segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sabão nas Memórias Arqueológico-Históricas

Na nossa monografia, falando da igreja pertencente ao extinto convento franciscano de Moncorvo, escrevemos: «Extintas as ordens religiosas e profanada a igreja do convento, estabeleceu-se nela uma saboaria dirigida por José Henriques Pinheiro, natural de Moncorvo, benemérito iniciador dos estudos arqueológicos em Bragança, em cujo liceu foi professor de francês, indo morrer a 7 de Outubro de 1904 na cidade do Porto, depois de aposentado.
A tradição desta indústria fabril em Moncorvo é antiga e, pelos anos de 1706, a fábrica do sabão mole, que nesta vila se obrava, dava provimento a muitos lugares desta província, à cidade do Porto, à província do Minho e cidade de Lamego.
Suponho que Pinheiro estivesse à frente desta exploração pelos anos de 1857 a 1863, data que mediou entre a conclusão do seu curso e o ingresso no magistério secundário no liceu de Guimarães, de onde depois foi transferido para o de Bragança.
O génio empreendedor de Pinheiro levou-o a montar nesta cidade uma fábrica de macarrão que cultivou enquanto aqui viveu, e pelos anos de 1884 uma outra de sabão que em 1888 vemos mencionada entre as treze que concorreram à exposição da Avenida, com a produção anual de seiscentos quilos ao preço de 140 réis por cada um».
Com a saída de Pinheiro, acabaram em Bragança as duas indústrias por ele fundadas.
Em intervalos mais ou menos longos tem-se fabricado sempre sabão em Moncorvo, e em 1911 fundou José Barrega em Carviçais, do mesmo concelho, a Fábrica Estrela para exploração dessa indústria, que nada produziu devido à falta de tino administrativo.Mais feliz promete ser a Fábrica Carviçaense, que lhe sucedeu, fundada na mesma localidade no ano seguinte por Raul de Carvalho, natural de Lisboa.
Preço do quilo, 140 réis; por arroba (quinze quilos), 2$250 réis. O sabão é de boa qualidade e tem muita procura. Emprega duas pessoas no fabrico e várias por fora.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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