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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Embaixada em Cabo Verde recebe cada vez mais pedidos de vistos para estudantes

Estudantes queixam-se da grande percentagem de recusas. Principal motivo prende-se com incapacidade dos candidatos de provarem que têm rendimentos equivalentes ao ordenado mínimo.
A embaixada de Portugal em Cabo Verde recebeu já este ano quase 1600 pedidos de vistos para estudantes, numa altura em que, apesar do ano lectivo ter já começado, continuam a entrar em média dez novos pedidos por dia.

"Houve um aumento. No ano passado houve cerca de 1200 pedidos e este ano já estamos perto dos 1600, que é um aumento substancial. Os pedidos têm também sido feitos mais tarde", disse à  Lusa o cônsul de Portugal em Cabo Verde.

Tiago Penedo explicou que, até ao momento, os serviços consulares deram resposta a cerca de 1100 pedidos e que, apesar de as aulas nas universidades portuguesas terem começado há mais de duas semanas, continuam a chegar novos pedidos de vistos.

Destes, 325 são vistos emitidos e os restantes correspondem a processos que aguardam documentação ou a realização de entrevista com os candidatos e a vistos recusados. As filas de pessoas à porta da embaixada de Portugal, na cidade da Praia, mantêm-se, enquanto decorre também o processo de reapreciação de alguns processos indeferidos.

Tiago Penedo, recém-chegado a Cabo Verde, adiantou que o aumento dos pedidos começou a fazer-se sentir em Julho, tendo-se intensificado em Agosto e Setembro. Actualmente, apesar de o ritmo de chegada dos pedidos ter diminuído, o cônsul de Portugal adiantou que continuam a entrar diariamente em média dez a 15 novos pedidos de vistos.

O processo de atribuição de vistos a estudantes cabo-verdianos está a ser contestado pelos candidatos, que se queixam de morosidade e de grande percentagem de recusas. Às queixas dos estudantes juntou-se recentemente a denúncia do presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Sobrinho Teixeira, que adiantou que 80% dos vistos pedidos por alunos inscritos no IPB estavam a ser recusados.

Sobrinho Teixeira apelou para a intervenção do governo português, considerando lamentável que Portugal esteja a dificultar a vinda de estudantes de Cabo Verde, que, disse, deviam ser 400.

O principal motivo para recusa de visto prende-se, segundo a embaixada, com a incapacidade de os candidatos comprovarem que possuem rendimentos mensais equivalentes ao ordenado mínimo nacional (557 euros) para conseguirem manter-se em Portugal. Com estes critérios, que se aplicam a todos os países e para todo o território português, a ideia é, segundo as autoridades, que os estudantes não se encontrem em Portugal sem meios de subsistência e se tornem vulneráveis a situações de exploração.

Dervânia Correia, natural do concelho de São Lourenço dos Órgãos, interior da ilha de Santiago, é uma das estudantes que viu o visto recusado. A jovem, que quer ir para Bragança tirar o curso de Sociologia, pediu este ano, pela terceira vez, visto para estudar em Portugal.

A estudante explicou à Lusa que nos dois anos anteriores entregava os documentos na Câmara Municipal local, que depois os fazia chegar à embaixada. Disse que das duas vezes em que viu o visto recusado, nunca lhe foi dada qualquer explicação para a recusa. "Só levaram o meu passaporte e disseram-me que não consegui o visto. Mas também eu não estava tão interessada e motivada e não procurei saber mais nada", lembrou.

Desta vez, Dervânia decidiu ir à Cidade da Praia para entregar a papelada pessoalmente e está à espera da decisão. A estudante disse que sempre que vai pedir vistos levanta-se de madrugada para estar a horas à porta da embaixada de Portugal e que em cada processo gasta muito dinheiro. Por isso, pediu pelo menos uma explicação no caso de recusa do visto.

"É uma grande injustiça e falta de consideração pelo esforço de todos os alunos, que perdem sono, gastam muito dinheiro", protestou. "Se vim pedir o visto é porque sei o que quero", reafirmou. Em relação às despesas em Portugal, Dervânia adiantou que serão custeadas por uma tia. Mas, se o visto for recusado pela terceira vez, garantiu que não terá outra alternativa senão tentar estudar em Cabo Verde. "Esta é a última vez que estou a tentar ir estudar no estrangeiro", disse.

Também Danilde de Pina, natural do concelho de Santa Cruz, no interior da ilha de Santiago, quer estudar enfermagem em Bragança. Esta é a segunda vez que pede um visto e a oitava vez que se desloca à embaixada de Portugal este ano, sendo que de cada vez levanta-se de madrugada e gasta dinheiro com papéis e viagens, disse.

"Justificam a recusa dos vistos com falta de condições financeiras, mas não é só isso", afirmou Danilde de Pina, acrescentando não entender os motivos das recusas. A estudante disse querer ir estudar para Portugal porque "é melhor" e que os estudos serão custeados pelo pai e por uma irmã. Mas garantiu também que se não conseguir o visto mais uma vez, vai estudar no país.

Cerca de metade dos pedidos de vistos para estudantes apresentados na embaixada de Portugal na Praia são de candidatos a estudar no IPB. Regra geral, os candidatos são, segundo um perfil a que a Lusa teve acesso, alunos das zonas rurais de Cabo Verde, sem média para entrar em outras universidades, inclusive cabo-verdianas, onde também existem muitos dos cursos a que se candidatam em Portugal.

Agência Lusa

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