A cozinheira mais famosa de Portugal é transmontana. Saiu de Vale de Prados, (Macedo de Cavaleiros) aos 15 anos. Foi na capital que se tornou chefe de cozinha e é uma das mais prestigiadas na área. À Raízes falou sobre a sua vida e a sua carreira.
A memória da infância de Justa Nobre é povoada de cheiros e sabores transmontanos. Foi viver para Lisboa com 15 anos e casou-se aos 19. Mas a sua paixão pela cozinha começou bem cedo, ainda vivia na aldeia de Vale de Prados, concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança. Ali nasceu a 10 de Maio de 1957, apesar de viver há muitos anos na capital, continua muito ligada a Trás-os-Montes. “Continuo a visitar a minha família na aldeia, tenho lá uma casa e sempre que me é possível vou passar uns dias. Não tantas vezes como gostaria”, conta Justa Nobre.
Em criança já ajudava a mãe a descascar batatas, era curiosa e queria participar na confecção das refeições. Revela-nos que foi nessa altura que se apaixonou pelo cheiro das panelas ao lume.
Apesar de ter começado a cozinhar com tenra idade foi aos 21 anos que surgiu a primeira grande oportunidade. “Quando casei com o meu marido, ele trabalhava numa grande empresa de automóveis. O chefe dele, Luís Vaz, decidiu abrir um restaurante o famoso “33” em Lisboa. Como sabia que eu cozinhava muito bem e que o meu marido gostava de hotelaria, convidou-nos para trabalhar lá e assim entrei neste mundo mais a sério”, refere a transmontana.
“Eu nunca me esqueço dos cheiros e dos aromas de Trás-os-Montes. Faço questão e tenho orgulho que a minha cozinha tenha um toque transmontano, sendo que alguns pratos são na totalidade pratos da região”
Hoje é considerada uma das mais prestigiadas cozinheiras de Portugal, tem percorrido o país a mostrar algumas das suas iguarias, foi júri num programa de cozinha na televisão e tem dois restaurantes em Lisboa, um no Campo Pequeno e outro no Casino Estoril. Recentemente também criou um novo conceito de restauração para centros comerciais: “Bitoque no Ponto”, sendo um deles no Porto, no Mar Shopping.
Sabores transmontanos sempre presentes
“Eu nunca me esqueço dos cheiros e dos aromas de Trás-os-Montes. Faço questão e tenho orgulho que a minha cozinha tenha um toque transmontano, sendo que alguns pratos são na totalidade pratos da região”, explica a chef Justa. Na carta dos seus restaurantes nunca falta: perdiz à transmontana, posta mirandesa, perna de cabrito assada. No Inverno gosta de incluir nas ementas milhos, cuscus de Vinhais, butelo e casulas. É inclusive “Embaixadora do Butelo e da Casula”, prato cem por cento transmontano. Justa Nobre garante que as suas raízes transmontanas a influenciam muito na confecção e na criação dos seus pratos, principalmente nos pratos de carne e fumeiro.
Mulher com garra na cozinha e fora
Por Trás-os-Montes é muito acarinhada, chamam-lhe “filha da terra”. Justa Nobre assume-se como uma “orgulhosa transmontana, nota-se na minha maneira de estar e ser”. Na sua vida pessoal e profissional usa a mesma filosofia de vida: “ Dos fracos não reza a história!”. Uma mulher determinada que é sem sombra de dúvidas um dos grandes nomes na cozinha nacional que não se imagina a fazer outra coisa.
Justa Nobre já se sente um pouco lisboeta
Foi na capital que a transmontana construiu a sua vida e de lá, para já, não pretende sair. “Não está nos meus planos sair de cá, a minha vida está toda estruturada em Lisboa. Tenho cá o meu filho e os meus netos, são os meus bens mais preciosos”, diz a chef Justa. Confessa que é uma apaixonada pela cidade das sete colinas e que já se sente um pouco lisboeta. “Lisboa sempre me acolheu bem, foi cá que formei família e é cá que tenho os meus clientes, os meus amigos, a minha vida. Sinto-me também um pouco lisboeta”, disse.
Apesar de não contar regressar à sua terra natal para já, acredita que a região de Trás-os-Montes e Alto Douro está em franca expansão. “Neste momento as grandes cidades já estão mais perto, há mais acessibilidades, já não sinto a minha terra tão longe”.
Justa Nobre, um nome na cozinha nacional de origem transmontana que pretende cozinhar até ao fim dos seus dias. Planos para o futuro? A chefe Nobre responde: “O futuro a Deus pertence. Desejo muito continuar a ter saúde e a fazer o que gosto, a cozinhar e a fazer os outros felizes com os meus pratos”.
Revista Raízes
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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
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(Henrique Martins)
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