quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

BOUÇA - Freguesias do Concelho de Mirandela

BOUÇA-Ferradosa-SOLAR DA FAMÍLIA CASTRO
BOUÇA Esta aldeia e freguesia com o mesmo nome, pertencente ao concelho de Mirandela, fica para o seu lado NNO, e dista cerca de 22km da cidade, a pequena distância da margem esquerda do Rio Rabaçal. A origem da palavra Bouça anda ligada à existência de um povoado maior (talvez Ferradosa?), e, não muito distante, umas duas ou três habitações, numa zona destinada ao cultivo do mato e outras culturas. "Bouça" seria a designação dada ao lugar onde ficavam essas habitações.
Em documentos do século XVII aparece como Bouça do Nuno, enquanto que na Estatística Paroquial do século XIX é designada por Bouça do Nunes. (Talvez por ligação a algum habitante com aquele nome.) Depois o local foi sendo aumentado com a vinda de mais população dos arredores. Ali houve habitantes já antes da nacionalidade, como nos mostra a arqueologia romana e pré romana, da qual se destaca a "Estátua Menir" da Bouça, estudada por Maria de Jesus Sanches e Vítor Oliveira Jorge. É um belo exemplar fálico usado na pré-história para assinalar a homenagem aos mortos. As Inquirições de D. Afonso 111 também nos falam da Bouça.
A 4 de Abril de 1827 por ali se encontravam os "artilheiros" de António da Silveira, aquando das lutas liberais de então. Pertenceu ao concelho de Torre de D. Chama até 24 X 1855, data em que passou para o de Mirandela. A Paróquia era curato da apresentação do abade da freguesia de Santa Valha, no termo da Vila de Monforte do Rio Livre, passando mais tarde a reitoria. Em 1861 é ali instalada uma destilaria de vinhos para aguardente. E, a 13 de Dezembro de 1900 passa a ter escola primária mista. Há ainda mais alusões a esta terra a propósito dos Viscondes da Bouça, dos quais o 2.° foi nomeado Governador Civil de Bragança ao entrar no nosso século. O Dr. José Bacelar, também um dos Viscondes da Bouça, foi um dos grandes beneméritos da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas Mirandelenses na 1.a metade do século XX. Aliás, nas primeiras décadas desse século, o Visconde da Bouça manteve ali uma Banda de Música, depois extinta e cujos instrumentos serviram para iniciar a de Mirandela em 1945.
Por volta de 1960 tinham registado ali uma farmácia, 1 médico na Ferradosa, 4 lavradores/agricultores, 4 mercearias e 2 professoras. A nível de população, a freguesia de Bouça tinha 836 habitantes em 1950, diminuindo até aos nossos dias. Em 1991 eram 477 os residentes e, no censo de 2001 baixou para 360, dos quais 163 eram do sexo masculino. Estas gentes ocupam se com a agricultura e a pecuária produzindo vinho, azeite, batata, feijão, hortaliças, fruta em abundância. A construção habitacional tem se aproximado do cruzamento das estradas Valpaços/Torre D. Chama e Mirandela/Vinhais. É ali que se vê o maior desenvolvimento com serralharia mecânica, serração de madeiras, padaria, restaurantes, bombas de gasolina, lagares de azeite e outros serviços/indústrias. Designa-se inclusivamente por Cruzamento da Bouça. Porém, deixando a estrada e entrando na povoação, destaca se de imediato um conjunto de edifícios: a escola Primária, a Igreja Matriz, (arranjada e com escadas exteriores para a torre sineira), a Casa do Povo. Mais abaixo, e do lado oposto, esquerdo quando se entra na povoação, está a casa dos Viscondes da Bouça, com Capela e uma Quinta. É no Eirô, no Café, no Largo da Capela, na Rua Visconde da Bouça, ou na estrada nacional atrás referida que as pessoas gostam de se juntar para conversarem ou ocuparem os tempos de lazer. Ou ainda a Associação Cultural e Recreativa.
Ferradosa é uma anexa de Bouça, em fase de despovoamento, pois actualmente as casas
vazias são em grande número. Fica situada para Nordeste da freguesia, junto da estrada que segue para a Torre D. Chama, e a cerca de 2 quilómetros. Nesta aldeia com tradições rurais bem próprias, mostra se ainda a importância de alguns casais rurais abastados, cujas construções graníticas se manifestam à vista, dando lhe um bucolismo exemplar. O silêncio e as formas aparelhadas das pedras causam admiração a quem visita esta aldeia. O casario sobre a estrada com seus quintais bem tratados Agricolamente é a renovação das construções em pedra mais antigas do povoado. A Igreja Matriz destaca se na zona histórica, representando a ligação entre as várias gerações que ali têm passado.

In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,

coordenado por Barroso da Fonte.

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