamos de novo acender o lume… cozer castanhas e esperar que o pai chegue da longa caminhada… disseste que foi ao negócio para Sendim… que longe mãe!… mas vai chegar quando a ceia estiver pronta…
Senta-te aqui no escano e vamos conversar… ficou tanta coisa por dizer…
… quero que estudes meu filho!
Acho que o pai gostava que tivéssemos comprado uma camioneta SCANIA para irmos ao negócio… da madeira… da castanha… do vinho… e termos uma carteira cheia de notas… e pagarmos a pronto… talvez enriquecermos!
… acho que o pai ficou muito triste mãe!... nunca falamos disso!
… quero que estudes meu filho! Dizias tu e apertavas-me tanto ao peito que até te ouvia o coração.
… e eu estudei Eugénia Minga… e os teus olhos brilhavam como estrelas quando vinha da faculdade!
… sabes coisas tão bonitas meu filho!... nunca tinha ouvido falar do Galileu… a terra anda e o sol está parado!
… acho que o teu pai não acredita… mas eu acredito… fecho os olhos e acredito com o coração!
…mãe o pai ainda estará muito triste por causa da camioneta?!
… não chores meu filho! Então… eu estou aqui! As mães nunca morrem… não sentes o vento que vem dos lados da nossa horta de Valeguimbra?! Então?!
… eu sei... tu estás aqui.. aperta-me ao colo… e canta!
… és tão bonita Eugénia Minga!
… és tão bonita minha mãe!
… vamos fazer a ceia!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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