Noites frias de inverno eram o palco para o contrabando. Fomos ouvir testemunhos de quem tinha esta arte como profissão e como forma de vida. São vivências, memórias e experiências de contrabando.
Entre a Teixeira, aldeia espanhola e a aldeia de Vilarinho, concelho de Bragança teve lugar um encontro entre portugueses e espanhóis, no passado fim-de-semana, que juntou cerca de 70 pessoas. O encontro envolveu uma caminhada entre as duas aldeias e teve como mote recordar os tempos idos do contrabando. Um dos participantes foi Jaime Maçaira. É natural de Parâmio, mas vive em Vilarinho. Tem agora 70 anos, mas quando tinha 14 anos fazia contrabando de café, navalhas e beterrabas, como conta.
“O contrabando era um pouco de tudo, desde café, navalhas, beterraba e outras coisas até que fui para a tropa, aos 18 anos e depois acabei por desistir, porque a vida era outra”, contou Jaime Maçaira.
Outro dos contrabandistas é Emídio Almeida, com 78 anos, da mesma aldeia do concelho brigantino. Recorda-se que levavam gadanhas, pimento e café para a localidade espanhola.
“Trazíamos e levávamos aquilo que nos fazia falta, por exemplo, gadanhas que antigamente cegava-se o feno à mão e vínhamos aqui porque eram melhores. Nós trazíamos o café e levava-se o pimento”, descreveu Emídio Almeida.
Outro contrabandista do lado espanhol, é Martim Gordo que contou como um dia foi apanhado.
“Vi uma pessoa a cortar giestas. Quando me apercebi desmontei a espingarda e meti-a entre as calças com a culatra tapada com o casaco. Até que me disse para mostrar a espingarda porque era guarda”, disse Martim Gordo.
Estes são três testemunhos de para quem o contrabando um dia foi uma realidade e uma forma de sobrevivência.
Escrito por Brigantia
Maria João Canadas
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