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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Uniformidade e Singularidades

As Feiras cujo elemento principal é o fumeiro animam a província transmontana. A seguir surgem outras dedicadas ao azeite, ao folar, aos cordeiros, aos cabritos, às vitelas com e sem posta, às cerejas, às melancias, às abóboras, às nozes e por aí adiante. É uma fartura e outras virão.
As Feiras trazem apreciadores dos produtos e ainda concitam visitantes. Digo ainda porque as Feiras acusam a velhice da uniformidade embora se possam apontar exemplos de não serem iguais. Parecem desiguais, no entanto, na matricialidade do esqueleto são semelhantes.
Esta uniformidade não é exclusiva das Feiras, vamos encontra-la nas ementas dos restaurantes (como um ou outro rodriguinho), nas casas de comeres, nos bares e tutti-quanti. A uniformidade pode esconder-se debaixo de camadas de verniz, de relâmpagos culinários, de noite disto ou daquilo, não obstante é uniforme, repetitiva, igual, sem centelha de inovação, quanto mais criatividade. Se analisarmos as listas de comeres dos restaurantes percebem quão grande é o referido mimetismo.
Os criativos dotados de conhecimentos e especialistas na antecipação do futuro já fizeram soar as campainhas de alarme porque os amantes da diversidade, os gastrónomos turistas, os líderes de opinião estão a ficar cansados da referida uniformidade preferindo a singularidade. Sendo assim e é, veja-se o crescimento turístico ocorrido no ano passado em Portugal (embora a segurança das pessoas e amenidade do clima muito contribuíram para tal), os decisores e programadores das Feiras deviam conferir quantos momentos miméticos se têm sucedido e após serena reflexão pensarem nas singularidades existentes em cada localidade, retirarem da obscuridade ou do alçapão do esquecimento muitas outras e as exaltarem convenientemente.
Há anos gozei dias planturosos a apreciar pitanças (termo em desuso, evocador das referidas singularidades) debaixo da égide da Cozinha Artística. Pois bem, o Festival dedicado à arte de colocar comeres no prato não teve mais de duas edições, logo mudou de tema e de ano para ano consegue surpreender de modo inusitado.
Prefiro não nomear nenhum dos que conheço a mudarem de estilo e a conceberem novos conteúdos apesar das resistências e embirrações contra a singularidade inovadora. A imobilidade, o acomodamento, as ciumeiras, os interesses instalados são tremendos obstáculos à mudança (sei bem sobre o que estou a escrever), porém os responsáveis têm de resistir às pressões, têm de saírem da caixa uniforme, burocrática, generalizadora.
Estamos sempre a recordar as particularidades do «reino maravilhoso», gastamos energias a soletrar o jargão da transmontanidade, só que quando chega a altura de as salientarmos optamos pelo copianço em detrimento.
Será fácil adivinhar onde se encontram os tesouros, difícil tem sido trazê-los à superfície. Imitar as Feiras dos outros custa menos. Sou defensor da visita dos certames levados a efeito cá dentro e de lá fora, ver e tomar nota do observado no intuito de corrigir desacertos, sem esquecer as respectivas programações. Já estou em desacordo quando o visto é revisto dentro do cromático local e apresentado como novidade. As pessoas agora viajam muito, por isso não tardam a descobrir o engano e seguirem o exemplo do menino gritando: o rei vai nu.



Armando Fernandes
in:mdb.pt

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