A Suíça é já há muitos anos um destino muito procurado pelos portugueses que decidem emigrar. Um país com uma cultura muito diferente, desde o estilo de vida, a legislação, o IVA, os ordenados … por exemplo uma empregada de supermercado pode ganhar seis vezes um ordenado mínimo português.
Apesar das paisagens verdejantes da cidade de Faulensee na Suíça, que até recordam a Nelson Lousada a sua aldeia transmontana, a diferença existente entre Portugal e Suíça é muito radical e este emigrante explica-nos detalhadamente onde sente mais essas diferenças.
Umas férias que lhe mudaram a vida
De Vila Verde para Faulensee na Suíça, pode parecer mais uma história típica de emigrante mas Nelson Lousada saiu do concelho de Vinhais para passar umas férias na Suíça e encantou-se pela beleza da cidade de Faulensee onde morava já na altura o seu irmão. A Raízes viajou até à Suíça para conhecer melhor esta história e as diferenças mais notórias entre estes dois países.
Nelson Lousada é natural de Vila Verde, uma aldeia do concelho de Vinhais onde passou toda a sua feliz infância. “Tenho as melhores recordações da minha infância em Vila Verde, na altura parecia o sítio perfeito para passar a vida toda. É ali que estão as minhas melhores memórias, grande parte da minha família no fundo as minhas raízes”, explica o transmontano.
Foi há cerca de quatro anos que decidiu passar umas férias na Suíça, antes disso esteve alguns anos na cidade de Coimbra a estudar Língua Portuguesa Gestual. Umas férias que mudaram a sua vida. “Quando vim a Faulensee de férias tive logo a sensação que ia ficar por aqui mais tempo do que o previsto”, diz Nelson Lousada que rapidamente se apaixonou pela beleza desta terra.
“Para terem uma ideia, na Suíça, uma empregada de supermercado ganha cerca de 3 mil euros, o IVA é de apenas 8% e um carro que sai de fábrica a 10 mil euros custa no mercado 10 mil e oitocentos, já em Portugal o mesmo carro pode custar quase 15 mil euros”
Uma terra tão diferente
Não só a beleza desta cidade Suíça, mas também quando viu as condições que o seu irmão mais novo já tinha conseguido por lá. “Aqui posso fazer o mesmo trabalho, mas sou remunerado de outra forma, cinco ou seis vezes mais, mesmo com o custo de vida elevado consigo ter outras condições. Para terem uma ideia, na Suíça, um empregado de supermercado ganha cerca de 3 mil euros, o IVA é de apenas 8% e um carro que sai de fábrica a 10 mil euros custa no mercado 10 mil e oitocentos, já em Portugal o mesmo carro pode custar quase 15 mil euros”. Mas não só a questão financeira, outra coisa que também influenciou muito esta decisão são as acessibilidades deste local. “Sempre sonhei poder viajar mais, de comboio por exemplo, mas o facto de viver no interior sempre me fez sentir muito longe de tudo. Ali estou no centro da Europa, por exemplo estou a seis horas de Paris de comboio, viagem linda que já fiz”, conta Nelson que já consegui visitar bastantes países desde que se mudou para a Suíça.
“A nível burocrático são rigorosos por exemplo aqui as auto-estradas têm uma taxa anual de cerca de trinta euros. Outro bom exemplo é que quem for apanhado a mais de 200km à hora fica logo sem carro que passa a ser propriedade do estado e o condutor fica impossibilitado de conduzir durante dez anos”
Estilos de vida
“Portugueses não se assemelham em quase nada com os suíços, são pragmáticos e bastante frios”, diz Nelson Lousada que admira a sua pontualidade e organização suíços. “Ali é tudo encadeado numa rotina muito rigorosa, levantam-se muito cedo, os miúdos estão na escola às oito da manhã, ou até antes (risos). A nível burocrático são rigorosos por exemplo aqui as auto-estradas têm uma taxa anual de cerca de trinta euros. Outro bom exemplo é que quem for apanhado a mais de 200km à hora fica logo sem carro que passa a ser propriedade do estado e o condutor fica impossibilitado de conduzir durante dez anos”, conta Nelson.
Suíça, uma terra de línguas difíceis
A questão das línguas é uma problemática cultural e de política central da Suíça. O alemão, o francês, o italiano e o romanche são as quatro línguas nacionais faladas, as três primeiras em uso oficial na Confederação Suíça, o romanche usado em dois cantões. Nelson trabalha num restaurante italiano o que facilitou no início a sua adaptação. “Em Faulensee fala-se alemão e não tem sido muito fácil conseguir acompanhar, mas já estou bastante melhor. Como trabalho com italianos falo mais italiano e inglês. Como é uma zona turística a língua que predomina é o inglês”.
Uma terra de oportunidades onde muitos portugueses vivem e que tal como Nelson Lousada só contam regressar a Portugal daqui a muitos e muitos anos.
Por Joana Martins Gonçalves
Revista Raízes
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