Foto: Artur Machado/Global Imagens |
Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança não poderia ser mais claro. "Deve ser imediatamente suspenso este processo de recondução e iniciar um outro de alteração do Plano de Ordenamento do Parque", defende.
O autarca brigantino diz que esta posição da Câmara já vem desde 2008, altura em que o Plano de Ordenamento entrou em vigor. O presidente queixa-se das inúmeras regras que são impostas às populações que ali vivem, como "cortar giesta para plantar castanheiros", uma produção que "alimenta" a economia transmontana, entre outras, e também de que os pareceres vinculativos que pertencem ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), "são obrigatórios em diversas situações e por isso restringem a atividade agrícola em vários casos".
O presidente da Câmara de Vinhais assina por baixo e acrescenta o fator tempo que muitas vezes leva à desistência de quem quer investir. "A construção de armazéns agrícolas, sendo o nosso concelho essencial agrícola, por exemplo, encontra sempre pareceres e dificuldades. Muitas vezes demoram muito tempo e os agricultores acabam por desistir".
Mesmo para o corte de árvores nos terrenos dos proprietários são necessárias autorizações que Luís Fernandes diz não fazerem qualquer sentido.
Enquanto o processo não anda, a autarquia de Bragança já enviou um documento, aprovado em reunião de Câmara em finais de fevereiro, com todas estas preocupações, para o ministério do Ambiente, o ICNF e a gestão do Parque.
Entretanto, nos finais de maio, vários deputados do grupo parlamentar de PSD, liderados por Adão Silva e José Silvano, eleitos pelo círculo de Bragança, levaram à Assembleia da República, um projeto de resolução para suspender o processo de condução do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho a programa especial.
"Receios são infundados"
Célia Ramos, a secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, garante que os receios dos autarcas não se justificam. À TSF, a responsável adianta que mais do que rever, o Governo está a fazer um programa completo de gestão de Montesinho, melhorando muito o plano que está em vigor.
"Estamos a elaborar um programa que, necessariamente, não vai ser igual ao que está atualmente em vigor. Até porque a Lei de Bases altera a figura do plano para programa, o que não é absolutamente inóquo. A preservação da Natureza também depende da presença de pessoas. Nós certamente vamos conseguir encontrar um consenso. E portanto, acho que há aqui fantasmas, que já tentei esclarecer".
Além de Montesinho, o Governo promete concluir até ao fim do ano mais de uma dezena de novos planos e programas de ordenamento do território em áreas protegidas.
Célia Ramos adianta que alguns já estão a ser preparados, como o de Alcobaça-Cabo Espichel e o do Litoral Norte. "Ainda durante este ano, passaremos certamente para a aprovação dos 14 planos das áreas dos parques. Dentro das áreas protegidas, demos prioridade ao Parque Nacional da Peneda-Gerês e aos outros 13 parques naturais porque são as amostras mais representativas do nosso património natural".
Afonso de Sousa
TSF
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