Natural de Bragança, pelo menos aí tinha família. Ignoramos as particularidades da sua vida; apenas nos disseram que morrera em Lisboa pelos anos de 1856 do cólera-morbo ou 1857 da febre amarela, que então ali grassavam. Parece que fora para a capital como empregado do governo civil, ou como tenente do batalhão móvel, segundo alguém nos disse.
Escreveu:
A órfã ou as duas amigas – Drama em quatro actos. Tip. de Bragança, 1851. 4.º de 104 págs. amizade ou a pobre órfã – Drama. 8.º francês. Este não o vimos mas sabemos que se publicou. Seu neto, padre Jaime Constantino dos Santos, pároco de Gimonde, foi quem nos forneceu os poucos elementos que apontamos referentes a este escritor, do qual possui o primeiro drama acima mencionado, e disse-nos que ainda escrevera e publicara mais obras, tudo no mesmo género.
O meu álbum – Primeiros sons duma lira – Estudos poéticos. Primeiro livrete. Lisboa, na Tip. de Galhardo, 1855. 8.º de 64 págs. Na capa deste opúsculo há uma nota onde se lê que outro «Livrete» idêntico de poesias sairia em havendo número suficiente de assinaturas. Neste que descrevemos, a pág. 33, vem uma poesia com esta epígrafe: «No dia 4 de Abril de 1852 recitada no Teatro de Bragança». Na pág. 35 vem outra «À memória
de S. M. a Senhora D. Maria 2.ª, por ocasião das suas exéquias em Bragança», e na pág. 39 outra à mesma rainha por ocasião das suas exéquias em Mirandela. Na pág. 61 há outra assim epigrafada: «Canção aos meus condiscípulos alunos, do Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa».
No Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro para 1856, pág. 218, vem um artigo sobre Castro de Avelãs assinado por «F.M. Trindade», que supomos ser deste escritor.
Francisco Trindade casou em Gimonde (concelho de Bragança), onde se encontra o respectivo assento, a 1 de Junho de 1848. Neste assento declara-se que o mesmo se fez com fiança a banhos, que ele é filho de António Trindade e de Marcelina de Jesus, todos naturais de Bragança, e casou com Maria Teresa de Jesus, filha de Parcesso Justino e de Bárbara Maria, todos igualmente de Bragança. Como se vê, foi um casamento de fugida e de coração: serem naturais desta cidade e irem casar a Gimonde... Isto mesmo refere a tradição da família.
Parece que Francisco Trindade se destinava ao estado eclesiástico, porquanto no Museu Regional de Bragança existe o processo referente às ordens menores que chegou a receber em 1843.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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