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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 22 de março de 2018

MIRANDELA - Freguesias do Concelho de Mirandela

MIRANDELA A freguesia de Mirandela fica situada bem junto do rio Tua, na sua margem esquerda, a cerca de 55 km de Bragança e 65 de Vila Real, no centro da Sub Região da Terra Quente. Sendo sede de um concelho com o mesmo nome, é natural que muitas das suas referências e características já tenham sido ditas no início deste trabalho. No entanto há aspectos que julgamos oportuno aqui incluir e que têm mais a ver directamente com a freguesia de Mirandela como unidade territorial administrativa mais limitada que o concelho. O seu povoamento é muito antigo, até porque fica perto do rio, com diversas ribeiras que a ele vão desaguar, e terrenos semi planos, vales alargados, permitindo lhe atrair os povos antepassados com abundância de produtos agrícolas que lhes garantiam a sua subsistência. Daí se encontrarem diversos vestígios arqueológicos da presença humana em diversas épocas. Como por exemplo, a presença Romana no Castelo Velho ou Mourel, no Prado pequeno ou no Monte de S. Martinho. Por sua vez, Mourel não terá a ver com Mouros?
Mas é a partir da Formação de Portugal que a freguesia de Mirandela começa a ser mais referida, e a ter um embrião de desenvolvimento que vai demorar a vir à tona. Mesmo não sendo a sua localização no lugar onde é hoje, quer no Castelo Velho, quer noutro monte da área da freguesia, os reis portugueses foram obrigados a dar lhe atenção. Porque a sua posição geográfica neste interior transmontano, ao tempo certamente necessitava de povoamento, cultivo de terras e defesa das mesmas. Por isso há citações dela nos reinados de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Afonso JII. Por aqueles motivos e também pela simpatia de intimidade de El Rei por D. Brites, uma abastada Senhora de Mirandela, D. Dinis concede lhe Foral em 1291, elevando a a concelho definitivamente. Já antes, D. Afonso III lhe dera Carta de Foro em 25 5 1250. Passados três anos, este Rei esteve em Lamas de Orelhão, o que leva a pensar se que poderia também ter chegado a Mirandela. É a 2 de Setembro de 1282 que D. Dinis, na cidade da Guarda, faz uma Carta de transferência da Villa de Mirãdella do sítio do Castelo Velho para o Cabeço de S. Miguel. Tinha as Quintas de: Carvas, Choupim, Cotas, Barca, Lhorense, Mourel, vale de Freixo, Vale de Meões e Vale de Sardão.
Porém, actualmente a freguesia de Mirandela estende se por um perímetro alargado e composto pelas seguintes anexas além da cidade : Bronceda, Freixedinha, Golfeiras e Vale de Madeiro. Já no regime liberal, Mirandela ocupava lugar privilegiado na província, por isso, foram criadas oficialmente na freguesia: um distrito de recrutamento e reserva, uma companhia de infantaria, uma carreira de tiro, uma Escola complementar superior masculina e outra feminina, uma subdirecção das Obras Públicas, uma delegação Electrotécnica, Escola de Arte e Ofícios e uma Escola Agrícola. Depois, segue se uma fase menos impulsiva, embora durante a 1.ª República e até 1974 fosse ganhando outras estruturas.
Contudo, é após o 25 de Abril que a freguesia de Mirandela ganha novo fôlego, vendo aumentar a sua população com o regresso dos portugueses das ex-colónias. E faz aumentar as estruturas e os edifícios, estendendo se por vários bairros, proporcionando novos investimentos, lutando contra a desertificação desta zona interior. Nesta altura surgem áreas urbanizadas novas, o que tem vindo a acontecer continuamente nos nossos dias, em lugares que eram Quintas ou bons terrenos agrícolas: Pereiros, Preguiça, Boavista, Sardão, Urbimira, Conde de Feijó, Castanheiros, Convento, Zona Industrial, Entre Vinhas, S. João, S. Sebastião, Fundo de Fomento, Salesianos, Conde Redondo, Fontes Frias, Vale da Azenha, estanca Rios, peleiros, Boavista, Sardão, S. Bento, Salesianos, da Preguiça, do Pinheiro, do Convento, Fundo de Fomento. Recebe vários organismos públicos e, com este alargar de horizontes, é elevada a cidade a 16 de Maio de 1984.
Quanto à sua população, claro que já dissemos que sofreu as condições diversificadas normais das conjunturas portuguesas ao longo dos tempos. Em 1258 tinha 160 moradores, para, em 1530, ter 77 moradores na vila e arredores, num total do termo de 1132. Destes, 176 eram viúvas, 12 clérigos e 56 eram mulheres solteiras. Em 1645 a vila contava 250 vizinhos. Em 1950 eram 5.108 residentes e em 1991, já cidade, atingia os 8.189 habitantes. No Censo de 2001 contava com 11.161 residentes, sendo 5.416 do sexo masculino e 5.745 do sexo feminino. Num Anuário Comercial de 1960 aparecem ali registados na freguesia de Mirandela: 7 barbeiros, 9 produtores de azeite sendo 2 sociedades, 9 alugueres de automóveis, 7 alfaiates, 6 médicos, 5 cafés, 11 lojas de fazenda, 2 ferradores, 4 lojas de ferragens, 2 agentes de gasolina, 2 hospedarias, 5 pensões, 5 latoeiros, 22 lavradores/ agricultores, 2 livrarias, 6 papelarias, 3 estâncias de madeiras, 1 cerâmica mirandelense, 2 negociantes de mel, 12 mercearias, 2 moagens, 4 padarias, 9 professores primários, 3 relojoeiros, 1 restaurante, 7 sapatarias, 4 serralharias mecânicas, 2 talhos e 2 tipografias.
Se tradicionalmente a agricultura constituiu a actividade quase exclusiva, ligada a alguma pecuária, outros sectores importantes foram surgindo, até porque a cidade e o seu crescimento das últimas décadas, a par de uma modernização evidente, assim o exigiram. Em 1981, 40% da população ainda se dedicava ao sector primário, enquanto que 29% era ao secundário e 31% ao terciário. Tem, na sua área, criações de ovinos, caprinos, suínos, bovinos e muares/cavalares. Várias explorações agrícolas já modernizadas e outras semi tradicionais produzem abundância de produtos nomeadamente hortaliças, frutas e batata, cereais, que dão para abastecer a cidade e não só. Azeite, vinho e amêndoa também são produções de enorme riqueza. Há estufas de produtos variados e viveiros. Os bons terrenos nas margens da Ribeira de Carvalhais e do rio Tua, bem como as encostas das suas elevações são fonte de riqueza agro-pecuária de gerações e gerações. Ainda se vê, por exemplo, as leiteiras distribuindo porta a porta, na cidade, aos clientes que o querem, o leite acabado de tirar das ovelhas e vacas.
No sector dos serviços a freguesia está bem servida como verificamos (ver a parte sobre Equipamentos)., bem como ao nível da comunicação social: três Jornais, sendo um semanário, "Voz do Tua", fundado em Abril de 1998, e dois quinzenais: "Notícias de Mirandela", fundado em 01/01/1957, o "Terra Quente" fundado em Novembro de 1989. A Rádio Terra Quente é outro órgão de informação importante na região, e foi fundada em 1990. Para as feiras mensais há um espaço condigno que é o da Reginorde. Possui uma Zona Industrial com várias indústrias já de alguma dimensão, nomeadamente de enchidos, mármores e granitos, oficinas de automóveis, Centro de Inspecção de Veículos, sofás, serração, serralharias de alumínios, e outras fábricas como as de blocos, cerâmica, lixívias, produtos regionais. Um Ninho de Empresas ali nasceu (NACENT), apoiada pelo Institutos de Emprego e Formação Profissional, com várias empresas. Armazenistas, Grandes superfícies ao serviço dos Retalhistas, 1 Hipermercado. 5 Bombas de Gasolina e muitos comércios de diferentes ramos têm aberto as suas portas nos últimos anos. Por exemplo: padarias, fábricas e comércio de enchidos, pão quente (4), Pizarias (5), stands de automóveis (25), bares, cafés e restaurantes, livrarias, casas de móveis, escritórios, consultórios. A nível de monumentos, espaços histórico culturais e turísticos são de referir a título de exemplo e além dos indicados em Equipamentos, o Palácio dos Távoras, a Zona Histórica e todo o seu conjunto urbano de casas e ruas medievais, que se estende até às Amoreiras e até ao cabeço de S. Miguel onde está a Capela do mesmo Santo e a actual Residência de Estudantes aproveitada bem dum Palacete. O Arco ou Porta de Santo António, a Ponte Românica, e, do outro lado, o Santuário da Senhora do Amparo, prolongam essa zona histórica da antiga Vila. A Maravilha com o Parque de Campismo do Clube de Caravanismo, as Piscinas ao lado, e a ponte de ferro que dá acesso à aldeia típica de `. Chelas. O Centro Juvenil e a Igreja dos Salesianos, o Monte de S. Bento com o novo e imponente templo de Culto, e escadarias de acesso, na margem direita do Tua, lindo miradouro sobre a cidade da margem esquerda! Mas a freguesia de Mirandela tem também costumes e tradições em abundância, alguns únicos. É o caso da gastronomia onde não faltam as Alheiras de Mirandela. Ou do artesanato com 2 latoeiros ainda, 1 correeiro. Terra de pessoas ilustres que aqui nasceram, viveram ou têm passado; de campeões desportivos em diversas modalidades; de novas apostas no Turismo Cultural, rural, de desportos como a canoagem, Jet Ski, pesca desportiva e animação do rio Tua, Mirandela é ponto obrigatório de roteiro turístico e cultural e até económico nacional, que se afirmou no coração da Terra Quente Transmontana, e que é conhecida nos quatro cantos do mundo. A freguesia de Mirandela é constituída também por algumas anexas:
Golfeiras era uma aldeia que foi absorvida pelo crescimento da cidade, a ponto de já não ser considerada anexa, mas um bairro do perímetro urbano, situada na margem direita do Tua, com apenas o rio a separá la da zona central da cidade. Outros bairros ali surgiram e colocaram na já integrada plenamente no burgo: Peleiros, Sardão, Boavista, S. Bento, Entre Vinhas. Apesar disso tem a Capela da Sr.ª do Ó no Largo principal da antiga aldeia, onde está o Coreto e onde se fazem as festas locais, agora mais arranjado e alargado com novas construções. Por outro lado, o Santuário da Sr.ª do Amparo com a Capela ficou igualmente entre o casario que só não o envolveu por completo porque a sua frente dá para a avenida e para o rio. A Igreja de S. Bento é uma construção dos fins dos anos 80 e inícios dos 90 do século XX que foi bem concebida numa elevação sobranceira a Golfeiras e ao rio. É nessa margem que fica o Hospital Distrital, o Hospital recentemente inaugurado, o Jardim Escola "O Miminho" da Santa Casa da Misericórdia, vários restaurantes, cafés, empresas de construção civil, o Parque de Lazer Dr. José Gama, e muitas estruturas que também fazem parte do desenvolvimento da freguesia de Mirandela.
Bronceda, junto ao Tua e para o lado da sua Foz, mas também na margem direita deste, continua a ser um pequeno povoado essencialmente rural.
Vale de Madeiro fica mesmo no cimo de um monte, na parte oriental do concelho, cujas casas se espalharam para a encosta nascente e ali foram sendo renovadas. Está na margem esquerda do Tua e da Ribeira de Carvalhais. Não deixando de ser tipicamente rural, tem-se mantido e até aumentado no seu crescimento habitacional.
Freixedinha é uma aldeia anexa muito típica quanto pequena, também situada numa elevação sobranceira à cidade, mas para o lado da estrada da Trindade, igualmente na margem esquerda do Tua. É um dos melhores miradouros sobre a cidade e vale alargado do Tua, Tuela e Rabaçal unindo se e das ribeiras que ali desaguam. Além de ter um ar saudável e fresco! A Freixedinha é um aglomerado pequeno que estava quase deserto ainda há poucos anos. As suas casas simples de xisto iam caindo e raramente eram reconstruídas. Contudo, alguns habitantes de Mirandela resolveram fazer ali as suas casas de campo. E tiveram bom gosto, pois aproveitaram o xisto e a traça de que eram feitas, deram lhe algumas alterações estéticas propositadas e bem enquadradas, e temos agora um típico.

In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte.

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