quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Exploração mineira em Moncorvo com contrato “definitivo” assinado.

O contrato "definitivo" que vai permitir a exploração mineira no concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, foi assinado nesta quarta-feira no Ministério da Economia, revelou à Lusa o presidente da câmara de Torre de Moncorvo.
De acordo com Nuno Gonçalves, o contrato vai permitir que num prazo de 18 meses seja iniciada a exploração das minas de Torre de Moncorvo.

"Esta é uma boa notícia para o concelho de Torre de Moncorvo, para o distrito de Bragança e para o país. Como sempre disse, este é um desígnio nacional já que vai ajudar à empregabilidade no território onde há falta empregos", frisou.

No início de 2016, os responsáveis pela MTI-Ferro de Moncorvo, SA avançaram que a empresa concessionária da exploração mineira em Torre de Moncorvo esperava investir 114 milhões de euros até 2026 e produzir de seis milhões de toneladas de minério nos primeiros cinco anos de laboração.

O presidente do conselho de Administração da MTI - Ferro de Moncorvo, SA, António Frazão, referia que os custos de capital a investir está escalonado ao longo da vida do empreendimento, com uma previsão de investimento de cerca de 38,5 milhões de euros para iniciar a produção.

Segundo o responsável, nos primeiros cinco anos de exploração a empresa estima que a produção de minério tal-qual (produzido na mina) evolua das 800 mil toneladas do primeiro ano para 1,6 milhões de toneladas no quinto.

"No final destes cinco anos, o total de minério produzido deverá totalizar seis milhões de toneladas, a que a MTI faz corresponder uma percentagem de recuperação em massa de ferro de 90%, resultante do processo de beneficiação do minério, o que se traduzirá numa produção de concentrados de 5,4 milhões de toneladas", adiantou.

O impacto da exploração de minério de ferro no produto Interno Bruto, a MTI aponta que o valor anual da produção de concentrados a partir do oitavo ano de produção representará 0,2% do valor total das exportações nacionais e 0,07% do PIB.

"A este relevo económico acresce o efeito multiplicador na economia nacional, regional e local. A receita bruta prevista a partir do oitavo ano (velocidade cruzeiro) será de 143 milhões de Euros/ano, correspondendo 5,72 milhões de euros/ano a receitas para o Estado", contabilizou.

No que respeita à possibilidade de o mineiro de ferro ser convertido no território das minas, o patrão da MTI - Ferro de Moncorvo avançava que a transformação do minério em concentrado de ferro (processo de beneficiação) será feita na lavaria, situada junto à área de exploração, e que toda a produção se destina a exportação para as siderurgias europeias.

A Via Navegável do Douro (VND) será sempre uma opção "importante" para o transporte do minério de ferro.

Após o abandono do projecto e construção de um mineroduto, prevê-se que na fase inicial do projeto o escoamento da produção seja feito por via ferroviária e rodoviária, dados os actuais condicionalismo da VND.

A dimensão futura do empreendimento, do investimento e a complexidade tecnológica do seu funcionamento " recomendam que a futura entrada em funcionamento da exploração mineira decorra no âmbito de um consórcio internacional

A exploração mineira em causa, abrange uma área de cerca 4,624 hectares localizados na União de Freguesia de Felgar e Souto da Velha, Felgueiras e Maçores, e nas freguesias de Mós, Carviçais, Larinho, Torre de Moncorvo e Açoreira.

Em 2008, MTI - Ferro de Moncorvo formalizou um contrato de prospecção e pesquisa com o Estado que termina no final de 2016.

Ao longo de cinco anos a MTI espera um total de minério produzido deverá totalizar seis milhões de toneladas, a que faz corresponder uma percentagem de recuperação em massa de ferro de 90%, resultante do processo de beneficiação do minério, o que se traduzirá numa produção de concentrados de 5,4 milhões de toneladas.

Segundo a MTI, numa primeira etapa considera-se a criação de mais de 200 postos de trabalho directos, a que acrescerão mais de 250 postos de trabalho nas etapas seguintes. Estima-se ainda a criação de 800 postos de trabalho indirectos.

Agência Lusa

Bragança na Presidência do Grupo de Turismo do Eixo Atlântico

O Município de Bragança foi eleito para a Presidência do Grupo Temático de Turismo do Eixo Atlântico.
Foi durante a reunião que teve lugar em Feces de Abaixo – Verín, no dia 29 de novembro, que o Município de Bragança foi eleito para Presidência do Grupo Temático de Turismo do Eixo Atlântico, onde foram debatidos, ainda, os eventos turísticos previstos pata 2017, como a Expocidades e o seminário de Turismo, bem como a edição de um guia turístico do Eixo Atlântico sobre Recursos Naturais e Áreas Protegidas.

O Município de Bragança esteve, ainda, representado na Comissão Delegada do Caminho de Santiago em Portugal, que decorreu em Chaves no mesmo dia, e onde foi apresentado o trabalho científico de validação dos traçados dos Caminhos de Santiago na região Norte, trabalho que servirá de base a uma candidatura a fundos comunitários para a sinalização e melhoria das condições de acolhimento aos peregrinos.

O traçado com passagem em Bragança foi validado cientificamente, com base na documentação, registos, plantas e fotografias que o Município de Bragança, bem como no exaustivo levantamento de campo realizado por parte da equipa técnica.

Vestígios de condutas de água e galerias medievais encontrados junto ao Arquivo Distrital de Bragança

Uma equipa de arqueólogos descobriu vestígios de condutas de água e galerias medievais junto ao edifício do antigo Convento de S. Francisco, onde funciona actualmente o Arquivo Distrital de Bragança.A descoberta surgiu no decorrer das obras de arranjo da zona envolvente ao Arquivo, que estão a ser levadas a cabo pelo Município de Bragança.
A equipa de arqueólogos, composta por técnicos do Município de Bragança e de uma empresa subcontrata para a obra,  está, nesta altura a intervencionar e a estudar os achados, de forma a perceber a sua importância. “Foram identificadas e encontradas algumas galerias que, em principio seriam usadas para a recolha o transporte de água e terá sido também encontrado um fosso. Os arqueólogos estão, neste momento, a avaliar a sua importância, para decidir se essas descobertas vão ficar acessíveis, ou se, no caso de não terem qualquer valor sob o ponto de vista arqueológico ou histórico, podem vir a ser aterradas”, explicou o presidente do Município de Bragança, Hernâni Dias.

Acredita-se que os vestígios, que comprovam várias fases de ocupação do espaço, remontem ao século XIII e XIV, altura em que o convento terá sido construído, tendo sido posteriormente remodelado nos séculos XVII e XVIII.  

A directora do Arquivo Distrital de Bragança, Élia Mofreita revela que está também a ser equacionada a hipótese de alguns dos vestígios remontarem a um período anterior à construção do próprio convento. “O convento é do século XIII e estão a encontrar materiais anteriores à fundação do convento. Penso que é de todo o interesse, quer para a cidade, quer para o Município fazer o levantamento histórico desta zona, que é uma zona nobre da cidade”, frisou.  

A igreja da ordem franciscana que faz parte do edifício conventual, necessita ainda de obras que foram iniciadas há mais de uma década mas ainda não estão concluídas.

Élia Mofreita lamenta que haja um “impasse” que não permite o término dos trabalhos deste espaço muito procurado por turistas e que está quase sempre fechado. “A igreja pertence à ordem terceira. Em tempos esteve a ser recuperada mas, neste momento há um impasse. Mas, sempre que há uma visita ao Arquivo, tentamos ajustar a visita e contactar a zeladora para que possa ser visitada, já que é uma igreja muito bonita”, referiu.

A igreja abre hoje as portas, às 18h30, para um concerto protagonizado pelo grupo “Vozes Alfonsinas”, do Orfeão de Leiria., a propósito das comemorações dos 100 anos do Arquivo Distrital de Bragança, que se assinalou ontem e continua a ser hoje comemorado com várias conferências, exposições e outras actividades. 

Escrito por Brigantia
Sara Geraldes

Filandorrra revisita José Luís Peixoto

No âmbito das Comemorações dos trinta anos de actividade, a Filandorra – Teatro do Nordeste revisita cinco anos depois da sua estreia um dos espectáculos mais emblemáticos do seu reportório, À Manhã de José Luís Peixoto, com “encontro” marcado com o próprio autor na sua terra natal, Ponte de Sor, no próximo fim-de-semana, no âmbito da cerimónia de entrega do Prémio Literário José Luís Peixoto promovido pela Câmara Municipal.
Este novo périplo pelo interior dos interiores… da alma humana, tem início no Concelho de Ponte de Sor, com o apoio integral do Município, que leva este espectáculo às freguesias de Galveias - Auditório da Fundação Maria Clementina Godinho de Campos (terra natal do autor) e Foros de Arrão - Salão do Grupo Desportivo de Foros de Arrão no dia 03 de Dezembro, 15h00 e 21h00 respectivamente, e no dia 04 no Auditório do Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor pelas 17h00. 

Nesta viagem pelo interior do Portugal profundo a Filandorra é acompanhada por uma delegação do município de Alfândega da Fé, liderada pela Presidente da Câmara Berta Nunes, concelho onde a Companhia estreou este espectáculo em Novembro de 2011, no desfecho de uma Residência Artística de dois meses neste Concelho do nordeste transmontano e durante a qual contactou directamente com os idosos, as suas rotinas, as suas falas, os seus modos de estar e ver a realidade que os rodeia, que a Filandorra transpôs para o palco e que teve a cobertura da equipa da Grande Reportagem do canal SIC, que deu origem ao trabalho “O Teatro e as Serras” da Jornalista Sofia Arêde.

Escrita em 2005 e publicada em 2007 no livro intitulado Cal, uma colectânea de crónicas, poemas e teatro, À Manhã retracta o quotidiano do mundo rural, abordando problemas como o despovoamento e envelhecimento da população. A acção desenrola-se numa aldeia envelhecida e desertificada do interior do país, cinco personagens, três mulheres e dois homens, dão corpo aos seus próprios desejos e receios, numa "viagem" pelo tempo das estações: as Primaveras e os segredos, os enganos e o Verão, os beijos nunca dados e o Outono onde se retarda o último frio.

Segundo Luciana Éboli, investigadora em teatro e dramaturgia, «as cinco personagens deste texto personificam um encontro possível entre dois autores distintos: Beckett e Tchekhov. As personagens masculinas chamam-se Vladimiro e Estragão, numa alusão ao drama Esperando Godot, e as femininas têm os nomes das principais personagens de As Três Irmãs: Olga, Irina e Masha. Os nomes transformam-se, assim, no sentido paródico proposto pelo autor, em: Ti Estragão Trinta Cabelos, Ti Olga Despedida, Ti Macha do Artilheiro, Ti Irininha e Ti Vladimiro Costelas Bambas. 

Todos os cinco com mais de setenta anos, vivendo, em tempos particulares, as lembranças do passado(…). As personagens vivem num lugar sem definição no mapa, numa alusão às infinitas possibilidades e desdobramentos espaciais. A aldeia representa muitas outras aldeias e o futuro projectado, representa muitos outros futuros (…). Na construção dramática, o tempo é um dos elementos mais expressivos da narrativa: lento, pesado, ritmado. As vozes, falas e diálogos acompanham essa cadência, inclusive a cadência proposta pelo uso do próprio silêncio. Mas, ao contrário do que uma visão becketiana da existência poderia instigar, o ritmo daquele lugar dá espaço para que seus habitantes tenham tempo(…). Naquela terra, onde não chove e as árvores estão despidas, parece que nada acontece.»

Este espectáculo conta com o espaço cénico e encenação de David Carvalho, assistência de encenação de Bibiana Mota e na leira em terra batida em forma de retângulo (metáfora do Portugal profundo) com os atores Anita Pizarro, Helena Vital, Sofia Duarte, Márcio Pizarro e Silvano Magalhães. No som Pedro Carlos, na luz Gonçalo Fernandes, e assistência geral de António Nascimento.

Depois de Ponte de Sor, À Manhã vai regressar ao concelho de Alfândega da Fé no início de 2017, estando também agendados espectáculos na UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, entidade parceira das Comemorações dos 30 anos de actividade da Filandorra – Teatro do Nordeste nos domínios da formação e animação teatral em toda a região do Interior Norte, com mais de cinco mil espectáculos e a caminho de um milhão de espectadores desde a sua fundação.

“Já diziam os antigos que há duas maneiras de procurar: uma é
andar às voltas à procura daquilo que se perdeu, outra é ficar
num sítio à espera que aquilo que se perdeu nos encontre.” (Ti Irininha)

in:noticiasdonordeste.pt

Mensageiro de Bragança foi o único jornal a testemunhar a assinatura do contrato de exploração das minas de ferro

O Mensageiro de Bragança foi o único órgão de comunicação social do país a marcar presença na cerimónia de assinatura do contrato de concessão da exploração mineira de ferro em Torre de Moncorvo, entre o Governo e a MTI - Ferro de Moncorvo.
A cerimónia, que decorreu no Ministério da Economia, contou ainda com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e do Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes. O contrato foi assinado pelo Secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. Também esteve presente Nuno Gonçalves, presidente da Câmara de Torre de Moncorvo.
 "É um dia histórico para a região e para o país", frisou o autarca.

AGR
in:mdb.pt

Compotas e Licores

Estante com Licores
Em passeio por Trás-os-Montes, e na esperança de recolher elementos para completar estudos de tradições locais, fui a uma aldeia próxima de Bragança que dá pelo nome de Gimonde. Local de passagem obrigatória para quem se dirige a Espanha, e local de passagem para os peregrinos de Santiago, tem uma ponte de via romana, despontou recentemente para locais de alimentação e bebidas, grande divulgações dos principais produtos associados ao porco bísaro e agora um pão excelente com boa distribuição. 
Mas a minha visita tinha a ver com a produção, ainda artesanal, de compotas e licores. Estes produtos estão muito ligados às minhas memórias de criança pois o fascínio da transformação das frutas era encantador. O modo como se preparavam os diferentes pontos de açúcar, em tachos de cobre, para depois adicionar a fruta; ou a ansiedade de aguardar o fim da infusão para ver a filtragem do licor, e do qual ainda não podíamos provar, deixou marcar de memória alegre. Mas tínhamos o consolo de uma pequena gota, que escorria pelo exterior da garrafa, a podermos lamber. 
Era o prémio possível pelo bom comportamento a assistir às tarefas inacessíveis!

Dª. Mariazinha
Em Gimonde fui visitar a Mariazinha, Maria da Glória Fernandes, para conversar sobre compotas e licores. Apesar de estar integrada num universo mais vasto, com seis casas de Turismo Rural, o Restaurante D. Roberto e a Quinta das Covas com salão para banquetes até quinhentas pessoas, e a unidade industrial de produção de enchidos e outros derivados de porco bísaro, a nossa conversa era destinada às compotas e aos licores. Este negócio é a continuação e herança do Pai de Mariazinha, o Senhor Roberto que com a sua esposa, Dona Beatriz, e cozinheira de talento reconhecido, iniciaram a atividade. A conversa foi muito doce por duas razões. A primeira pela postura permanente da Mariazinha, sempre doce e muito disponível, a outra pelos assuntos de conversávamos. Confirmava-me que as compotas não têm segredo. Importante é saber escolher a fruta e apenas na época em que a Natureza a produz, tem sempre mais sabor e mais açúcar. Depois entender o ponto de açúcar certo para cada fruta. E ainda, tão importante como os preceitos anteriores, os gestos. Os famosos gestos dos sabores e dos saberes. A forma como se vai mexendo a a calda de forma a não deixar a fruta desfeita ou em papa, é muito importante e um atributo delicado. Tudo aprendeu com sua Mãe. Lá vai confessando aquelas compotas que ela aprendeu a confecionar em primeiro: Abóbora (apenas a porqueira), Ameixa (com caroço), Amora silvestre, Castanha, Cereja (com caroço), Figo, Framboesa, Marmelo, Morango, Pera, Tomate e Uva. Depois surgiram outras como a de Ananás, Banana, Ginja, Laranja, Maçã, Maçã e Tomate, Melancia, Melão, Pera e Tomate, Pêssego, Tuti-Fruti e Uva e Noz.

Compota de Framboesa
Quando lhe pergunto sobre a receita, a resposta não podia ser mais simples: é só deixar o açúcar no ponto de estrada, juntar cuidadosamente a fruta, deixar em lume brando e mexer com cuidado. Pois é, e as quantidades? Ora, varia muito, depende da quantidade de água e açúcar que cada fruta contém. Por exemplo para a abóbora desfiada, se pesar setecentos e cinquenta gramas, junto um quilo de açúcar. Mas na de abóbora coloca também uns paus de canela, e no final junta um pouco de aguardente. Para o figo já não é necessário tanto açúcar. E acrescenta que as suas compotas nunca tiveram, nem têm corantes, nem conservantes. Ainda que a mais difícil de fazer é a de castanha pois é um fruto muito sensível que poderá cozer muito rapidamente.

Compota de Castanha
E volta a referir. O segredo, ou a habilidade, está no ponto de açúcar. Não deverá passar demasiado pois pode “endurecer” o produto final. Bom, bom, afirmo eu, é ir lá comprar as compotas já feitas. Alerta-me ainda que algumas variedades podem esgotar pois só faz as quantidades possíveis na época de cada fruta. Neste capítulo ainda me refere que confeciona marmelada branca e comum mas é só para consumo da casa. Mas o produto mais delicado e ao qual os clientes dão muito apreço è à geleia de marmelos, só com as cascas e coroços destes. A geleia é um produto fino, cuja transparência é um sinónimo de qualidade e tem uma utilização muito polivalente. Tanto serve para consumo direto como para rechear bolos, comer com queijo ou com castanhas cozidas ou assadas. Ainda sobre as compotas disse-me que, quando eram feitas diretamente em lume de lenha, apenas utilizava tachos de cobre que agora se encontram em exposição no Restaurante D. Roberto, em local onde se vendem as compotas e os licores.


Tachos em cobre, outrora utilizados para a confeção
A conversa continuou agora com os licores. As regras são semelhantes. A fruta de melhor qualidade e colhida na época do seu melhor sabor. Depois a seleção de uma boa aguardente, e ter a paciência de aguardar para que a infusão se proceda tranquilamente. Começou a fazer licores há cerca de trinta anos e ainda experimenta novos sabores, de vez em quando. Inicialmente só fazia de Abrunho, Ameixa, Amora silvestre, Castanha, Framboesa, Ginja (Ginjinha Transmontana), Laranja, Marmelo, Morango e Noz. A gama atual também contempla de Ananás, Banana, Café, Cereja, Figo, Frutos Tropicais, Kiwi, Leite, Limão, Manga, Pera, Pêssego, Romã, Tangerina, Tutti fruta e Uva. Chegados à conversa da receita disse-me ser mais fácil do que para as compotas pois estas exigem o controlo e sensibilidade para o ponto de açúcar. Genericamente usa para trinta litros de aguardente necessita de cinco quilos de açúcar, e a fruta com um pouco mais do que açúcar. Este produto pode variar muito de acordo, também, com o açúcar natural da fruta. Depois há várias exceções. Para um litro de aguardente apenas nove nozes grandes. Na Ginjinha também se coloca um pau de canela. No licor de castanha, na fase final quando leva uma fervura junta-se um pouco de Vinho do Porto.

Conjunto de Licores para Venda
Vamos então ver a confeção. Depois de limpar a fruta, arranjam-se recipientes bem lavados, que podem ser garrafas de boca larga ou frascos grandes em vidro. Coloca-se a aguardente, a fruta e o açúcar e rolha-se ou veda-se o frasco. Levam-se para local de fraca luminosidade, habitualmente na adega com temperaturas estabilizadas, e de vez em quando mexem-se fazendo os produtos inverterem a posição e voltarem à inicial. Este período de infusão das frutas na aguardente e açúcar pode demorar desde um, até seis meses. Findo este período, leva-se o produto a uma fervura ligeira e prova-se. Muitas vezes retifica-se com açúcar, depois de provar. Arrefece e é a altura de filtrar e colocar em garrafa definitiva. Está pronto.

Licor de Castanha
Conheço muita gente que continua a fazer licores caseiros. Para os mais voluntariosos, podem sempre consultar o livro “Licores segredo e tradição” de Edite Vieira Phillips, publicado pela Colares Editora onde encontrarão uma grande variedade de receitas de licores para confecionar em casa.

A minha sugestão é que descubram os licores da “A Montesinho” , onde as compotas e licores são ainda feitos de forma artesanal na qual os gestos e a sensibilidade ainda imperam para garantir a qualidade. E especialmente que vão conhecer o Nordeste Transmontano. Para comer e beber.



© Virgílio Nogueiro Gomes
in:virgiliogomes.com

Habitantes de Rio de Onor vão passar fim-de-semana a Lisboa oferecido pela INATEL

Os habitantes da aldeia Rio de Onor ganharam viagem de dois dias a Lisboa. Os cerca de 50 habitantes, do lado português, que pertence ao concelho de Bragança e os 14 do lado espanhol, desta aldeia raiana vão passar um fim-de-semana a Lisboa, depois de terem vencido um concurso promovido pela Fundação Inatel.
 “Aldeia dos Sonhos” é o nome do programa dirigido aos habitantes de aldeias ou lugares em Portugal, com 100 ou menos residentes permanentes. Quando soube da iniciativa, José preto, natural desta aldeia e tesoureiro da União de Freguesias de Aveleda e Rio de Onor, não hesitou em organizar a candidatura. “Tendo em conta o envelhecimento, a desertificação e o abandono que há das populações do interior, achamos que esta era uma boa oportunidade, já que muitos dos habitantes de Rio de Onor nunca saíram da aldeia”, contou.

O “sonho” apresentado pelos riodonorenses foi uma ida ao Oceanário, em Lisboa. Acabaram por ganhar mais do que isso, já que vão poder marcar uma viagem à capital do país, num fim-de-semana à escolha, podendo ainda visitar outros locais de interesse cultural.

José Preto admite que a maioria dos habitantes de Rio de Onor nunca foi a Lisboa. As candidaturas foram enviadas no passado mês de Outubro e o nome da aldeia vencedora foi conhecido este mês. 

Escrito por Brigantia
Sara Geraldes

Manuel António de Madureira Cirne

Abade de Carrazedo, concelho de Bragança, onde foi provido em 1779. Nasceu em Bragança (Santa Maria) a 11 de Abril de 1755; filho de António Peres de Sousa, capitão, natural de Nozedo, concelho de Vinhais, e de D. Francisca Doroteia de Madureira, de Bragança; neto paterno de Domingos Pires, de Aguieiras, e de D. Comba Gonçalves, de Nozedo, e materno de António Mendes Madureira e de D. Joana Maria, de Bragança.
No seu assento de óbito, sucedido a 23 de Dezembro de 1833, que se encontra nos livros de registo da freguesia de Carrazedo, vem com o nome de Manuel António de Sousa Madureira e Cirne, mas em 1823 foi vigário capitular (ver tomo IV, pág. 598, destas Memórias) e nos documentos assina Manuel António de Madureira Cirne. Era graduado em cânones e protonotário apostólico.
Supomos que é dele, ou pelo menos inspirou, a Relação Fiel, e exacta do Princípio da Revolução de Bragança e consequentemente de Portugal. Folha  avulsa, que depois saiu in-4.°, onde se reivindica para Manuel Cirne a glória de ser ele o primeiro que em Bragança levantou o grito contra os franceses em 1808, como de facto assim foi. 
A este propósito é sobremodo honroso para ele o seguinte documento:

«MANUEL JORGE GOMES DE SEPULVEDA, commendador da Ordem de Christo, Fidalgo da Casa Real, alcaide-mór do Castello e Villa de Trancoso, Tenente-general e effectivo dos Reaes exercitos e Governador das armas da provincia de Traz-os-Montes, etc.
Attesto em como o Reverendo Manuel Antonio de Madureira Cirne, Proto-Notario Apostolico de Sua Santidade, abbade de Carrazedo, examinador Synodal no bispado de Bragança e natural d’esta cidade, é um parocho de distinta consideração, que exercita ha trinta annos o dito ministerio, no qual tem merecido aos seus prelados a particular contemplação de ser, como tem sido, repetidas vezes nomeado visitador d’aquella diocese, por cujas circunstancias, e não menos pela sua intelligencia, honra e prestimo foi eleito como Representante do Clero e Membro da Junta Provisoria do Supremo Governo da Provincia de Trás-os-Montes, instituida debaixo da minha presidencia, pelo urgente motivo da feliz e gloriosa revolução deste reino contra o governo francez, a qual principiou e fez romper no sempre memoravel dia 11 de Junho proximo passado na dita cidade, aonde eu como general o mais antigo d’este reino e governador das armas da dita provincia, fui proclamado chefe d’esta nobre empreza, de que o sobre dito foi autor e o primeiro insurgente, dando em tudo evidentes provas da maior fidelidade e patriotismo. Passa o referido na verdade; e para que conste, etc. Quartel general do Porto 30 de Setembro de 1808».

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

Regulamento do Programa +Superior publicado, 1.320 novas bolsas para este ano letivo

O Governo prevê a atribuição, este ano letivo, de pelo menos 1.320 bolsas para alunos universitários carenciados estudarem no interior do continente e nas regiões da Madeira e dos Açores, ao abrigo do Programa +Superior.
O regulamento do +Superior para o corrente ano letivo foi publicado hoje em Diário da República e entra em vigor na quarta-feira.

As candidaturas para novas bolsas, para 2016-2017, estão abertas apenas até 07 de dezembro, devendo a Direção-Geral do Ensino Superior decidir sobre a concessão, ou não, dos apoios financeiros aos alunos até 19 de janeiro.

De acordo com as novas regras do programa, este tipo de incentivo financeiro à mobilidade de estudantes universitários, no valor anual de 1.500 euros por aluno, passa a destinar-se exclusivamente aos estudantes do ensino superior público "oriundos de famílias economicamente carenciadas, sendo a seriação dos estudantes feita com base no rendimento 'per capita' do agregado familiar".

O programa é alargado, das regiões Norte, Centro e Alentejo, ao Algarve, à Madeira e aos Açores e inclui não só alunos de licenciatura e mestrado, mas também dos cursos técnicos superiores profissionais.

A maioria das bolsas a conceder, em 2016-2017, será canalizada para as regiões Centro (600), Alentejo (340) e Norte (320). Seguem-se Algarve (30), Açores (20) e Madeira (10).

O preâmbulo do regulamento assinala que serão atribuídas, este ano letivo, mais 386 novas bolsas de mobilidade, face a 2015-2016, em que a condição económica do estudante não era um critério.

O acesso a este apoio financeiro passa a ser concedido a alunos colocados através de concursos locais e especiais, além do concurso nacional de acesso ao ensino superior.

As universidades da Madeira, dos Açores, de Trás-os-Montes e Alto Douro, do Algarve, de Évora e da Beira Interior, bem como os institutos politécnicos de Portalegre, Beja, Santarém, Castelo Branco, Guarda, Tomar, Viseu, Viana do Castelo e Bragança e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital são as instituições de ensino público abrangidas pelo programa.

Segundo o regulamento, as bolsas de mobilidade podem ser financiadas pelo Fundo Social Europeu.

Até 31 de maio de 2017, a Direção-Geral do Ensino Superior avaliará a aplicação do programa no ano letivo 2016-2017, em colaboração com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e as associações de estudantes.

Com as novas regras do Programa +Superior, o Governo pretende "incentivar e apoiar a frequência do ensino superior público em regiões do país com menor procura e menor pressão demográfica, por estudantes economicamente carenciados que residem habitualmente noutras regiões, contribuindo para a coesão territorial através da fixação de jovens".

ER //GC
Lusa/Fim

Portugal já tem uma rede nacional de montanhas

Portugal já tem uma rede nacional de montanhas de investigação.
As serras de Montesinho, em Bragança, a serra da Estrela, na Guarda, e o Pico, nos Açores, foram as escolhidas para lançar esta rede que vai valorizar os recursos existentes.


Delícias do Convento de Vinhais

Viajemos desta vez até ao Convento de Santa Clara, de Vinhais, distrito de Bragança. Este convento era feminino e pertenceu à Ordem dos Frades Menores. A sua fundação, anterior a 1582, foi por vontade de Dr António Álvares Ferreira, juiz de fora da Guarda, e casado com Dona Helena da Nóvoa, que era natural de Vinhais.
O convento esteve sempre sob jurisdição do Bispo de Miranda. Em 1648 estava em ruínas e apenas com 2 freiras. Foi restaurado e ampliado graças à generosidade de 3 vinhaenses, recebendo mais 3 religiosas do Convento de Santa Clara de Bragança. Parece que o auge deste convento terá sido entre 1664 e 1667, chegando a ter 112 freiras, e com uma abadessa que veio do Convento de Amarante. Consta que tiveram um papel importante na defesa da região em mais uma tentativa de avanço espanhol nas guerras da Restauração. O convento encerrou em 1879 apenas com 1 freira e que foi expulsa pelo bispo especialmente por vender o espólio para garantir a sua sobrevivência. Há estórias ou lendas que se contam a propósito de uma freira que geria muito bem todos os alimentos e que criou um dito popular à sua volta com uma expressão que ainda hoje se diz: “… rende como o feijão da Madre Garcia”, conforme publicou o Padre Firmino A. Martins no livro Folklore do Concelho de Vinhais, já em 1927. A Madre Garcia deveria ter um sentido muito apurado para a governação do convento e, por isso, fazer render as mercadorias disponíveis.

Apesar de estarem publicadas as receitas de Barriguinha de Freira, Namorados, e Doce de Laranja, em livros ou revistas, parece que em Vinhais pouca gente os conhece. Barriga de Freira é um doce de origem conventual e que aparece em muitas regiões. Há no entanto doces identificados com origem naquele convento e várias famílias referem antepassadas que dele saíram e lhes deram as receitas. Tive informações privilegiadas com Paula Barreira e Odete Barreiro que ambas continuam a confecionar, e dispõem de um caderno manuscrito que foi pertença da sua bisavó e avó respetivamente, e que sempre lhes disseram que algumas receitas teriam origem no Convento de Santa Clara de Vinhais. Também tive confirmada a existência de doces daquele convento através de texto de Roberto Afonso que muito me elucidou sobre o assunto.

A receita mais identificada é a de Delícias do Convento de Santa Clara, também conhecida por Bolinhos de Amor, confecionada com ovos, amêndoa, açúcar, castanhas e doce de gila. Seguramente parece ser a única receita que teve origem no convento, de acordo com o caderno de receitas da sua antepassada atrás referida. Tive a sorte de Paula Barreira ter confecionado estes doces que me ofereceu e que aparecem nas fotos.

Próximo de Vinhais também nos aparece o Recolhimento da Oblatas do Menino Jesus, de Mofreita. Estas informações foram obtidas através do já referido Roberto Afonso, em ajuda preciosa. Fundado em novembro de 1793 tendo como a “principal missão o abrigo a meninas da classe popular, pobres ou desamparadas”, não impediu que rapidamente tivesse 70 donzelas. “A rotina das freiras passava pela instrução religiosa, trabalhos domésticos, trabalhos artesanais e exercícios de piedade.” É fácil de imaginar que aprenderiam também algumas artes culinárias que ajudaram a desenvolver na região. Curiosamente este Recolhimento só foi extinto com a República. Ainda se contam algumas estórias sobre o bispo da diocese e relacionado com duas madres, cujo processo chegou ao Santo Ofício…

Por vezes há a tentação de tentar criar novas receitas. O excelente sabor e a consistência invulgar destas Delícias apetece perguntar porque não se instala a sua produção, e ajudar a estabilizar a identidade regional gastronómica? Eu sei que o grande emblema local são os enchidos. Mas “o doce nunca amargou”!

© Virgílio Nogueiro Gomes
in:virgiliogomes.com

Incêndio na "Rua Direita" em Bragança preocupou moradores

Um incêndio numa casa desabitada, na rua Combatentes da Grande Guerra, conhecida por Rua Direita, em Bragança, preocupou ontem os moradores daquela zona que denunciam a ocupação do imóvel por toxicodependentes e temem que possam ocorrer mais episódios semelhantes.
O 2º comandante dos Bombeiros Voluntários de Bragança, Carlos Martins, explicou à Brigantia que esta é uma zona residencial que preocupa particularmente os bombeiros, devido ao facto de ter muitas casas abandonadas, confirmando que a habitação que ardeu é ocupada por toxicodependentes. “Os alertas neste local são levados muito a sério por nós porque ainda está na nossa memória o grande incêndio que houve nesta rua…Fizemos deslocar para o local três viaturas com nove elementos. Fizemos deslocar para o local três viaturas, com nove elementos e, rapidamente, e conseguimos dominar o incêndio ainda numa fase inicial. É uma casa de construção antiga, os materiais são essencialmente madeiras ressequidas, é ocupada por pessoas que nela pernoitam”, referiu.   

Os bombeiros depararam-se com um cenário de degradação, sendo notória a falta de condições de higiene proveniente da ocupação do imóvel.

Carlos Martins destaca a importância de ter combatido as chamas numa fase inicial, para evitar a propagação das mesmas..”É uma habitação em que os ocupantes fazem tudo no mesmo sítio (dormem, comem, defecam)…”, acrescentou. 

Os moradores desta rua temiam que esta situação viesse a acontecer, tendo em conta a degradação da casa e o facto de ser ocupada por toxicodepentes.

O alerta aos bombeiros foi dado por volta das 18h30. A PSP esteve também no local, tendo a rua estado cortada ao trânsito cerca de uma hora. 

Escrito por Brigantia
Sara Geraldes

Corte de Trânsito em BRAGANÇA

No dia 1 de dezembro (quinta-feira), entre as 16h15 e as 17h30, o trânsito estará condicionado na Av. João da Cruz (sentido descendente desde a Praça Cavaleiro de Ferreira), na Rua 5 de Outubro e na Praça da Sé, devido à Chegada do Pai Natal e Desfile até à Praça Camões. 
Pedimos a melhor compreensão e desculpa por eventuais constrangimentos.

C.M.B.

O mafarrico

Diz o povo sábio que o diabo espreita nas frinchas. E para que apareça… basta falar-lhe na cabeça. Daí que, para que o maldito fique longe, o povo evite nomeá-lo, esconjurando-o com outros nomes: belbezu, cão-tinhoso, canhoto, chifrudo, calças, demonho, diacho, diasco, dianho, diabelho, galhudo, rabudo, mafarrico, lusbel, lúcifer, anjo-papudo, coisa-ruim, aquilo, inemigo, pecado, facanito, malasartes, plascas, zarapelho, satanás, tição-negro, tardo, porco-sujo, onzeneiro, mefistófeles, tentador… por aí adiante.

Mas, sobre ele, sabe-se ainda: que não é tão velho como dizem (“Quando o diabo nasceu já cá ingatinhava eu”); é criterioso nas mulheres que põe ao seu serviço (“O que o diabo não fizer, fá-lo a mulher”, mas também “Mulher de cabeça leve ao diabo serve”, ou então “Mulher de pelo na venta só o diabo a aguenta”); tem alguns trejeitos de beleza (“Não é tão feio como o pintam”); é criterioso nos segredos (“Segredo de três, o diabo o fez”, ou então “Quem revela um segredo guardado tem conversas com o diabo”); desleixa-se no vestir (“Veste uma capa que com um lado tapa e com o outro destapa”); deixa marcas (“A quem o diabo alguma vez tomou, sempre algum jeito lhe deixou”); é zelador de vícios (“Quem não fuma, nem joga, nem bebe vinho, leva-o o diabo por outro caminho”); tem profissão (“É tendeiro e arma tendas sem dinheiro”); colabora com prestamistas e banqueiros (“Ao onzeneiro guarda o diabo o mealheiro”); vigia os namoros (“A quem namora pelo fato leva o diabo o contrato”); é cobardolas e foge das crianças (“Com a canalha nem o diabo quis nada”, ou então “Sempre o diabo usou de cautelas à beira de garotos e capelas”); é vigilante noturno (“Quem à noite anda desperto tem o diabo perto”); não gosta de nabos nem cabaças (“Caldo de nabo escalda o diabo, e se for de cabaça é da mesma raça”); tem moradas conhecidas (“Na arca do avarento mora o diabo dentro”, mas mora também “nos feitos de quem traz a cruz nos peitos”). E há quem o saiba ainda nas pias de água benta para vigiar as beatas, ou no fundo das canecas do vinho para vigiar os bêbados (por isso bebem com os olhos fechados…), não esquecendo as encruzilhadas e as eiras onde preside à assembleia das bruxas.

Muito sabe, pois, este povo sobre os hábitos do mafarrico. O que não sabia é que teve bilhete comprado para vir até cá defecar no tempo das castanhas. Isto, a crer numa sinistra profecia de Passos Coelho, que, pelos vistos, não se está cumprindo. Ainda assim, é bom estar atento: afinal há sempre uma capa, que num lado tapa e no outro destapa.


Alexandre Parafita
in:diariodetrasosmontes.com

Parquímetros em Macedo de Cavaleiros voltam a funcionar dia 1 de dezembro

Dia 1 de dezembro voltam a funcionar os parquímetros em Macedo de Cavaleiros.
A situação de avaria das máquinas que regulamentam o estacionamento pago começou a ser revista em agosto deste ano, e, informa Duarte Moreno, presidente do município, voltam a funcionar em pleno dia 1 de dezembro. Ao passo deste regresso, registam-se também novidades na circulação do trânsito no centro da cidade, nomeadamente na Praça dos Segadores.

“Dia 1 de dezembro voltam a funcionar os parquímetros, e não só.

A Praça dos Segadores vai ficar, digamos, “limpa” dos carros que por lá passam. Iremos colocar 2 lugares de cargas e descargas. Os parquímetros, que temos todos a funcionar, alertamos a população nesse sentido, porque serão fiscalizados pela Guarda Nacional Republicana, e irão ser aplicadas multas.

Tivemos um problema com a empresa que nos prestava o serviço e que nos assegurava a manutenção. Também um pouco de desleixo. Isso está ultrapassado. Temos tudo pronto, e, uma vez que já existe o regulamento de estacionamento condicionado, estamos a colocá-lo em prática novamente. Vamos recomeçar dia 1 de dezembero.”

Duarte Moreno explica ainda que o regresso dos parquímetros durante este mês vai possibilitar mais facilidade em estacionar nesta época festiva do ano, em que a afluência de trânsito é maior.

“Voltam a funcionar dia 1 de dezembro também porque a afluência da população é maior em Macedo de Cavaleiros. Precisamos dos estacionamentos para os comerciantes poderem ter uma parte liberta para que o comércio possa funcionar melhor. Portanto, uma paragem rápida para algumas compras.

E para que as pessoas se possam movimentar com mais à-vontade e poder estacionar com liberdade, ainda que paga. Mas é um liberdade no sentido de ter um lugar para. O que consigamos ver atualmente é que as pessoas param o carro um dia inteiro no mesmo local. Essa situação assim deixa de acontecer. E as pessoas têm mesmo que circular.”

Relembre as ruas onde os parquímetros estão instalados: Rua Fonte do Paço, na Rua Dr. Luís Olaio, Rua Pereira Charula, Rua dos Bombeiros Voluntários, Rua Francisco Sá Carneiro e na Rua Almeida Pessanha, estas últimas situadas junto à Câmara Municipal.

Escrito por ONDA LIVRE

Contrato das minas de Moncorvo deve ser assinado amanhã

O contrato de exploração das minas de Torre de Moncorvo deverá ser assinado esta quarta-feira, em Lisboa, revelou à CIR fonte ligada ao processo.
O passo que faltava para arrancar com a exploração mineira em Torre de Moncorvo, depois de um interregno de 30 anos, poderá ser dado esta semana, “se se concretizar a intenção do Secretário de Estado da Energia de assinar o contrato com a MTI- Ferro de Moncorvo, S.A”, referiu a mesma fonte.

A assinatura do contrato deverá acontecer em Lisboa mas o gabinete do Secretário de Estado não confirmou ainda a hora, local e o programa da iniciativa.

A concessão, denominada “Moncorvo”, ocupa uma área de mais de 4624 hectares nas freguesias de Felgar e Souto da Velha, Felgueiras e Maçores, Mós, Carviçais, Larinho, Torre de Moncorvo e Açoreira.

O investidor privado, a MTI, prevê um investimento de cerca de 600 milhões de euros, e a criação de 450 postos de trabalho directos.

Informação CIR (Rádio Brigantia)

Biodiesel de óleo de palma ameaça floresta tropical e polui mais do que gasóleo

O consumo de óleo de palma para produção de biodiesel na Europa cresceu 2,6% em 2015, um aumento que ameaça a floresta tropical e que a Quercus critica, já que este combustível polui três vez mais do que o gasóleo.
“O biodiesel europeu é, atualmente, o principal produto final resultante do óleo de palma, atingindo a fatia inédita de 46%. Isto significa que os condutores são, apesar de inconscientemente, os maiores consumidores de óleo de palma na Europa”, refere um comunicado da Quercus enviado à agência Lusa e que alerta para o impacto deste crescimento na destruição das florestas tropicais.

Segundo os dados apresentados pela associação ambientalista, o biodiesel produzido a partir de óleo de palma representou 32% de todo o biodiesel consumido na Europa em 2015 e por “2% de todo o gasóleo queimado”.

“De todos os biocombustíveis, o óleo de palma é o mais barato, sendo também o mais poluente. As suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) são três vezes mais elevadas do que as do gasóleo. Isto porque a expansão das plantações de palmeiras tem como consequência a desflorestação e a drenagem de zonas húmidas em áreas de floresta tropical do sudeste Asiático, da América Latina e de África, de enorme valor ecológico”, afirma-se no comunicado.

A Quercus estima que se a “intensiva utilização” de óleo de palma na Europa fosse replicada no resto do mundo “seriam necessários 4.300.000 hectares de terreno nas regiões tropicais do planeta para alimentar essa procura”.

Segundo a associação, o que está em risco é “uma área equivalente às florestas tropicais que ainda restam nas zonas húmidas do Bornéu [ilha do sudeste asiático], Sumatra (na Indonésia) e na península da Malásia”.

Um hectare equivale à dimensão de um campo de futebol profissional.

De acordo com uma versão preliminar de uma proposta para uma nova diretiva comunitária para as energias renováveis, a Comissão Europeia, referiu a Quercus, “planeia continuar a apoiar os biocombustíveis produzidos a partir de culturas alimentares, com uma meta para 2030 de 3,8% do total dos combustíveis no setor dos transportes — uma muito pequena redução face à quota dos biocombustíveis (4,9%) alcançada já em 2014”.

“Estas previsões contradizem completamente a estratégia da própria Comissão Europeia para uma Mobilidade com Baixas Emissões, publicada em julho, onde se prometia uma descontinuação dos biocombustíveis à base de culturas alimentares”, recorda a Quercus.

Para a associação ambientalista, “é urgente e prioritário pôr termo a esta situação que pode acabar de vez com as florestas tropicais do planeta”, exortando a Comissão Europeia a eliminar a produção de biodiesel de produção agrícola até 2025, e de todos os biocombustíveis de primeira geração até 2030.

Porto Canal

Nós Transmontanos, Sefarditas e Marranos - JOÃO (ABRAHAM) DA COSTA VILA REAL (1653 – DEPOIS DE 1729)

O pai (João da Costa) era natural e morador em Bragança. A mãe (Leonor da Costa) era de Torre de Moncorvo. Mas os Costa de Bragança estavam ligados com os de Torre de Moncorvo e uns e outros com largo historial na inquisição. Por isso mesmo, a maioria dos membros da família acabaram por fugir para Castela. Foi o caso de António da Costa, irmão de João da Costa, que foi residir para Toledo e ali exercia o ofício de estanqueiro do tabaco. Aliás, acabaria por ali ser preso pela inquisição daquela cidade de Espanha. 
E também para Castela abalaria João da Costa ao atingir os 20 anos, conforme resulta do seu processo. Mais: ele disse que em Espanha foi doutrinado na lei de Moisés. Vejam:
- Há 30 anos, estando a morar em Zafra, reino de Castela, em casa de Pedro Catalão, homem de negócio, casado com Luísa de Salinas, lhe parece que era francês, morador na dita vila, na rua das Feiras, estando juntos e um irmão da mesma chamado Francisco de Salinas, lhe disse o dito Catalão que se queria salvar a sua alma havia de ter crença na lei de Moisés. (1)
E por ter vivido em Villa Real, terra da comunidade de Valência, Espanha, João da Costa terá ganho aquele sobrenome toponímico, quando regressou a Bragança ao findar da década de 1670 para casar com Isabel de Sá, da família Lafaia (2) que lhe deu dois rapazes e duas raparigas (3). E falecendo Isabel, por 1702 João casou em segundas núpcias com Leonor Nunes, viúva de Luís Pereira d´Eça. (4)
Os negócios de João da Costa não se limitavam a Bragança, antes o encontramos em constantes viagens pelo Porto, Lisboa, Madrid e outras muitas terras de Portugal e Castela. E se nas denúncias mais antigas ele é referido como torcedor de seda, logo depois é tratado por mercador e tratante. E sendo Bragança uma terra pequena para o seus negócios, este homem do trato mudou-se para Lisboa, cerca de 1698, fixando residência em Mata Porcos, na freguesia de Santa Justa e ali abrindo também uma loja. Nessa época ele é apresentado como contratador de açúcar.
A casa de João da Costa em Lisboa era local frequente de reuniões em sinagoga e nela se juntavam familiares e amigos de Bragança, como aconteceu na celebração do dia grande (Kipur) de 1698 em que foram 12 os congregantes que ali passaram o dia “e se juntaram na sobredita casa por ser mais isenta de criados e poderem mais livremente sem serem pressentidos, jejuar e guardar o dito dia e porque a casa tinha salas grandes e retiradas”, conforme o testemunho de Gaspar Mendes Henriques, um dos participantes.
Sobre a guarda do sábado como dia de descanso semanal, há dois episódios muito interessantes contados por João da Costa. Um deles teve como protagonista um tal Bento do Couto que se recusava a receber o dinheiro de uma dívida que lhe iam pagar pois que, sendo sábado, “não era dia de cobrar dinheiro”. O outro episódio aconteceu com André Garcia, de Bragança que ele acompanhou ao correio a levantar umas cartas e depois se recusou a abrir e ler as mesmas “por causa de ser sábado”. Imagine-se: o sábado era um dia tão sagrado que nem mexiam no dinheiro e nem sequer abriam as cartas vindas no correio!
Em Lisboa a vida de João Vila Real aparece muito ligada à zona da Trindade, à igreja da Conceição (antiga sinagoga de Lisboa) e o claustro da Trindade era então o sítio mais procurado pelos marranos para enterrar os mortos “por ser a terra mais alta”. Disso mesmo nos dá conta o nosso biografado, comentando a morte e o enterro do famoso médico Simão Lopes Samuda, em 1702:
- Há 2 anos em Lisboa foi a casa do médico Samuda, sendo chamado por António da Mesquita, genro do mesmo encomendando-lhe este fosse à Trindade encomendar um hábito para amortalhar o dito seu sogro, e indo com efeito ele confitente a fazer a dita diligência, o trouxera a casa do mesmo e achando que o dito Dr. Samuda tinha já falecido, e perguntando ele confitente aos filhos do mesmo (…) porque não ia seu pai enterrar à freguesia, lhe responderam que era melhor à Trindade e enterrarem-no no claustro e no hábito da Trindade do que de S. Francisco, do que ficou presumindo ele confitente que os mesmos eram observantes da lei de Moisés porque indo a enterrar-se a sogra de João da Silva Henriques ao mesmo convento da Trindade, lhe dissera Manuel da Cunha Falcão que aquela terra do claustro da Trindade era melhor por ser mais alta e costumarem ir ali a enterrar os cristãos-novos.
Sobre António de Sá Mesquita, (5) diremos que ele, tal como o seu irmão Francisco, foram denunciantes do nosso biografado e de sua mulher Leonor Nunes, que foram presos em 23 de Agosto de 1703, saindo ambos penitenciados em cárcere e hábito perpétuo. João passaria cerca de um ano nas masmorras e sua mulher dois. Isso ficaria talvez a dever-se à vigorosa defesa por ele apresentada e aos sólidos depoimentos das testemunhas de defesa por ele nomeadas e que incluíam gente da maior nobreza e fidalguia de Bragança entre eles o alcaide do castelo e o governador militar. E um dos factos que mais terá pesado no ânimo dos inquisidores foi assim contado por ele e confirmado pelas testemunhas:
- Sendo morador em Bragança, servia todas as irmandades da igreja de S. João, de onde era freguês, com muita devoção e dispêndio de sua fazenda (…) E na igreja de S. Vicente servindo de mordomo do Senhor Jesus, concorrendo com as maiores despesas que se costuma fazer, em tal forma que vindo para Lisboa, deixou todas as dívidas que se lhe deviam na cidade de Bragança para a irmandade do Santo Cristo.
Livre das masmorras da Inquisição de Lisboa, João da Costa Vila Real, foi acabar os seus dias na Inglaterra. A fuga de Lisboa, com toda a sua família (17 pessoas), foi espetacular. Chegado a Londres, aderiu abertamente ao judaísmo fazendo-se circuncidar e tomando o nome judeu de Abraham. Tinha 73 anos quando foi circuncidado, em 28 de Agosto de 1726, sendo seu padrinho Abraham Dias Fernandes, originário de Freixo de Numão. Três anos depois, em 18.5.1729, Abraham Vila Real, seria padrinho da circuncisão de um seu neto, como ele chamado Abraham da Costa Vila Real, filho de Isaac (José) da Costa Vila Real,  Real. A madrinha foi a mulher deste. (6)
Terminamos esta biografia com uma oração recitada por João da Costa que terá aprendido em Espanha, em casa de Pedro Catalão. Ou terá sido em Bragança com Jerónima Salinas, cunhada daquele e sua madrasta?

En tu furor mi Señor no argüías mi
Airado mi miseria reprehendas,
Usa mi Dios de grandezas tuyas,
E aparta de mi alma las contiendas,
Y con piedad mi juicio le concluías,
Sana mi alma pobreza afligida,
Pues eres su salud su gloria y vida,
Desata de mi alma las contiendas
Y con piedad mi juicio le concluías.

NOTAS e BIBLIOGRAFIA:
1-ANTT, inq. Lisboa, pº 2366, de João da Costa Vila Real.
2-Pedro Lafaia Pissarro, irmão de Isabel de Sá foi o tutor nomeado dos filhos de João e Isabel. Ele próprio era casado com Leonor da Costa, sobrinha de João Vila Real,  - ANTT, inq. Lisboa, pº 1535, de Pedro Lafaia Pissarro. IDEM, pº 8161, de Leonor da Costa.
3-Todos os 4 filhos foram processados pela inquisição de Lisboa. A filha Mariana foi casada com António Machado Coelho, que faleceu nas cadeias da inquisição de Lisboa em 15 de Outubro de 1705, com a sentença a ser lida 4 anos depois, no auto da fé de 30.6.1709, nela se determinando o confisco de bens e declarando “que por sua alma se podem fazer sufrágios da Igreja e que seus ossos se entreguem aos herdeiros se os pedirem”. Ficando viúva e posta em liberdade, Mariana fugiu com a família para Inglaterra e ali assumiu publicamente a condição de judia, tomando o nome de Sara. Casou segunda vez, com Alexandre (Abraham) de Morais, irmão do porteiro da sinagoga Bevis Marks, Luís Sá, também originários de Bragança.
4-ANTT, inq. Lisboa, pº 3605, de Leonor Nunes.
5-IDEM, pº 153, de António de Sá Mesquita. Seu irmão, Francisco Sá Mesquita terá sido um dos grandes denunciantes da história da inquisição portuguesa. – IDEM, pº 1330 e 16326, de Francisco de Sá Mesquita.
6- Bevis Marks Records, posted by SteinHE@aol.com. R.D. Barnett and others (ed)  The circumcision  register of Isaac  and Abraham  de Paiba ( 1715- 75) In the Archives of the Spanish an Portuguese Jew’s Congregation of London , Bevis Marks Records , 4 (1991)

Por António Júlio Andrade / Maria Fernanda Guimarães
in:jornalnordeste.com

Autarca de Carrazeda de Ansiães garante que novo projecto das Termas de S. Lourenço vai avançar

O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães está convicto que o concelho “terá umas novas termas de São Lourenço, nos próximos anos”.
No sábado à noite foi a Pombal de Ansiães apresentar o projeto à população e, embora não tivesse anunciado prazos, está convencido que, agora que todos os processos de licenciamento estão concluídos, é tempo de avançar com a obra. E falta encontrar também os meios de financiamento para suportar os quase quatro milhões de euros que o novo complexo vai custar.

É por causa do avultado investimento que José Luís Correia quis ouvir em Pombal de Ansiães as sugestões da população.O autarca foi confrontado com muitas dúvidas da população, que está farta de projectos para São Lourenço e agora exige ver obras no terreno.

 José Luís Correia acredita que o concelho de Carrazeda de Ansiães vai ter finalmente as termas de São Lourenço com novas instalações, mas antes é preciso encontrar formas de as viabilizar financeiramente.

Um investimento da Câmara, exclusivamente, está fora de parte, já que se assim fosse, durante pelo menos dois anos, não poderia fazer qualquer outra obra.

A hipótese de encontrar parceiros privados é a que, aparentemente, é mas viável. 

Escrito por Ansiães (CIR)