sexta-feira, 2 de março de 2018

Não há dinheiro para plantação de sobreiros em Bragança

Ao fim de dois anos, produtores florestais de Bragança ficam a saber que não há dinheiro para florestação com autóctones. Ambientalistas lamentam e dizem que "a realidade desmente a retórica do ministro da Agricultura".
Foto: DR
Dezenas de produtores florestais do distrito de Bragança estão a receber comunicação de não aprovação de candidaturas apresentadas em 2016, para florestação de terras agrícolas com espécies como o sobreiro.

A justificação dada aos produtores assenta na “falta de dotação financeira para esta medida do PDR 2020, Operação 8.1.1. Florestação de Terras Agrícolas e não Agrícolas”.

O Presidente da Núcleo Regional da Quercus de Bragança, Leonel Folhento, manifesta-se desiludido com a situação.

“Os governantes continuam a esquecer os locais mais despovoados do interior”, denuncia o dirigente, defendo que é preciso “apostar forte no sobreiro no castanheiro”.

A Quercus lamenta ainda que “depois de intervenções de altos responsáveis políticos, de todos os quadrantes, prometendo políticas de apoio à economia do interior, travão à desertificação e despovoamento, equilíbrio do território e aposta na floresta autóctone, os factos venham revelar que a aposta ao investimento continua a ser centrada no litoral”.

“É inadmissível que os proprietários florestais de Bragança, que despenderam tempo, energia e dinheiro a submeter as suas candidaturas, vejam agora as suas expectativas defraudadas”, refere a associação ambientalista em comunicado, considerando que “dois anos para obter uma resposta vão muito para além do que é aceitável”.

“Este período demasiado longo gora as espectativas dos produtores e das organizações de produtores florestais que ficam, deste modo, de pé atrás em relação a futuras medidas de apoio”.

Segundo a Quercus, a grande maioria destes proprietários, já com alguma idade, são detentores de mais terrenos arborizados com sobreiros e esta decisão “arrasadora”", em nada anima quem tenta valorizar os terrenos no interior.

Os projetos em causa, agora reprovados por falta de verba, propunham-se plantar maioritariamente sobreiros, mas também outras espécies de floresta autóctone como o castanheiro, pinheiro manso e freixo.

“É incompreensível que vejamos o senhor ministro da Agricultura a prometer milhões todos os dias para a floresta e depois vemos a realidade desmentir esta retórica”, lamentam os ambientalistas.

A Quercus apela, por isso, ao ministro da Agricultura e ao primeiro-ministro para que “façam inverter esta situação e que retirem as verbas destinadas às rearborizações com eucaliptos, para que possam ser viabilizados os projetos com sobreiros e outras autóctones no Interior de Portugal”.

Olímpia Mairos
Rádio Renascença

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